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Cici Maldonado: autoridades comentam semelhança da morte com casos passados

Vereador foi o primeiro parlamentar da cidade morto desde 2003

relogio min de leitura | Escrito por Felipe Galeno | 08 de novembro de 2023 - 17:09
Cici Maldonado foi assassinado na porta de casa, no Porto da Madama
Cici Maldonado foi assassinado na porta de casa, no Porto da Madama -

A morte de Cici Maldonado (PL), vítima de disparos durante a noite da última terça (07), marcou a quarta vez em que um parlamentar da cidade foi assassinado a tiros. O caso, cuja motivação está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da região (DHNISG), traz à memória as mortes de José “Beija” Sobral, Luís do Posto e Carlinhos da Marmoraria; três crimes contra vereadores, ocorridos entre 1998 e 2003, que prescreveram sem chegar a uma solução.

Em agosto deste ano, as mortes foram tema da série de reportagens “Quem Matou? Quem Mandou?”, que ouviu figuras políticas da região a respeito da prescrição dos casos. À luz do assassinato de Cici, O SÃO GONÇALO escutou alguns dos entrevistados da série a respeito do caso.


Relembre a série:

➢ 'Quem matou? Quem mandou?' Após 20 anos, crimes por mortes de vereadores prescrevem em SG

➢ 'Quem matou? Quem mandou?' Matar político virou algo comum?

➢ 'Quem matou? Quem mandou?' Prescrição simbolizou um segundo ‘enterro’ 


Pericar: “Se não investigar, vai continuar acontecendo”

O ex-vereador Ricardo Pericar (PL), que já fazia parte da vida política da cidade na época dos crimes de 2003, lamentou a morte do colega Cici e comentou a semelhança do caso desta terça (07) com os passados. Para o político, o autor do crime pode ter levado em conta o histórico de violência contra vereadores na cidade, independentemente de sua motivação.

Como não houve nenhuma apuração nos casos do Carlinhos, nem do Luís do Posto, nem do Beija, a morte de uma autoridade, de um vereador, ficou parecendo menos importante Ricardo Pericar

“Como não houve nenhuma apuração nos casos do Carlinhos, nem do Luís do Posto, nem do Beija, a morte de uma autoridade, de um vereador, ficou parecendo menos importante. Isso aí pode constar na mente do criminoso; a facilidade de matar uma autoridade como um vereador e ficar impune. Então, merece uma investigação bem apurada a questão do Cici. Já não temos como ‘retornar’ ele, mas espero que sirva de exemplo para que não aconteça outro caso como esse”, afirmou Pericar.

"Já não temos como ‘retornar’ ele, mas espero que sirva de exemplo para que não aconteça outro caso", diz Pericar
"Já não temos como ‘retornar’ ele, mas espero que sirva de exemplo para que não aconteça outro caso", diz Pericar |  Foto: Arquivo OSG

Para ele, o caso de Cici reacende um clima de insegurança entre os políticos da cidade, o que afeta diretamente o trabalho feito por eles à cidade. “[A insegurança] é muito grande. Inibe uma ação, inibe uma atitude, inibe um bom serviço que você possa fazer, principalmente no combate à corrupção, à criminalidade. Isso inibe bastante, principalmente se ficar impune”, desabafou o ex-vereador.

Sua expectativa é que o desenrolar das investigações não seja parecido com os dos crimes anteriores. “No caso dos vereadores de São Gonçalo, tanto do Beija quanto do Carlinhos, são crimes fáceis de serem investigados e chegar ao autor, mas que não tiveram investigação. Se não investigar esse crime aí, vai continuar acontecendo. Agora, se o Poder Judiciário fizer uma investigação simples, vai chegar aos autores e vai inibir, daqui por diante, que outro venha a cometer um crime com autoridade”, afirmou.

Romário: “Morte de um vereador é um pouco a morte da democracia”

Em seu terceiro ano de mandato na Câmara dos Vereadores de São Gonçalo, Romário Régis (PCdoB) também lamentou a morte de Cici, evento que definiu como “uma das maiores tristezas que já experimentei”. Ao OSG, ele enfatizou que a morte representa um baque para o cenário político da cidade, seja qual tenha sido a motivação.

Romário classificou morte do amigo como "uma das maiores tristezas" que já experimentou
Romário classificou morte do amigo como "uma das maiores tristezas" que já experimentou |  Foto: Reprodução/Instagram

“Independente da raiz, da motivação e da forma, a morte de um vereador é um pouco da morte da política e um pouco da morte da democracia. É um pedaço que arrancam dessa instituição que a gente chama de democracia”, definiu o parlamentar. Apesar disso, ele ainda acredita ser muito cedo para fazer algum paralelo entre o crime e os casos do passado.

É um pedaço que arrancam dessa instituição que a gente chama de democracia Romário Régis

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“Eu não consigo fazer uma conexão imediata entre os casos do passado com o caso do Cici, porque eu acho que antes de qualquer coisa é importante que a investigação aconteça e a gente tenha um panorama mais transparente sobre o episódio. Mas, ainda assim, é um absurdo que a gente, em 2023, tenha que noticiar, passar a informação de que um vereador morreu por conta de ter sido baleado”, declarou Romário.

Na opinião dele, o caso traz um gosto amargo ao combate à violência no Rio. “Eu estou perdendo um amigo, mas, para além disso, estou perdendo uma parte de mim que conviveu durante esses três anos e estou perdendo um pouco, inclusive, dessa esperança da paz no nosso estado, que é tão problemático e tão complexo”, concluiu o vereador.

"É um absurdo que a gente em 2023 tenha que noticiar a morte de um vereador", afirma
"É um absurdo que a gente em 2023 tenha que noticiar a morte de um vereador", afirma |  Foto: Layla Mussi

DH investiga crime

Nesta quarta (08), a Delegacia de Homicídios deu início às diligências para apurar o caso. Os assessores do parlamentar foram ouvidos pela unidade, que afirmou estar trabalhando com outras possibilidades de motivação para além da suspeita inicial de tentativa de assalto.

Presidente da Câmara, Lecinho (MDB) preferiu não comentar as investigações e possíveis motivações para o crime. “É uma investigação que cabe à Polícia Civil e não à Câmara dos Vereadores e eles é quem vão tomar as medidas cabíveis”, disse. Apesar disso, ele se solidarizou com a família do colega da Câmara.

“A gente lamenta muito. A gente perdeu um grande amigo de trabalho, um grande vereador. A cidade perde muito. A gente fica com muita tristeza no coração. Peço a Deus que receba ele de braços abertos e que possa cuidar da família dele”, afirmou o presidente.

Delegacia de Homicídios está investigando o crime
Delegacia de Homicídios está investigando o crime |  Foto: Divulgação

O corpo de Cici Maldonado foi sepultado na tarde desta quarta (08), às 16h30, no Cemitério Parque da Paz, no Pacheco, em São Gonçalo.


Confira nossa cobertura do caso:

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