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Receita de mãe para filha: conheça a história do 'Caldo de cana da tia Deia', em São Gonçalo

Consolidados no ramo alimentício com vinte anos de história, a família passou por uma perda que abalou as estruturas, mas a vontade de vencer e o amor pela culinária deram forças para continuar

relogio min de leitura | Escrito por Lívia Mendonça | 13 de maio de 2023 - 11:00
Bianca e Gabriel levam adiante a tradição familiar da barraca Rei da cana - caldo de cana da tia Deia
Bianca e Gabriel levam adiante a tradição familiar da barraca Rei da cana - caldo de cana da tia Deia -

Com vinte anos de estrada, a barraca 'Rei da Cana - caldo de cana da tia Deia' tem uma história digna dos filmes de Hollywood, com direito a comédia, romance, drama e ação. 

A barraca, que está presente nas feiras dos bairros Gradim e Rocha, na cidade de São Gonçalo, em todos os finais de semana, reúne a família para empreender e levar adiante o legado de Deia, uma das fundadoras do empreendimento e mãe de Bianca, que hoje, ao lado do pai, do marido e da irmã, leva adiante o sonho de alçar voos cada vez mais altos dentro do ramo que escolheram para viver. Esta a história que vamos contar nesta reportagem especial de Dia das Mães da série 'A História de Cada Lugar'.

Decisões e desafios 

Naturais de São Gonçalo, o casal Jorge, técnico de contabilidade e Andreia, dona de casa, que moraram a vida toda no bairro Rocha, passaram por grande dificuldade quando Jorge ficou desempregado, vinte anos atrás. Como solução, ele teve a ideia de vender caldo de cana, e para embarcar no sonho do marido, Deia resolveu aprender a fazer salgado. 

"Ela começou fazendo bolinho de aipim e depois uma amiga deu uma aula de como fazer salgados, onde ela passou o dia inteiro aprendendo. De receita em receita, de erro em erro, ela acertou e as vendas começaram", contou Bianca, filha mais velha do casal. 

Um longo processo até chegar à feira 

Na época, a filha mais velha do casal tinha 9 anos e a mais nova havia acabado de nascer. A vivência da família na gastronomia foi sentida desde sempre pelas meninas, que tiveram como exemplo a trajetória de luta e esforço dos pais. 

De início, o casal realizava as vendas na porta de casa e logo depois montaram uma barraca em frente ao hipermercado de Neves. Porém, com o fraco movimento, Jorge teve a ideia de migrar para as feiras da cidade, onde via, pessoalmente, que as vendas eram muito maiores. 

"Começamos a vender na feira com uma maca de hospital, que servia de balcão. Tudo era muito improvisado e conquistado com muita luta", disse Bianca. 

Família unida, trabalhando em uma das feiras do final de semana
Família unida, trabalhando em uma das feiras do final de semana |  Foto: Divulgação
 

Oportunidades 

Bianca teve a ideia de fazer vídeos da mãe, que ficou conhecida como 'tia Deia da feira' e publicar nas redes sociais, até o dia que "Cesinha do chiclete", ambulante de São Gonçalo que fazia sucesso na internet, chamou Deia para participar de seu clipe. 

Lá, a família conheceu "Os 22 do Passinho", grupo de São Gonçalo, formado na época pelos irmãos dançarinos Faiska, Fumassa e Gegê, e como a filha contou, "foi amor à primeira vista". 

Os dançarinos participaram do Programa da Eliana, no SBT e indicaram a história de Deia para ser a próxima escolhida para ir até o palco do entretenimento. 

Virada de chave

Em 2021, a família foi convidada para participar do programa e com a grande repercussão, viveram dias de colheita dos bons frutos que plantaram durante todos os anos de caminhada na culinária. 

"Conseguimos estruturar a barraca, comprar equipamentos novos, utensílios e o movimento triplicou", declarou Bianca. 

Porém, no momento de maior visibilidade do empreendimento, a família foi destroçada com a perda de Deia, duas semanas após o programa ter ido ao ar. Abalados de todas as formas possíveis por terem perdido não só a maior incentivadora do negócio, mas também o pilar da família, o 'Rei da cana' passou por uma fase de luto e precisou de forças para se reerguer. 

"Muito difícil no início, todo mundo perguntando por ela, muita gente que não sabia. Agora que estamos um pouco mais estabilizados e sabemos que onde quer que ela esteja, está vendo tudo isso, o nosso crescimento, nossa evolução", afirmou Bianca. 

De mãe para filha 

Bianca e sua mãe, conhecida como "tia Deia da feira"
Bianca e sua mãe, conhecida como "tia Deia da feira" |  Foto: Divulgação
 

A relação de mãe e filha sempre foi algo marcante na vida de Bianca, que teve, desde muito cedo, o exemplo de uma mãe batalhadora, que não media esforços para conquistar seus objetivos, ao mesmo tempo em que era grande amiga das filhas. 

Ao lado do marido Gabriel, seu parceiro na vida e no trabalho, ela tirou forças para levar o sonho da família adiante e lembra do momento doloroso que viveu, onde resolveu largar as redes sociais e precisou de um tempo para aceitar a nova realidade, agora sem a mãe. 

