"Às escondidas o presidente recebe deputada nazista", critica senador na CPI da Covid

O presidente da CPI da Covid no Senado, Omar Aziz (PSD-AM), criticou, nesta terça-feira (3), o encontro do presidente Jair Bolsonaro com uma deputada alemã investigada por ligações neonazistas. Bolsonaro se reuniu no último dia 26 com a Beatrix von Storch, que também é neta do ministro das Finanças de Adolf Hitler, líder do nazismo.

“Agora, faz diferença sim a nossa atuação aqui para que mais de 555.000 vidas que já se perderam não fiquem impunes”, declarou Aziz. “Diferente, às escondidas o presidente recebe uma deputada nazista, afrontando a Constituição brasileira, afrontando a nossa democracia, afrontando o Holocausto, afrontando o Exército brasileiro, que lutou contra o nazismo", criticou Aziz. “E aí ninguém abre a boca aqui para falar. Nós temos que respeitar o povo judeu”, completou o senador.

O encontro entre Bolsonaro e a deputada, que não estava previsto na agenda oficial do presidente, só veio à tona quando ela compartilhou as fotos em uma rede social, no dia 26 de julho. Beatrix é vice-líder do partido Alternativa para a Alemanhã (AfD), investigado por propagar ideias neonazistas. Além disso, ela é neta de Lutz Graf Schwerin von Krosigk, ministro nazista das Finanças.

O senador lembrou também a aproximação do presidente com Israel. “Eu vejo várias bandeiras de Israel nas manifestações do presidente Bolsonaro. E ele às escondidas apunhala. Quando é pra pedir ajuda, liga para o primeiro ministro de Israel. Mas para quando é para reunir às escondidas, se reune com uma deputada nazista”, pontuou.

Antes de Bolsonaro se encontrar com a deputada, a Confederação Israelita do Brasil emitiu uma nota de repúdio à presença de Beatrix em Brasília. Ela também foi recebida alguns dias antes pela deputada bolsonarista Bia Kicis, presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados.

A Conib lamentou que uma política alemã, representante do partido Alternativa para a Alemanha, tenha sido recebida em Brasília. A instituição caracterizou o partido de Beatrix como “extremista, xenófobo, cujos líderes minimizam as atrocidades nazistas e o Holocausto”.

Aziz também afirmou que o Congresso deve coibir atitudes como “Isso aí, esse Congresso, o presidente do Congresso Nacional não pode se calar. O presidente da Câmara não pode se calar. Nós não podemos permitir isso. Nazismo não!”.

“Nós somos solidários ao povo judeu, que sofreu com o Holocausto. Solidários a todos aqueles que morreram na Segunda Guerra Mundial para salvar o mundo do nazifascismo. Fazemos isso falando, não às escondidas, tirando foto sorrindo com uma nazista. É isso que nós estamos vendo hoje no Brasil. É esse comportamento”, concluiu.