'Home office': uma boa opção para as mães de filhos pequenos
Ser demitida ou pedir demissão deixou de ser a realidade de muitas mães
Daniela Scaffo
Um dos maiores desafios das mulheres quando acabam de ter
filhos é o término da licença maternidade. Isso porque, muita das vezes, o bebê
precisa passar por muitos processos, como o desmame do peito, para que a mãe
possa voltar a trabalhar. Em outras, o mercado de trabalho acaba
discriminando as genitoras de recém nascidos.
Foi pensando nisso que o engenheiro e coordenador de gestão
e gente da WPensar, Leonardo Rodrigues, de 34 anos, decidiu reformular sua
empresa para beneficiar uma funcionária que havia acabado de virar mãe, ‘criando’
um home office para a analista de implantação, Anne Mariano, de 26 anos.
“Eu não concordo com a forma que o mercado de trabalho, de
forma geral, discrimina mulheres com filhos, principalmente mães de recém
nascidos. Me incomoda o fato de muitas mulheres serem demitidas ou pedirem
demissão pelo fato de serem mães. A própria Anne me chamou pra conversar
perguntando se não seria melhor pedir demissão quando acabasse a licença. A
maior motivação é acreditar que mulheres não devem abrir mão de suas carreiras
por terem filhos”, contou Leonardo.
A frente da empresa que conta com 44 funcionários e fica em
Icaraí, Zona Sul de Niterói, há oito anos, o coordenador de gestão e gente declarou
que não consegue nem expressar através de palavras a emoção que sentiu ao
perceber o quanto essa ação era importante para a Anne.
“Fiquei emocionado de verdade e foi difícil até para dormir
no dia. É inexplicável a sensação de saber que uma atitude de gestão de pessoas
pode resolver um problema social. Temos uma mãe com uma criança de quatro meses
que continua exercendo com excelência a sua profissão e, em paralelo, dando
atenção à sua filha. Esperamos repetir a ação com outras possíveis mamães no
futuro”, disse ele, que ainda não tem filhos.
Segundo Leonardo, a reação de Anne e de sua família foi de
gratidão. Ela chegou a compartilhar mensagens de agradecimento pelo WhatsApp para
os amigos do trabalho e demonstrar sua felicidade em publicações pelas redes
sociais.
“O gesto que mais me deixou feliz foi o envio de uma foto
dela com a pequena Liz. Eu estava almoçando quando recebi e foi muito emocionante.
O esposo dela, meu xará Leo, veio aqui na empresa com a Anne em um evento de
homenagem ao dia dos pais e me agradeceu pessoalmente”, declarou Leonardo.
Anne, que trabalha na WPensar – que fornece tecnologias pra
instituições de ensino – há mais de três anos, é responsável por implantar as
tecnologias nas escolas e engajar os clientes para usarem de forma eficiente as
nossas plataformas.
Ela contou que desde que entrou na empresa, descobriu uma
alergia respiratória logo no primeiro mês, foi parar no hospital e daquele
momento em diante o os colegas de trabalho passaram a ter o cuidado de comprar
os produtos atóxicos e sem cheiro para as reformas e manutenção, além de deixarem
com que ela trabalhasse de casa nesses períodos, para que sua saúde pudesse ser
preservada.
Quando descobriu a gravidez, Anne conta que não teve medo de
falar sobre isso no trabalho, pois sabia que de lá também viria apoio, tanto
dos colaboradores, como dos sócios.
“Saí de licença 20 dias antes da Liz nascer, o que me fez
perder quase um mês de licença maternidade com ela nos braços. Desde de que
olhei para ela, essa era a minha maior preocupação. Como vou fazer para criar e educar uma criança
ficando mais de 12h fora? Como tirar a única fonte de alimento dela, antes de
estar pronta? De imediato a minha gestora e o Léo reajustaram as minhas férias
para que o meu período se estendesse um pouco mais, mas ainda sim não seria o
suficiente. A introdução alimentar é aconselhável para criança a partir dos 6
meses, pois elas já sentam e sofrem menos riscos de se engasgar e ainda assim é
um processo demorado, que requer tempo, insistência e dedicação”, explicou
Anne.