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Comércio fechado no Mutuá: Luto forçado imposto pelo tráfico após morte de "G da Força"

A ordem foi clara: não abrir, nem com meia porta. E por tempo indeterminado

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 02 de agosto de 2025 - 10:32
Mesmo com viaturas da Polícia Militar circulando pelas ruas durante toda a manhã, nenhum comerciante se arriscou a abrir as portas
Mesmo com viaturas da Polícia Militar circulando pelas ruas durante toda a manhã, nenhum comerciante se arriscou a abrir as portas -

O sábado começou diferente no bairro do Mutuá, em São Gonçalo. Portas de comércios fechadas, ruas mais vazias e um clima de tensão tomaram conta da região após traficantes ordenarem o fechamento total do comércio local, em represália à morte de George Vieira Sotelo, o "G da Força", chefe do tráfico na Comunidade da Força, no Boaçu. A ordem foi clara: não abrir, nem com meia porta. E por tempo indeterminado.

"G da Força"
"G da Força" |  Foto: Divulgação

Segundo relatos de moradores e comerciantes, dois homens armados passaram de moto pelas principais vias do bairro na manhã deste sábado (2) e anunciaram o luto forçado. “Passaram dois motoqueiros e mandaram fechar. Falaram: ‘não tem meia porta, não tem nada. Respeita o papo. Até segunda ordem. A princípio, é uma semana’", contou um comerciante, ainda assustado.


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Circulam nas redes sociais da região supostos “comunicados” assinados por traficantes, informando moradores e comerciantes sobre um luto de sete dias
Circulam nas redes sociais da região supostos “comunicados” assinados por traficantes, informando moradores e comerciantes sobre um luto de sete dias |  Foto: Redação/OSG

Comunicado nas redes sociais

Circulam nas redes sociais da região supostos “comunicados” assinados por traficantes, informando moradores e comerciantes sobre um luto de sete dias em memória de G da Força. O texto alerta que nenhum estabelecimento poderá abrir durante esse período, sob risco de represálias.

A operação da Polícia Civil

A morte de "G da Força" ocorreu na tarde de sexta-feira (1º), durante uma operação da 72ª Delegacia Policial (Mutuá). De acordo com informações da Polícia Civil, o criminoso foi localizado em um comboio de motos, acompanhado de cinco homens fortemente armados que atuavam como sua escolta pessoal.

No confronto, além de George, dois de seus seguranças foram mortos e outros três homens acabaram presos, dois deles feridos. A ação foi resultado de um trabalho de inteligência, investigação e monitoramento conduzido pelos agentes da delegacia local.

Durante a operação, foram apreendidos dois fuzis, uma pistola, drogas e duas motocicletas. Um dos fuzis carregava a letra “G”, uma referência direta ao traficante. Segundo a polícia, o grupo fazia parte da facção Comando Vermelho (CV) e agia de forma violenta para manter o domínio do tráfico na região.

Atentado

George Vieira Sotelo, de 40 anos, era apontado como líder do tráfico no Mutuá e Boaçu desde 2013, quando assumiu o comando após a morte de Anderson Alves Ramalho, o “Finho”. Apesar de estar em prisão domiciliar, continuava operando a rede criminosa.

Em outubro de 2024, ele foi acusado de ordenar o ataque a uma viatura da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), que divide prédio com a 72ª DP (Mutuá). O carro foi incendiado durante a madrugada, em retaliação à prisão de 10 traficantes ligados à sua quadrilha. Desde então, G era monitorado pelo setor de inteligência da polícia.

Na semana anterior à operação, outro aliado de G, o chefe do tráfico no Morro do Querosene e seu braço direito, também havia sido morto em confronto com agentes da 72ª DP.

Reforço no patrulhamento

A Polícia Militar intensificou o patrulhamento na área, mas até o momento, o comércio seguia fechado. Mesmo com a presença ostensiva da polícia nas ruas, o temor foi mais forte. Nenhum comerciante se arriscou a desobedecer a ordem criminosa.

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