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Operação nacional prende 18 pessoas pelo tráfico de fauna silvestre em 11 estados

A Operação Libertas deflagrou 84 alvos de tráfico de fauna silvestre e resultou no resgate de mais de 750 animais nesta quarta-feira (20/10)

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 30 de outubro de 2025 - 08:29
Além do tráfico de animais silvestres, a operação também revelou a prática de outros crimes associados
Além do tráfico de animais silvestres, a operação também revelou a prática de outros crimes associados -

Na manhã desta quarta-feira (29/10), Ministérios Públicos, Polícias Ambientais e órgãos de fiscalização de onze estados brasileiros deflagraram a Operação Libertas, que mirou 84 alvos do tráfico de animais silvestres e 116 mandados de busca e apreensão. A ação resultou na prisão de 18 pessoas – sendo 11 flagrantes – e na apreensão de 755 animais retirados ilegalmente da natureza em sua maioria aves dos biomas Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica – algumas ameaçadas de extinção – destinadas a venda em feiras clandestinas, pontos de comércio irregular e grupos em aplicativos de mensagem.

A operação é coordenada pela Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa), por meio do Projeto Libertas, e pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), com apoio da Freeland Brasil e financiamento do Escritório de Assuntos Internacionais sobre Narcóticos e Aplicação de Lei dos Estados Unidos (INL). Participaram os Ministérios Públicos, Polícias Civil e Militar e órgãos de fiscalização dos estados de Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Alagoas, Ceará, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão e Bahia.


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Além do tráfico de animais silvestres, a operação também revelou a prática de outros crimes associados, como receptação, falsificação de documentos e sinais públicos, maus-tratos, organização criminosa, porte ilegal de arma de fogo, entre outros. Durante a ação, também foram apreendidos 37 aparelhos celulares, 4 armas de fogo, 1.230 munições, 1 veículo, além de 20 gaiolas, 7 armadilhas, 3 transportadores e documentos falsos.

Entre as espécies apreendidas, destacam-se trinca-ferros, papa-capins, azulões, canários-da-terra e curiós, além de exemplares de papagaios e araras, espécies ameaçadas de extinção segundo a lista nacional de fauna brasileira. Os animais resgatados foram encaminhados a centros de reabilitação do Ibama e de órgãos estaduais, onde receberão cuidados veterinários. Sempre que possível, são devolvidos à natureza; os que não têm condições de sobrevivência permanecem em criadouros conservacionistas ou zoológicos autorizados.

“A operação deflagrada hoje é uma resposta contundente do Estado para proteger nossa fauna, essencial para o equilíbrio ambiental. As investigações seguem para consolidar provas e oferecer denúncia criminal pelos crimes de tráfico de fauna, maus-tratos, associação criminosa e lavagem de dinheiro”, destacou Luciana de Paula Imaculada, promotora de Justiça do MPMG e coordenadora da operação pelo Projeto Libertas.

“Essa ação integrada demonstra o compromisso sério do Ministério Público brasileiro com o enfrentamento ao tráfico de fauna silvestre, um crime que causa sofrimento a milhões de animais, ameaça espécies inteiras e compromete os serviços ecossistêmicos essenciais à vida. Combater essa prática é também proteger a saúde pública, a integridade ambiental e a própria governança do país, uma vez que essas redes criminosas frequentemente estão associadas a outras atividades ilícitas que afetam a segurança e a estabilidade ambiental”, destaca Juliana Ferreira, diretora-executiva da Freeland Brasil.

Rota interestadual do tráfico

Dezenove mandados (17 de busca e dois de prisão preventiva) foram cumpridos nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia, contra 13 pessoas que fazem parte de uma rede criminosa investigada pelo Ministério Público da Bahia (MPBA) no âmbito da segunda fase da Operação Fauna Protegida, integrada à Operação Libertas. Os investigados recebiam animais de Weber Sena de Oliveira, conhecido como “Paulista”, apontado como um dos maiores traficantes de animais silvestres do país, preso em setembro, na Bahia, durante ação conduzida pelo MPBA.

Com mais de 20 anos de atuação no tráfico de fauna, o “Paulista” já havia sido flagrado transportando mais 1.500 aves e centenas de jabutis. Pela primeira vez, porém, foi indiciado também por lavagem de dinheiro e associação criminosa, ampliando o escopo da responsabilização penal.

De acordo com as investigações, o núcleo que atuava entre Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro seria responsável pela comercialização ilegal de milhares de animais silvestres por ano. O grupo ainda utilizava métodos sofisticados de ocultação financeira, dificultando o rastreamento dos lucros ilícitos.

A investigação revelou ainda a estrutura da organização criminosa, dividida em quatro núcleos: captores, que retiravam os animais da natureza e os mantinham em condições precárias; transportadores, que os conduziam em situação de maus-tratos até os pontos de venda; operadores financeiros, responsáveis pela lavagem de dinheiro e sustentação do esquema; e receptadores, situados em capitais como Salvador, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, que revendiam os animais ou os adquiriam como símbolo de ostentação.

Para o promotor de Justiça da Bahia e coordenador do Centro de Apoio às Promotorias de Meio Ambiente e Urbanismo (Ceama), Augusto César Carvalho de Matos, o sucesso da articulação reflete a importância da cooperação entre instituições públicas: "os resultados das operações ‘Fauna Protegida’ e ‘Libertas’ são um reflexo significativo de um trabalho cuja efetividade resulta da articulação interinstitucional, com compartilhamento de recursos técnicos, de inteligência e de pessoal de uma rede de instituições".

O projeto Libertas, coordenado pela ABRAMPA com o apoio da Freeland, atua nacionalmente no fortalecimento da atuação ministerial contra crimes ambientais. A iniciativa promove capacitação de agentes públicos, elaboração de manuais de enfrentamento ao tráfico de fauna, análise de rotas e estatísticas do tráfico e articulação entre Ministérios Públicos para investigações com alcance interestadual e internacional.

Balanço geral - Operação Libertas 2025:

11 estados: Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Alagoas, Ceará, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão e Bahia.

84 alvos deflagrados

116 mandados de busca e apreensão

18 pessoas presas, sendo 11 em flagrante - entre traficantes, receptadores e transportadores;

755 animais silvestres resgatados, a maior parte aves, além de répteis.

Bens apreendidos: 37 aparelhos celulares, 4 armas de fogo, 1.230 munições, 1 veículo, 20 gaiolas, 7 armadilhas, 3 transportadores e documentos falsos.

Outros crimes associados: receptação, falsificação de sinal ou documento público, organização criminosa, maus tratos, porte ilegal de armas, dentre outros.

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