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Obra de arte que critica Jair Bolsonaro é censurada em exposição no Rio

Receita de bolo substitui áudio do presidente eleito

Escrito por Redação | 10 de dezembro de 2018 - 10:26

Por Cynthia Fonseca

Disponível para visitação até 14 de janeiro, a mostra “Literatura Exposta”, na Casa França-Brasil, no centro do Rio, já deu o que falar na primeira semana de exposição. O projeto, com o objetivo de transformar contos e poemas de autores de periferia em artes visuais, conta com 10 nomes, entre eles o gonçalense Rodrigo Santos, que participou com o conto “Baratárias”.

E é justamente este o conto que vem gerando repercussão ao longo da semana, desde a inauguração que aconteceu no último dia 4. O coletivo artístico És uma maluca”, responsável pela “transformação” do conto de Rodrigo Santos em obra visual, criou uma espécie de bueiro, de onde saem 6 mil baratas de plástico. Dentro do bueiro, havia uma caixa de som que tocaria ininterruptamente discursos do presidente eleito. A parte do áudio, porém, foi vetada pelo diretor da Casa França-Brasil e do secretário estadual de Cultura.

“A arte deve ser libertária e transgressora, de modo a suscitar alguma reflexão. Censura é castração realizada por gente que não quer perceber que a pluralidade do mundo comporta sua mesquinhez, mas é muito maior que ela”, explica Rodrigo.

A atitude se tornou um ‘tiro no pé’

O autor acrescenta, ainda, que a atitude acabou sendo um “tiro no pé”.

“De qualquer forma, acabou dando mais visibilidade à obra e à exposição”, disse um dos idealizadores do projeto “Uma Noite na Taverna”, projeto de encontro mensal e gratuito de poesia que durou 13 anos em São Gonçalo.

“Baratária” tem como pano de fundo o desconforto, o medo e a opressão, tendo partes do conto passadas na época da ditadura e parte em tempos atuais.

Além de Rodrigo, participam do ‘Literatura Exposta’, Márcio Januário, Monique Nix, Ana Paula Lisboa, Evandro Conceição, Jessé Andarilho, José Luís Rocha, Viviane Salles, Raquel de Oliveira e a rapper Mc Martina. Todos autores foram selecionados pelo escritor e roteirista Julio Ludemir, criador da Batalha do Passinho e da Festa Literária das Periferias (Flup). A criação é da NBS SoMa, agência de social marketing que ficou conhecida por outras ações de visibilidade. Em um projeto anterior, com fotógrafos de periferia, a NBS expôs uma mostra com meninos na entrada da favela segurando instrumentos como se fossem armas. Uma das fotografias viralizou e segue comentada até hoje.

A Casa França-Brasil fica na Rua Visconde de Itaboraí, 78, Centro, Rio.

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