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Caderno Educação - Pessoas são diferentes

Discussões sobre questões de gênero devem contribuir para uma sociedade mais justa

Escrito por Redação | 26 de novembro de 2017 - 17:52

“As discussões nas salas de aula realçam a compreensão sobre as diferenças entre as pessoas, em especial, daquelas que não se enquadram nas divisões tradicionais, considerando-se, especialmente, as diferenças de sexo, raça e gênero”. A afirmação é da professora de história cultural da Universidade Federal Fluminense (UFF), Rachel Soihet, que defende as discussões para a preparação de uma sociedade mais justa. “Com as discussões, preparamos as novas gerações para uma sociedade mais justa. Acredito que estes assuntos podem ser discutidos desde os primeiros anos, desde que sejam colocados de forma adequada”, informou Rachel.

O especialista em educação pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e professor do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet), Mario Manhães, acrescenta a abordagem do tema da cultura do estupro. Segundo o professor, o sistema brasileiro é de impunidade e machismo. “O homem é o homem em qualquer lugar: na Alemanha, no Japão e no Brasil. O que muda é o tipo de sistema que limita as ações ruins. Nosso problema é o sistema brasileiro, que é um sistema de impunidade e de machismo”, disse.

Mario ainda disse que deve haver debate dos temas, mas a técnica exige ‘expertise’. “O maior problema é que parece ser fácil, mas não é. O moderador do debate precisa ser treinado. Se o debate não for bem conduzido, pode gerar mais preconceito”, emendou.

Apesar dos temas serem importantes no ambiente escolar, segundo os especialistas, alguns pais ainda resistem que essas discussões devam ser abordadas. A questão ocorre por dois motivos, segundo Manhães. “Alguns pais ficam receosos com razão, porque, como disse, debate é para gente treinada. Os professores não recebem treinamento de debate, nem conhecem todas as informações de ordem psicológica nem fisiológica sobre o tema. Outros pais não gostam por preconceito mesmo. Seria importante dar palestras também aos pais, pois a conversa é sempre a melhor forma de conhecermos e quando conhecemos, entendemos, respeitamos e somos, no mínimo, mais tolerantes”, finalizou.

Para o jornalista Well Castilhos, fundador do Grupo Liberdade/Santa Diversidade, abordar as diferenças de gêneros nas escolas ajuda na desconstrução de desigualdades. O comunicador dá palestras em ambientes escolares, que é dividida em duas partes: a primeira é a exposição de conceitos como etnocentrismo, diferença e desigualdade, bullying, preconceito, respeito e gênero. A segunda, através de uma dinâmica com as turmas, é feita a discussão coletiva para ver a relação desses conceitos na ideia do respeito ao próximo.

“Todos somos diferentes. O problema é quando se cria desigualdades a partir dessas diferenças. Na escola, por serem diferentes, meninos e meninas são educados e socializados de formas desiguais para terem posturas desiguais e isso é um erro. As diferenças têm que ser reconhecidas e reverenciadas. Isso é falar de gênero na escola”, explicou Well.

Ele ainda acrescentou que abordar o tema ajuda na desconstrução do machismo e do sexismo e também ajuda na diminuição de evasões escolares. Well declarou que a escola tem que ser um lugar acolhedor para todo mundo, independente do gênero, da identidade de gênero, da orientação sexual, cor ou etnia.

“Alunos e alunas que não se reconhecem ou se encaixam na norma heterossexual estabelecida, geralmente abandonam os estudos devido as dificuldades que todos conhecemos. As pessoas trans, por exemplo, não têm suas identidades ou seus nomes sociais reconhecidos. Não se sentem confortáveis e acabam abandonando os estudos. Se tivéssemos uma educação que discutisse o tema do gênero, a violência contra mulheres e LGBTs diminuiria certamente”, finalizou.

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