"Minha mãe era tudo na minha vida, não nos víamos uma sem a outra, quando ela se foi uma parte de mim se foi também", disse. 

Bianca, que hoje está a frente do Rei da cana e leva o legado da mãe e a herança de suas receitas, conta que "não é fácil seguir sem ela, a saudade machuca, mas é uma honra dar prosseguimento ao sonho dela, ver o sorriso e satisfação no rosto de cada cliente e principalmente da minha família que trabalha comigo". 

Cabeça erguida e orgulho da história 

Formada em engenharia de produção, Bianca já viveu momentos difíceis estando à frente da barraca, como quando, em certo dia, um pai passou com o filho, e apontando para ela, disse para a criança que se não estudasse, seria igual "aquela moça", se referindo a Bianca. 

Pega de surpresa pela fala pejorativa do homem, ela conta que respondeu afirmando que "não foi falta de estudo, me formei e mesmo assim escolhi largar a minha profissão para seguir esse ramo com a minha família, porque amo o que faço, foi uma escolha". 

O tempo de caminhada dentro do ramo alimentício fez com que a família criasse uma relação de proximidade com cada pessoa que chega até a barraca. Mais do que meros clientes, eles viraram amigos, confidentes e o vínculo tem se tornado cada vez mais forte. Muitos dos que passam pela barraca nos sábados e domingos, param só para conversar. 

O trabalho, que hoje é a única renda da família, se tornou um objetivo de vida que pretendem perpetuar por longos anos. 

"Agora estamos trabalhando para conseguir uma outra Kombi, assim conseguiremos ir a outras feiras no domingo. Uma equipe ficaria em uma feira, outra equipe em outra e assim aumentaríamos o nosso alcance", declarou Bianca. 

Resenha degustativa
 

Para começar essa resenha, acho importante ressaltar que o que traz o diferencial para uma boa comida é a forma como ela é feita, o preparo, o carinho, a dedicação e isso, a culinária familiar e afetiva do 'Rei da cana' sabe fazer como ninguém. Alimentos frescos, armazenados com capricho e limpeza dão credibilidade à longa trajetória que a família tem no ramo. 

Fui recebida com um caldo de cana gelado e doce na medida certa, que pôde abrir meu apetite e imaginação para o que viria pela frente, o acompanhamento perfeito: pastel. 

Com recheios variados que vão dos gostos tradicionais de queijo e carne aos mais refinados, como a costela e o camarão, os sabores atendem a todos os públicos.

Os sabores "queridinhos" do público: carne, costela e queijo
Os sabores "queridinhos" do público: carne, costela e queijo |  Foto: Layla Mussi
 

Comecei experimentando o "carro-chefe" da casa, o pastel de costela. E para início de conversa, o mais importante: não era só um "gostinho" de costela e não vinha com óleo pingando pelo guardanapo. Pelo contrário, pastel sequinho, crocante e com um recheio que condiz com o tamanho da fome daqueles que vão à feira bem cedinho no fim de semana, fazem as compras e ao final desfrutam de uma comida onde a expectativa faz jus à realidade. 

A costela desfiada e cozida ao molho barbecue me fez dizer aquele "hummmm" característico de uma comida que agrada. O tempero abraça e me fez sentir a mistura perfeita entre o coentro, o cheiro verde e a cebola, ao mesmo tempo em que a costela desmanchava na boca. 

Logo em seguida, foi a vez do pastel de carne, aquele que não pode faltar em uma barraca de feira raiz, mas que por ser comum, em alguns casos acaba passando despercebido no quesito "bom preparo". 

Com uma carne bem temperada e macia, na primeira mordida já percebo o diferencial da casa: família. O gostinho de almoço de domingo, mesa cheia e casa de vó é inevitável. Recheado do começo ao fim (e olha que o pastel é grande), não deixa a desejar a nenhum sabor mais renomado. 

A especialidade da casa: pastel + caldo de cana
A especialidade da casa: pastel + caldo de cana |  Foto: Layla Mussi
 

Fechando o trio que harmonizou belíssimamente bem com o caldo de cana, o pastel de queijo veio como o "grand finale" do menu. Com uma quantidade imensa de recheio, o pastel chega com o "peso" de ser o sabor mais conhecido do ramo e cumpre o que promete com louvor. Macio e extremamente saboroso sem ser enjoativo, ao mesmo tempo em que entrega delicadeza na montagem e na apresentação. 

O caldo de cana, refil, custa R$ 5 e os pastéis, nos sabores principais de costela, carne, queijo, camarão, pizza e carne seca com queijo, custam R$ 8, independente do sabor. 

Serviço: 

Rei da cana - caldo de cana da tia Deia 

- Sexta e sábado: entrega dentro condomínio Sol do Porto, no Vila Lage, em São Gonçalo, onde moram 

- Sábado - feira do Gradim, de 7h às 14h 

- Domingo - feira do Rocha, de 7 às 14h 

- Barraca verde, localizada no meio das feiras

Instagram: https://instagram.com/reidacanaa?igshid=MmJiY2I4NDBkZg==

➢ Este artigo não é um texto publicitário e reflete a opinião da repórter no momento da entrevista. Valores e condições de atendimento podem sofrer alterações algum tempo depois da publicação. 

 

Autor: Divulgação
 

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