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Pesquisadora da UFF é premiada no 'Para Mulheres na Ciência' por desenvolver molécula inovadora para tratar a esporotricose

Vanessa Nascimento é vencedora na categoria Química da premiação realizada pelo Grupo L’Oréal no Brasil, Academia Brasileira de Ciências e UNESCO no Brasil que reconhece a produção científica feminina no país

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 09 de dezembro de 2025 - 15:07
Vanessa Nascimento, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) e vencedora do prêmio Para Mulheres na Ciência
Vanessa Nascimento, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) e vencedora do prêmio Para Mulheres na Ciência -

A esporotricose, micose mais frequente no mundo e considerada uma doença negligenciada no Brasil, ganhou uma nova perspectiva de tratamento com a pesquisa desenvolvida pela química Vanessa Nascimento, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) e vencedora do prêmio Para Mulheres na Ciência, iniciativa do Grupo L’Oréal no Brasil, Academia Brasileira de Ciências e UNESCO no Brasil. “Queremos mostrar que é possível fazer ciência de ponta com propósito, unindo inovação, sustentabilidade e impacto social”, afirma Vanessa.

A doença, que afeta humanos e animais, especialmente os gatos, principais transmissores, teve crescimento expressivo no Brasil nos últimos anos, e o Rio de Janeiro concentra o maior número de casos. As consequências vão desde lesões cutâneas até infecções graves nos pulmões, ossos e articulações. Apesar da gravidade, as opções terapêuticas ainda são limitadas, o que reforça a urgência de novas abordagens.

É nesse contexto que surge o projeto de Vanessa: o desenvolvimento de uma molécula inédita que combina Itraconazol, naftoquinona e selênio obtido de forma sustentável. A proposta é unir esses três elementos em uma única estrutura química capaz de tornar o tratamento mais eficaz, acessível e ambientalmente responsável. Além da inovação científica, a rota de síntese utiliza materiais de baixo custo e alto rendimento, ampliando o potencial de produção nacional e democratização do acesso.

A trajetória de Vanessa ajuda a explicar a força do seu compromisso social. Criada em uma pequena cidade do interior do Rio Grande do Sul, ela viu na educação pública uma ferramenta de libertação. Foi a primeira mulher da família a ingressar e se formar em uma universidade federal, superando barreiras sociais que quase limitaram seus caminhos. No mestrado, viveu a experiência de montar um laboratório do zero; no doutorado, ampliou horizontes ao realizar estágio sanduíche no exterior, um período que ela descreve como divisor de águas.

Hoje, como professora e cientista, sua motivação é clara: retribuir à sociedade o investimento que recebeu. “Quero devolver à população os benefícios da ciência, ajudando a reduzir mortes causadas por doenças negligenciadas no Brasil”, conta. Mãe de gêmeos, Vanessa também fala com franqueza sobre a conciliação entre maternidade e carreira. Diz que aprendeu a acolher seus próprios limites, mas também a reconhecer uma força que desconhecia. “Não é sobre ser perfeita em tudo, mas sobre seguir com amor, propósito e resiliência.”

Ao longo da trajetória, ela enfrentou preconceitos sutis e explícitos, desde a falsa ideia de que precisaria escolher entre carreira e maternidade até tentativas de deslegitimar seu trabalho. Mas transformou cada obstáculo em combustível. Suas inspirações vieram de muitas mulheres, a mãe, professoras, líderes e alunas, que moldaram sua visão de liderança e colaboração.


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