Do tráfico aos palcos: Conheça a trajetória e relembre as polêmicas envolvendo MC Poze do Rodo
Marlon Brandon Coelho Couto Silva - o Poze do Rodo - ganhou notoriedade no cenário do funk carioca nos últimos anos, com hits como "Essência de Cria", "Vida Louca" e "A Cara do Crime"

Nascido no Rio de Janeiro, Marlon Brandon Coelho Couto Silva, 26 anos - conhecido como MC Poze do Rodo - ganhou notoriedade no cenário do funk carioca nos últimos anos, com hits como "Essência de Cria", "Vida Louca" e "A Cara do Crime". O artista chegou a se envolver com o tráfico na favela do Rodo, quando ainda era adolescente, e relatou detalhes de seu passado no crime durante uma entrevista concedida ao Profissão Repórter, em outubro do ano passado.
"Já troquei tiro, fui baleado e preso também. E eu pensei: vou querer ficar nessa vida aqui ou viver uma vida tranquila? Então, eu foquei em viver uma vida tranquila, batalhei e hoje em dia eu passo isso para a molecada: o crime não leva a lugar nenhum”, relatou o MC, na época.
Poze, que começou cantando funk, passou a misturar o estilo carioca com o trap, subgênero do rap dos EUA. Essa mistura, o chamado "trap de cria", com batidas graves e linguagem dos jovens cariocas, é muito popular hoje no Brasil, especialmente no Rio.
Conhecido por ostentar um estilo de vida exuberante, o artista e empresário de 26 anos tem mais de 15 milhões de seguidores nas redes sociais.
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Polêmicas
Em janeiro de 2023, Poze foi chamado para depor na Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) após o seu cachorro passar mal ao ingerir maconha dentro de casa. O artista compareceu à Cidade da Polícia levando o próprio animal e acompanhado da sua então advogada Silvia Olly, que faleceu em setembro daquele ano, devido a complicações de uma lipoaspiração.
Ainda em 2023, no mês de fevereiro, o cantor foi envolvido em uma polêmica com seu ex-empresário Renato Medeiros, que o acusou publicamente de agressão.
Poze negou as acusações e rebateu com novas denúncias, afirmando que Renato teria furtado uma joia sua e insinuou, que os ferimentos mostrados pelo ex-empresário seriam consequência de uma briga com terceiros.
"Esse cara roubou uma joia minha, e eu tenho provas. Tá querendo se fazer de vítima porque apanhou de outro, e quer jogar isso pra cima de mim", afirmou o cantor em vídeo.
Relação com a polícia
O MC chegou a ser preso em setembro de 2019, em um baile no Mato Grosso, acusado de tráfico de drogas, associação ao tráfico, incitação e apologia ao crime. Investigado pela polícia, chegou a ser considerado foragido em 2020.
Em 2024, o funkeiro teve bens apreendidos em uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro que investiga sorteios ilegais. A operação Rifa Limpa, que teve como alvo Viviane Noronha, mulher do cantor, apreendeu uma série de bens do artista, incluindo joias e veículos de luxo.
Segundo as investigações, o esquema reproduzia parâmetros da Loteria Federal para dar aparência de credibilidade e legalidade aos sorteios, mas utilizava um aplicativo customizado e não auditado — com fortes indícios de manipulação. Em suas redes sociais, na época, Poze afirmou que tudo seria resolvido rapidamente.
Nova prisão
Preso nesta quinta-feira (29), no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio, o MC é acusado de envolvimento com o Comando Vermelho (CV), a maior facção criminosa do Rio.
A prisão foi realizada por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), com base em um mandado temporário expedido pela Justiça.

Segundo a Polícia Civil, as investigações indicam que Poze não apenas realiza shows em comunidades dominadas pelo tráfico, mas que essas apresentações seriam financiadas pelo próprio Comando Vermelho — com objetivos claros: promover a facção, reforçar seu poder territorial e impulsionar a venda de entorpecentes.
Shows com fuzis e tráfico
Os investigadores afirmam que os eventos ocorrem com a presença ostensiva de traficantes fortemente armados, portando inclusive fuzis, que garantem a “segurança” do artista e do público.
Ainda de acordo com a polícia, esses eventos não são apenas apresentações musicais: funcionam como ferramentas da facção para movimentar a economia do tráfico. O consumo de drogas durante os bailes com Poze aumentaria os lucros do CV, que reinveste os valores na compra de mais entorpecentes, mais armas de fogo e mais equipamentos usados na prática de crimes.