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Amor, paixão e diversidade

Escrito por Redação | 11 de junho de 2017 - 07:30

Mário de Andrade costumava dizer que o verbo amar era intransitivo. Já a língua portuguesa diz que amar é verbo transitivo direto, já que quem ama, deve amar alguém ou alguma coisa. Sem querer contestar um ou outro, neste Dia dos Namorados, O SÃO GONÇALO apresenta casais que amam sem rótulos e celebram o sentimento em toda sua diversidade.

Já são dois anos e 7 meses juntos desde que a conversa num aplicativo de relacionamento e o gosto em comum por um jogo de videogame geraram o primeiro encontro e o casamento. O cabeleireiro Diogo Pinto Cruz, de 24 anos, e o recepcionista de hotel Eduardo Santana Calheiros, 23, moravam no mesmo bairro e tinham até amigos em comum, mas foi pela internet que se conheceram e se apaixonaram. “A gente gostava de um jogo meio desconhecido. O assunto começou e marcamos para jogar”, lembrou Eduardo. No dia do encontro, as horas parecem ter passado rápido demais, e a paixão começou. “Quando a gente se deu conta, já era tarde, o dia passou muito rápido. Aconteceu!”, disse Diogo. Um mês depois, o namoro foi oficializado, e o casal foi morar na mesma casa, “porque tava dando tudo super certo”, revelou Diogo.

No aniversário de um ano, sem condições financeiras para viajar, o casal comemorou de uma maneira um tanto especial.

“Eu sugeri que a gente oficializasse, e Eduardo topou”, contou o cabeleireiro.

Apresentando-se como a metade um do outro, o casal, que assinou a união estável em outubro de 2015, não para de planejar o futuro. “A gente sempre trabalhou e batalhou para conquistar as nossas coisas, e, devargazinho, a gente conseguiu. Compramos o nosso carro, e agora só falta a casa”, planeja Eduardo. Diogo acrescenta ainda o desejo de aumentar a família. “A gente pensa em adotar, mas precisamos ter uma estabilidade boa, para ter conforto e condições de uma boa vida aos nossos filhos, sabe? Não adianta ter filho e deixar por aí”, disse. Com uma boa relação com as famílias, o casal lembra a importância de oficializarem o relacionamento. “Significa muito! Eu acho que as pessoas estão evoluindo, é uma forma de amor, e é algo que precisa ser aceitado”, opinou Eduardo.

Namorados e sócios

E foi também em um aplicativo de relacionamento que Lisia laranjeira, 29, e Zeca Dib, 31, se conheceram e se apaixonaram. Tudo bem, é claro que nada acontece de forma tão simples assim. Mas fato é que o que deveria ser um canal para conhecer gente nova ou mesmo conseguir um relacionamento casual, acabou sendo o “amigo em comum” que aproximou o casal e o fez enxergar dezenas de coisas em comum.

“Eu morava no Méier, ele em Niterói, e depois de algumas semanas conversando quase todo dia pelo Facebook, marcamos de nos conhecer em um barzinho no Shopping Nova América. A gente foi descobrindo que curtia muita coisa igual, como jogos, seriados, filmes, e o mais importante, a visão de mundo. Hoje ele é a pessoa em quem eu mais confio”, conta Lisia, que mudou-se para Icaraí.

De um "match" (quando os dois têm interesses em comum no aplicativo" para três anos e cinco meses como namorados, dois como sócios. A cumplicidade e o prazer em estar na companhia do outro levou o relacionamento também para o lado dos negócios, resultando na sociedade, com um amigo em comum, da cafeteria “Dice n’Rolls - Coffee Tales”, em Icaraí, Niterói.

“Eu sou publicitário, na época ela fazia faculdade de Restauração, e junto com amigos, estávamos com a ideia de ter o próprio negócio, algo direcionado para a galera geek. Então, inauguramos a Dice em fevereiro de 2016. Hoje, além de cafeteria, o espaço também oferece aluguel de jogos - a Ludoteca -, venda de camisetas, temos um ambiente para quem gosta de ler HQ, mangás; é uma referência da cultura nerd em Icaraí”, resume Zeca.

A sociedade também conta com Gabriel Cardoso, 31, que curiosamente também conheceu a namorada em um aplicativo para relacionamentos. “A gente costuma dizer que o destino tem um bom senso de humor”, acrescenta o publicitário.

Amor, paixão e diversidade

Celebrando a diversidade, o casal Phillipy Santos e Thainara Dutra, ambos com Síndrome de Down, prova que não existe limitação para o amor. Amigos desde que eram bebês, bastou um reencontro, agora com 21 anos, para que a amizade se transformasse em paixão.

Ele, de São Gonçalo, ela, de Cabo Frio, na Região dos Lagos. Nem mesmo com o fato de poderem se encontrar apenas a cada 10 ou 15 dias, eles se desgrudam. “Sinto muita saudade dela. Mas quando não estamos juntos, nos falamos o tempo todo pelo ‘zap’ ou por telefone”, conta Phillipy.

Mesmo tímidos, o casal não economiza palavras quando o assunto é a companhia um do outro. “O mais importante é ficar sempre juntos. Nós passeamos, vemos filmes, saímos, nos beijamos”, revela, apaixonado, o estudante, que tem planos de se casar aos 30 anos.

Já Thainara conta que seu passeio mais marcante foi à praia. Aliás, qualquer lugar fica mais especial, desde que Phillipy esteja presente. E por falar em presente, Phillipy, um romântico inegável, já planeja dar à Thainara o que ela mais gosta no Dia dos Namorados: “Caixa de bombom e homenagens. Gosto de fazer vídeos, colocar fotos da gente”, resumiu.

Pedido de namoro - Há sete meses, Phillipy resolveu que não poderia mais esperar para assumir um compromisso com Thainara. Juntos na infância, separados na adolescência, quando ela se mudou com os pais para Cabo Frio, foi agora na fase adulta que o reencontro acabou deixando os pombinhos “apaixonados” - para a alegria das famílias, que sempre foram muito amigas.

“Eles sempre tiveram muita afinidade, porque nossas famílias sempre foram muito próximas. Então, conforme eles iam crescendo, a gente torcia para que, quando adultos, eles se apaixonassem. E estamos muito felizes que aconteceu. Por que de nada adiantaria se ficássemos na torcida, mas eles não se gostassem, né”, brincou a bióloga Patrícia Dutra da Silva, 45, mãe de Thainara.

A ocasião do pedido de namoro foi um marco para as famílias. “Foi muito emocionante. Ele reuniu todo mundo, quando estávamos lanchando, se levantou e falou com convicção: ‘Robson, você deixa eu namorar a Thainara?’ A gente ficou e fica muito feliz de vê-los juntos”, completou a professora Fabiana Aparecida dos Santos, 41, mãe do Phillipy.

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