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Estudante de Direito vende doces em coletivos para pagar a faculdade

O financiamento da casa também é custeado com as vendas

Escrito por Redação | 09 de novembro de 2018 - 09:48

Por: Marcela Freitas

Doce sonho. Quantas vezes você parou para imaginar que aquele saquinho de balas comprado com aquela moedinha que você traz no fundo da bolsa, é capaz de realizar sonhos? Se o desejo tem valor, para a estudante de Direito Aline Santiago Cruz, de 22 anos, ele custa apenas um real. É com cada moedinha adquirida de coletivo em coletivo que ela, e seu marido Cassiano Nunes Rosa, de 29 anos, conseguem juntos, custear a graduação dela em Direito, numa universidade particular da cidade, que com 40% de desconto custa mais de R$ 700.

Amazonense, Aline chegou em São Gonçalo há um ano. Há dois meses, ela viu a situação financeira se agravar após o marido eletrotécnico perder o emprego e ela também. Matriculada em uma universidade particular e com muitos projetos pela frente, ela não cruzou os braços e resolveu seguir em frente.

O marido Cassiano foi quem deu a ideia de que eles vendessem trufas que ela aprendeu a fazer com a mãe. Como o lucro estava baixo, ele então passou a vender amendoim e balas para pagar a faculdade da esposa e a casa financiada no Jardim Catarina. Logo depois, Aline resolveu aproveitar as tardes livres e seguir com o marido para as vendas.

“O Cassiano é de Itaboraí, mas nos conhecemos em Manaus quando ele estava em missão por sua igreja. Depois de casados, na época com 18 anos, fomos morar em São Paulo, mas lá, o custo de vida era alto. Eu fazia faculdade de Psicologia e não tivemos como custear juntamente com aluguel. Viemos para o Rio e ele me aconselhou a fazer Direito que eu também gostava muito e acabei me encontrando. Mas, infelizmente, a empresa que ele trabalhava fechou de maneira inesperada e ele saiu sem receber nada. Eu também perdi meu emprego no telemarketing, que não era de carteira assinada e nos vimos perdidos. Foi então que ele teve essa ideia”, disse.

Aline conta que no começo não foi fácil, mas ela teve que perder a vergonha.

“Tentei por quatro dias entrar no coletivo, mas a voz embargava e não vendia nada. No quinto dia, eu consegui falar e contar a minha história. Meu marido já vendia e me apoiou. Hoje saio da faculdade e pego meu baleiro e vendo até 19h, quando tenho que buscar a filha de um ano e 11 meses na creche. Quando posso, encontro com Cassiano e compramos uma quentinha e comemos juntos na rua mesmo. Posso garantir que não é fácil, mas é um emprego digno como qualquer outro e sei que todo esforço vai valer a pena”, contou Aline, que sonha com a possibilidade de estagiar em um escritório de advocacia.

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