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Artista gonçalense é citada pelo Museu de Arte Moderna de Nova York

Gabriela Marinho é moradora do Jardim Catarina

Escrito por Claudionei Abreu | 04 de dezembro de 2020 - 14:59

Dedicada à arte com cerâmica voltada para a cultura negra, a artista Gabriela Marinho, de 27 anos, moradora do Jardim Catarina, em São Gonçalo, está ganhando notoriedade no Brasil e no mundo pelo trabalho que desenvolve em seu ateliê. "A arte sempre esteve na minha vida", conta Gabriela, que aponta a mãe, professora da educação infantil, como principal incentivadora do trabalho. Recentemente, suas obras foram apresentadas em capitais do Brasil e ela também chegou a ser citada pelo Museu de Arte Moderna de Nova York (MOMA), um dos Museus mais importantes do Mundo. 

"Eu traduzo a minha vida, as coisas que eu levo, as situações que eu passo... Eu trabalho símbolos que são símbolos da minha vida, como cabelo, espadas de São Jorge, os afetos. E tudo isso tem ligação com minha ancestralidade africana e preta. Traduzo minhas vivências através da cerâmica", afirma a artista.

Neste ano, ela foi uma das oito artistas selecionadas para produzir uma capa para a plataforma Spotify para o primeiro DVD do DJ Renan da Penha. O projeto foi uma comemoração à soltura do DJ, que foi preso em março desse ano. Os artistas selecionados para produzir as capas do disco são moradores de favelas do Rio de Janeiro. 

 

Gabriela também teve trabalhos projetados em prédios e galerias de várias cidades do Brasil, um deles em Belém, no Pará. A artista afirma que, com a pandemia, ela passou a expor mais os seus trabalhos nas redes sociais e isso deu uma visibilidade maior às suas artes. E foi dessa forma que o Museu de Arte Moderna de Nova York, uma referência mundial, citou a brasileira como destaque em trabalhos de arte contemporânea pelo trabalho voltado para a cultura negra.

"Depois dessa exposição, eu fui chamada para representar uma plataforma de arte, e foi quando o MOMA fez uma pesquisa sobre grupos, galerias e plataformas brasileiras de pessoas pretas que trazem essa linguagem contemporânea da arte com referências e aprendizados antigos para o atual momento. E com isso eles citaram a galeria e escolheram um dos meus trabalhos para divulgar no MOMA", conta Gabriela.

A artista afirma que essa visibilidade é uma conquista muito grande e que fica feliz em poder representar pessoas que se identificam com ela, além de levar o nome do Jardim Catarina e de São Gonçalo para o mundo.

 

"Através da arte eu consigo colocar o meu ponto de vista da vida, da minha existência, a partir de uma linguagem que desperta vários sentimentos nas pessoas, e aí não sou somente eu, represento minha cidade, meu bairro, minha família e as mulheres pretas iguais a mim. Essa visibilidade não é só minha, é de todo mundo que vem de onde eu venho, que é como eu. A gente sabe que é difícil ocupar certos espaços e ter certos reconhecimentos, principalmente dentro da arte. Então, perceber que nós estamos nesses espaços é muito importante. A gente não faz arte, a gente existe arte!", afirma.

*Estagiário sob supervisão de Thiago Soares

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