Instagram Facebook Twitter Whatsapp
Dólar R$ 5,5689 | Euro R$ 6,5529
Search

Heróis silenciosos: A história de quem trabalha enquanto o povo celebra o fim de ano

Motoristas, agentes militares e da saúde estão entre os profissionais essenciais que atuam "nos bastidores"

relogio min de leitura | Escrito por Enzo Britto com edição de Cyntia Fonseca | 29 de dezembro de 2025 - 14:40
Conheça a história de Alex, Meriele e Tânia, que trabalham durante as festas de final de ano
Conheça a história de Alex, Meriele e Tânia, que trabalham durante as festas de final de ano -

As festas de fim de ano são um momento de celebração, se reunir com familiares e amigos, relembrar o ano que passou e dar boas vindas ao futuro que chega. Mas, para que a maioria da população possa comemorar esses momentos, muitos profissionais "dos bastidores" seguem trabalhando longe dos entes queridos para manter o funcionamento da cidade. Alguns exemplos são agentes militares, do Corpo de Bombeiros, médicos e enfermeiros, cobradores e motoristas de ônibus e de aplicativo, garis entre outros.


Leia também:

Dezembro Laranja: 6 em cada 10 pessoas não se protegem contra os riscos do solFesta Literária Internacional de Paraty (Flip) já tem data para acontecer em 2026; saiba mais
Meriele Ferreira
Meriele Ferreira |  Foto: Arquivo Pessoal

As áreas de serviço essenciais englobam segurança, saúde, transporte e bem-estar. Meriele Ferreira, 45, é capitã da Polícia Militar e coordenadora da operação Segurança Presente de Itaboraí. Está na profissão há 15 anos e conta que a presença da corporação nas ruas é essencial para a sensação de segurança da população no período.

"Esse tempo {Natal e Ano Novo} impacta muito a rotina de trabalho porque há um fluxo maior de pessoas nas ruas e nos comércios. Essas áreas de grande circulação necessitam de uma atenção especial porque as vendas são fomentadas em virtude do Natal e do maior aporte financeiro nas relações comerciais devido ao pagamento do 13° salário. A prevenção contra crimes de rua, principalmente àqueles contra o patrimônio, acaba sendo realizada com uma maior presença policial nestes eixos comerciais, assim como com orientação da população com dicas de segurança", contou a coordenadora.

Vale citar que no Natal, o dia 24, é ponto facultativo a partir das 13 horas; enquanto o dia 25 é feriado nacional. A mesma coisa acontece no réveillon, dia 31 é ponto facultativo às 13h e dia 1° de janeiro é feriado nacional. 

Segundo as leis trabalhistas, quem trabalha em feriados prevê duas opções de compensação: com o pagamento em dobro pelo dia de trabalho; ou com uma folga compensatória em outra data para equivaler o tempo de trabalho. A escolha depende da Convenção Coletiva de Trabalho, que é um acordo jurídico entre o sindicato dos empregadores e os empregados; e em caso de não haver acordo coletivo, a negociação direta entre ambos.

Alex de Moraes de Lima, 31, é motorista de ônibus em Maricá e passa seus finais de ano dirigindo pela cidade.

Alex de Moraes
Alex de Moraes |  Foto: Arquivo Pessoal

Segundo ele, não é fácil não estar presente nas celebrações: “Ano passado eu saí na foto pela tela do celular bem no cantinho, enquanto a família toda estava reunida", disse Alex.

Ele também conta que para contornar a “solidão” causada por estar no trabalho, ele e os colegas organizaram uma ceia entre os funcionários. "Ano passado a gente fez uma ceia depois da meia-noite lá na garagem da empresa. Cada um levou uma coisa  e ficamos meio que em família no trabalho, porque a gente fica mais no trabalho do que em casa".

Mas, a simpatia dos passageiros é recompensadora. “Se a gente não trabalhar, outras pessoas não conseguem ver os parentes. O pessoal tá viajando, tá indo passear e fala assim ‘pô, a gente tá indo passear, ver os parentes, ficar junto, comemorar, e você está ralando e tal.’ Mas, alguém tem que fazer acontecer. A situação é complicada para todo mundo que tá trabalhando, seja motorista de aplicativo, táxi, caminhoneiros, mas é recompensador a gratidão dos passageiros, é muito diferente dos dias comuns. É muito comum as pessoas presentearem com um agrado, um chocolate, uma simpatia, para melhorar nosso dia, sabendo da nossa luta e que estamos ali para poder levar essas pessoas até os destinos delas",  completou.

A área da saúde é marcada por intensos plantões que podem chegar a até 24 horas no caso de emergências, tendo que lidar com todo tipo de adversidade e pessoas diferentes em situações de estresse. A técnica de enfermagem Tânia Catten, 54, conta que no final do ano a correria que já é rotina nos hospitais acaba sendo maior ainda por conta de internações e menos funcionários trabalhando na época por conta das férias.

Tânia Catten
Tânia Catten |  Foto: Arquivo Pessoal

Para ela, não é um incômodo deixar os familiares, para cuidar dos pacientes.

“Nessas datas, muitas pessoas bebem e comem um pouco a mais e passam mal, correm para o hospital e não querem esperar, chegam gritando, mais impacientes e esquecem a empatia com o profissional que está lá no feriado para atendê-los, que abrem mão de muitas coisas para ajudá-los, então tem que ter empatia e respeito de ambas as partes", reflete Tânia.

"Uma história muito bonita foi a de uma menina que eu cuidei na virada do ano. Ela estava fazendo a medicação quando os fogos começaram, e ela estava com muito medo e segurou a minha mão muito forte, eu a abracei e acalmei ela. Ela começou a me agradecer muito, por eu estar ali cuidando dela com muito carinho. Já vi muita coisas nesses plantões, entre nascimentos e falecimentos, mas isso ficou na minha memória e vou sempre carregar comigo”, finaliza Tânia.

Matérias Relacionadas