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Enterro de Vitórya Melissa é marcado por indignação e pedidos contra impunidade

Autor do crime foi transferido para o sistema prisional na manhã desta quinta-feira (3)

relogio min de leitura | Escrito por Daniel Magalhães | 03 de junho de 2021 - 17:38
Cerca de 90 pessoas se despediram da jovem Vitórya
Cerca de 90 pessoas se despediram da jovem Vitórya -

"Pagou R$ 19 por uma faca para tirar uma vida que não tem preço". A frase dita por Carlos Fonseca, tio da jovem Vitórya Melissa Mota, de 22 anos, esfaqueada na última tarde de quarta-feira (2) na praça de alimentação do Plaza Shopping Niterói, no Centro, resume a indignação de familiares e amigos que foram dar um último adeus a moça, descrita pelos próximos como uma menina estudiosa, focada, simpática e tranquila. 

A cerimônia no cemitério do Maruí, no Barreto, contou com a presença de cerca de 90 pessoas, distribuídas entre familiares, amigos e colegas de turma de Vitórya que foram prestar uma última homenagem a jovem. Comovidos e inconformados, muitos não quiseram falar ou ao menos se identificar. Pelo menos três parentes da jovem passaram mal no local e precisaram ser atendidos por médicos em uma ambulância que estava presente no local.

A cerimônia foi tomada pelo clima de indignação com muitos parentes e conhecidos temendo que este seja apenas mais um caso sem solução de feminicídio que acontece frequentemente no país. 

Vitórya Melissa, que completou 22 anos no último domingo (30) foi vítima de um crime bárbaro cometido por um colega de turma, que não aceitou um simples 'não' de uma jovem que não queria viver relacionamento algum por estar totalmente focada em suas carreiras profissional e acadêmica. A jovem foi esfaqueada em plena luz do dia, em horário de almoço, no maior shopping de Niterói, por Matheus dos Santos da Silva, de 21 anos, que comprou uma faca em loja do próprio estabelecimento e seguiu com seu plano para a praça de alimentação, onde a jovem estava por conta de seu trabalho em uma cafeteria.


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Durante o velório, uma inspetora do Colégio Estadual Macedo Soares, onde a jovem estudou, demonstrou indignação e pediu que as investigações sejam feitas e acompanhadas com rigor para que o crime não saia impune e que Matheus não seja julgado usando prerrogativa de doença mental.

Inspetora do colégio onde Victória terminou o ensino médio fez um desabafo durante enterro e pediu por justiça
Inspetora do colégio onde Victória terminou o ensino médio fez um desabafo durante enterro e pediu por justiça |  Foto: Filipe Aguiar
 
Então que se apure e que não seja mais um crime contra a mulher, porque mulher tem o direito de dizer "Não, eu não quero. Geórgia de Almeida

"Ela era uma menina estudiosa, tranquila e inteligente. Jamais, nunca ouvi falar que ela estivesse envolvida em qualquer coisa que pudesse desabonar a conduta dela. Por isso que eu venho cobrar das autoridades que tomem providências, que ele realmente vá à julgamento, seja julgado pelo crime de feminicídio, que ele não seja julgado como louco, que ele realmente pague pelo crime que cometeu. Isso não é doença mental, é maldade extrema.", disse Geórgia de Almeida, que completou com mais um apelo. "Então que se apure e que não seja mais um crime contra a mulher, porque mulher tem o direito de dizer "Não, eu não quero". E que fique registrado que ela teve direito de dizer não e esse direito foi suprimido com o assassinato dela.", declarou a inspetora Geórgia de Almeida.

Após o sepultamento, os parentes no local só conseguiam expressar a dor de ver uma vida ser interrompida tão precocemente e de maneira brutal. Vitórya teve seus sonhos de concluir os estudos no exterior interrompidos por um homem que dizia amá-la, mas a atacou com cinco golpes de faca em sua barriga e suas costas.

Tio da vítima estava ainda estado de choque no cemitério
Tio da vítima estava ainda estado de choque no cemitério |  Foto: Filipe Aguiar
 

"Ela era uma pessoa muito centrada. O projeto dela era concluir esse curso [de enfermagem] e já tinha um projeto de concluir outras graduações fora do país. Ela nunca comentou sobre ele e colegas comentando que ele investia nela e ela não correspondia, até porque se ela tivesse envolvimento com alguém, não só com ele, mas com outro, poderia atrapalhar a carreira dela", disse o tio Carlos Fonseca. "Mas ele não se conformou, quando foi ontem fatalmente ele fez o que aconteceu. Foi um ato muito covarde e ele já estava com a intenção de fazer isso porque ele comprou uma faca no próprio shopping. Pagou R$ 19 por uma para tirar uma vida que não tem preço, e destruiu várias famílias.", concluiu o tio.

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