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Isenção do imposto de renda: o que muda com projeto de lei aprovado? Especialista avalia medida

Projeto de lei amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para profissionais que recebem até R$ 5 mil por mês

relogio min de leitura | Escrito por Felipe Galeno | 03 de outubro de 2025 - 20:20
Além de isenção para até R$ 5 mil, medida também prevê redução para quem ganha até R$ 7.350
Além de isenção para até R$ 5 mil, medida também prevê redução para quem ganha até R$ 7.350 -

Na última semana, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para profissionais que recebem, mensalmente, até R$ 5 mil. O projeto 1.087/25 só entrará em vigor após passar por análise do Senado Federal e, em seguida, sanção ou veto do presidente Lula (PT).

Para entender um pouco melhor como a medida vai funcionar, O São Gonçalo conversou com um especialista em direito tributário. O advogado e professor Carlos Leal, que leciona na Universidade Salgado de Oliveira, em Niterói, destacou o que muda para quem paga imposto de renda e se enquadra na parcela da população destacada pelo projeto de lei. Estima-se que, entre os que deixarão de pagar e os que pagarão menos imposto, 15 milhões de contribuintes serão beneficiados pela nova medida.

Para Leal, o projeto atende a uma necessidade do país, levando em conta desigualdades na política tributária que não foram corrigidas nos últimos anos. “[O PL] busca corrigir distorções de uma década, já que, permanece congelada desde 2015, exceção feita a faixa de isenção, que teve uma correção nesses 10 anos de aproximadamente 39%. É justamente essa defasagem que o PL busca corrigir. Nas demais faixas, o valor está defasado em quase 80%, se comparado a inflação acumulada do período”, explica o professor.


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Além da isenção para quem recebe até R$ 5 mil por mês, o PL também prevê uma redução gradual de alíquota para quem ganha até R$ 7.350. Na prática, explica Leal, isso significa mais renda líquida e, portanto, mais poder de compra para o trabalhador. “Estimula o consumo e a formalização. Com mais dinheiro no bolso, trabalhadores tendem a consumir mais e permanecer na economia formal”, opina o especialista.

Outro ponto positivo na opinião do professor é a redução da desigualdade tributária entre classes média e alta. “[O projeto] tributa mais os ricos de forma mais justa, pois prevê alíquota mínima de 10% para quem ganha acima de R$ 600 mil por ano e tributação de dividendos acima de R$ 50 mil mensais, que hoje é isento”, destaca Leal.

Ao mesmo tempo, apesar do lado positivo da medida redistributiva, Leal destaca que a medida também pode ter efeitos adversos. Um deles é a complexidade na implementação. Prevista para ser posta em prática progressivamente, o PL 1.087/25 é dividido em etapas que podem exigir bastante esforço para serem executadas devidamente. “A transição para a nova tabela e o ajuste automático pela inflação, exigem sistemas eficientes e fiscalização rigorosa”, destacou Leal.

Um outro ponto que deve ser levado em conta é a diminuição na arrecadação. Leal explica que a arrecadação tributária deve diminuir cerca de R$ 25 bilhões com a lei - o que, mesmo com as compensações previstas no projeto, abre espaço para um “risco de desequilíbrio” caso a medida não seja eficaz como prevista.

Medidas podem afetar imposto de renda de 2026 caso aprovada por presidente ainda em 2025
Medidas podem afetar imposto de renda de 2026 caso aprovada por presidente ainda em 2025 |  Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Além disso, o professor também acredita que, com a aprovação da medida, existe o “risco de judicialização, pois a tributação de dividendos, como uma das formas de compensação, ao nosso ver deve enfrentar resistência jurídica, especialmente entre empresas e grandes investidores”. Mesmo assim, Carlos Leal acredita que o PL 1.087/25 tem potencial caso haja uma “boa execução, transparência e acompanhamento constante para evitar efeitos adversos”.

Ainda não se sabe a partir de quando os efeitos da medida serão sentidos no bolso do trabalhador. Caso a aprovação do Senado e a sanção de Lula aconteçam ainda em 2025, as mudanças devem começar a valer nos contracheques a partir de janeiro de 2026.

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