Comércio permanece fechado no Mutuá pelo segundo dia após morte de traficante
Silêncio ecoa nas ruas do Mutuá

O domingo começou com o mesmo cenário de sábado no bairro do Mutuá, em São Gonçalo: lojas com portas abaixadas, ruas praticamente desertas e clima de medo entre moradores e comerciantes. Pelo segundo dia consecutivo, o comércio permaneceu fechado após a ordem de traficantes que impuseram um 'luto forçado' em memória de George Vieira Sotelo, conhecido como G da Força, morto durante operação da Polícia Civil na última sexta-feira.
A orientação dada por criminosos armados que circularam pelas principais vias do bairro no sábado segue sendo cumprida à risca: nenhum comércio pode abrir, nem mesmo parcialmente.

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Circulam nas redes sociais supostos comunicados atribuídos à facção Comando Vermelho, que determinam o fechamento total do comércio por sete dias. O texto, amplamente compartilhado, estabelece que nenhum estabelecimento pode funcionar durante o período de luto, imposto após a morte de George, apontado como líder do tráfico no Mutuá e Boaçu desde 2013.

Os prejuízos para os comerciantes são enormes, especialmente entre os pequenos negócios. Até o momento, nenhum comerciante se arriscou a desobedecer a ordem.
A operação da Polícia Civil
A morte de "G da Força" ocorreu na tarde de sexta-feira (1º), durante uma operação da 72ª Delegacia Policial (Mutuá). De acordo com informações da Polícia Civil, o criminoso foi localizado em um comboio de motos, acompanhado de cinco homens fortemente armados que atuavam como sua escolta pessoal.
No confronto, além de George, dois de seus seguranças foram mortos e outros três homens acabaram presos, dois deles feridos. A ação foi resultado de um trabalho de inteligência, investigação e monitoramento conduzido pelos agentes da delegacia local.
Durante a operação, foram apreendidos dois fuzis, uma pistola, drogas e duas motocicletas. Um dos fuzis carregava a letra “G”, uma referência direta ao traficante. Segundo a polícia, o grupo fazia parte da facção Comando Vermelho (CV) e agia de forma violenta para manter o domínio do tráfico na região.
Atentado
George Vieira Sotelo, de 40 anos, era apontado como líder do tráfico no Mutuá e Boaçu desde 2013, quando assumiu o comando após a morte de Anderson Alves Ramalho, o “Finho”. Apesar de estar em prisão domiciliar, continuava operando a rede criminosa.
Em outubro de 2024, ele foi acusado de ordenar o ataque a uma viatura da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), que divide prédio com a 72ª DP (Mutuá). O carro foi incendiado durante a madrugada, em retaliação à prisão de 10 traficantes ligados à sua quadrilha. Desde então, G era monitorado pelo setor de inteligência da polícia.
Na semana anterior à operação, outro aliado de G, o chefe do tráfico no Morro do Querosene e seu braço direito, também havia sido morto em confronto com agentes da 72ª DP.
Reforço no patrulhamento
A Polícia Militar intensificou o patrulhamento na área, mas até o momento, o comércio segue fechado. Mesmo com a presença ostensiva da polícia nas ruas, o temor foi mais forte.