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Mulher é libertada após 38 anos em regime de escravidão

Três pessoas envolvidas no caso são investigadas

Escrito por Redação | 21 de dezembro de 2020 - 12:00
Madalena Gordiano não tinha remuneração nem direitos trabalhistas
Madalena Gordiano não tinha remuneração nem direitos trabalhistas -

Uma reportagem do 'Fantástico', da TV Globo, que foi transmitida neste domingo (20) escancarou uma situação inimaginável para muitos em pleno 2020. Madelana Gordiano, de 46 anos, foi libertada pelo Ministério Público do Trabalho e a Polícia Federal após 38 anos em situação de regime de escravidão. O caso aconteceu na cidade de Patos de Minas, em Minas Gerais.

Madalena foi resgatada no dia 28 de novembro, em um apartamento no centro do município. Ela estava em um quarto estreito sem janelas ou ventilação.

Segundo a reportagem, quando tinha oito anos de idade, Madalena pediu comida à professora Maria das Graças Milagres Rigueira, ao bater na porta da sua casa. De acordo com o relato de Madalena, a mulher falou o seguinte:

"Não vou te dar não. Você vai morar comigo".

Depois de um tempo trabalhando sem carteira assinada e direitos trabalhistas, Madalena seria adotada, sem oficialização, por Maria das Graças, depois da mãe ter concordado. Porém, ela acabaria sendo "doada" para outro professor, Dalton Cesar Milagres Rigueira, após decisão do marido da professora.

Em ambas as situações, Madalena trabalhava sem folga e mesmo em casas de professores, não tinha incentivo para continuar com os estudos. Além disso, ela sofria sem o direito ter uma infância digna.

"Não brincava, não tinha nem uma boneca", disse. 

De acordo com a reportagem, Madalena se casou em 2001 com um tio de Valdilene Rigueira, esposa de Dalton Rigueira, sem que eles chegassem a morar juntos. O homem era um ex-combatente e deixou pensões para Madalena que giravam em torno de 8 mil reais. No entanto, o "chefe" Dalton pegava quase todo o dinheiro quando iam sacar no banco.

"Ele me dava duzentos, trezentos reais", relatou Madalena.

As dificuldades que Madalena enfrentava só vieram a ser conhecidas após os vizinhos receberem bilhetes por meio de pedaços de guardanapo e folhas de caderno em que ela pedia dinheiro e outros produtos.

Nos últimos 14 anos em que esteve morando com Dalton Rigueira, Madalena não obteve contato com nenhum dos seus familiares. Somente após ser resgatada, ela conversou com as irmãs por videochamada, no início deste mês.

Maria das Graças Rigueira, Dalton Rigueira e Valdilene Rigueira são investigados pelo crime de redução à condição análoga à de escravo. Dalton e Valdilene podem, inclusive, responder por tráfico de pessoas e apropriação indébita.

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