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Instituição no Colubandê “ressuscita” mata atlântica em São Gonçalo e promove educação ambiental

Com projetos reconhecidos internacionalmente pela ONU, Centro de Educação Ambiental Gênesis tem mais de 40 mil m² e oferece “ilha de frescor” em ambiente urbano afetado por mudanças climáticas

relogio min de leitura | Escrito por Felipe Galeno | 28 de maio de 2025 - 16:10
Educadora ambiental foi convidada por ministra Marina Silva para  5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente
Educadora ambiental foi convidada por ministra Marina Silva para 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente -

No meio do calor do ambiente urbano de São Gonçalo, intensificado pelas mudanças climáticas em todo o mundo, uma iniciativa sustentável no bairro Colubandê tem impactado o clima na região e promovido ações pioneiras de educação para a sustentabilidade. O Centro de Educação Ambiental Gênesis, localizado próximo à comunidade da Água Mineral, é um laboratório “vivo” na cidade com reconhecimento internacional da ONU e que abriga, em seus mais de 40 mil m², um remanescente de mata atlântica importante para a preservação da biodiversidade local.

O projeto nasceu do coração de Lourdes Brazil, economista especializada em Ecologia Social que se mudou para São Gonçalo nos anos 80 e, desde então, tem se dedicado a promover ações de preservação ambiental e educação para a sustentabilidade na região. Aos 69 anos, ela segue gerindo a iniciativa de forma independente e, atualmente, tem se concentrado nos preparativos para o mais novo projeto do Gênesis: o “Mata Atlântica Viva na Água Mineral”, que pretende estender para a comunidade local a missão de combate às mudanças climáticas através da preservação ambiental.


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“Nesse projeto, a gente vai fazer a formação de mulheres e meninas para que elas cuidem dos fragmentos florestais. A gente vai dar oficinas de como produzir mudas e de como plantar. Elas vão vir plantar aqui [no Gênesis] e vão plantar nos quintais delas, porque a ideia é ampliar essa “ilha de frescor” para lá. Se cada uma botar uma ou duas árvores no seu quintal - e não precisa ser [árvores] tão frondosas - o bairro todo vai ficar mais fresquinho”, destaca Lourdes. Prevista para começar no dia 14 de junho, a iniciativa chamou a atenção do Fundo Socioambiental Casa, que vai ajudar a financiar o projeto.

Centro inicia projeto “Mata Atlântica Viva na Água Mineral” no próximo dia 14 de junho
Centro inicia projeto “Mata Atlântica Viva na Água Mineral” no próximo dia 14 de junho |  Foto: Enzo Britto

Nos últimos 25 anos, esse tipo de iniciativa têm sido a atividade principal do espaço. Para além disso, porém, o Gênesis também é conhecido como pelo apoio a pesquisa e usado por estudantes de diferentes áreas como uma espécie de laboratório “vivo”, com mais de 300 exemplares de diferentes espécies de árvores - de pau-brasil a jacarandá, passando pelos jatobás, ipês, e muitas outras.

“Nossa atividade aqui envolve o apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão. Temos TCCs e teses que foram feitos aqui. Vem gente da biologia, da geografia, de veterinária, de pedagogia… Agora em abril, por exemplo, a gente teve aqui durante 15 dias uma doutoranda da Colômbia, que queria estudar como era possível recuperar uma área e fazer educação ambiental para a educação infantil trabalhando através dos sentidos”, explica Lourdes.

O alcance dessas ações de apoio à pesquisa ajudaram a tornar Lourdes uma referência local em cuidado com o meio ambiente. No início de maio, a moradora de São Gonçalo foi à Brasília para participar da 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, após receber um convite da própria ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede).

Eco-92 no Rio de Janeiro inspirou Lourdes a desenvolver projeto
Eco-92 no Rio de Janeiro inspirou Lourdes a desenvolver projeto |  Foto: Enzo Britto

Doutora em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Lourdes conta que não imaginava exatamente que sua trajetória fosse por esse caminho. Foi quando se mudou para o arborizado terreno no Colubandê, nos anos 80, que começou a esboçar o projeto. No início da década de 1990, a Eco-92 no Rio de Janeiro lhe deu uma motivação extra para o projeto.

“Eu gostei muito daquela movimentação lá no Aterro do Flamengo. Participei da elaboração dos tratados elaborados pela sociedade civil; me envolvi muito com a elaboração do tratado de educação ambiental. Eu decidi que esse seria o meu rumo profissional”, destaca Lourdes. Na época, o bairro vivia uma crise de segurança pública, que levou os preços de terrenos vizinhos a baixarem.

Lourdes aproveitou para ampliar o espaço do Centro e alinhou as ideias do projeto. “Vamos fazer isso aqui de acordo com orientações teóricas metodológicas. Um centro de educação ambiental tem que ter um espaço físico, tem que ter um projeto político pedagógico e tem que ter uma linha de educação para trabalhar. Seguimos esse caminho”, relembra a educadora ambiental.

"Nossa atividade aqui envolve o apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão. Temos TCCs e teses que foram feitos aqui", destaca Lourdes
"Nossa atividade aqui envolve o apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão. Temos TCCs e teses que foram feitos aqui", destaca Lourdes |  Foto: Enzo Britto

A partir disso, o projeto se expandiu. Lourdes passou a receber alunos e levar formação em educação socioambiental para escolas da rede pública em SG e em cidades vizinhas. Em 2010, um projeto do grupo esteve na lista de 90 melhores do ano em um concurso internacional da ONU-Habitat.

Em todo projeto, o foco é promover atenção e responsabilidade socioambiental de uma forma que beneficie a comunidade local. O foco agora é em projetos que privilegiem o combate à emergência climática, explica Lourdes.

“A proposta que a gente levou lá para o evento nacional é pensar políticas públicas sobre isso, especificamente para as periferias urbanas - onde vive a população preta, que é a mais afetada pelos desastres silenciosos. A gente não vê caindo barreira aqui em São Gonçalo com frequência, por exemplo. Mas, se você for no posto de saúde e ver lá as fichas, o número de pessoas com pressão alta aumentou muito mais com as mudanças climáticas. Então, tem esses desastres silenciosos que precisamos combater”, completa a educadora.

O Gênesis fica na Rua Ten. Elías Magalhães, 140, no Colubandê, em São Gonçalo. Para conhecer mais sobre o projeto e entrar em contato, acesse o perfil do Centro (@genesis_centro_) ou o site da instituição: www.centrogenesis.com.br

Centro Gênesis fica na fica na Rua Ten. Elías Magalhães, 140, no Colubandê
Centro Gênesis fica na fica na Rua Ten. Elías Magalhães, 140, no Colubandê |  Foto: Enzo Britto

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