Sepultamento de Jourdan Amora reúne familiares e amigos no Cemitério Parque da Colina, Niterói
O jornalista e diretor de 'A Tribuna' estava internado há duas semanas no Complexo Hospitalar de Niterói e morreu devido à falência de múltiplos órgãos

Um mês após a despedida de Eva Amóra, familiares e amigos deram o último adeus ao marido dela, o jornalista Jourdan Amóra, diretor de 'A Tribuna', no cemitério Parque Da Colina, em Niterói, na tarde desta segunda-feira (20).
O velório reuniu cerca de 150 pessoas, que se despediram do histórico profissional de imprensa da cidade. Jourdan foi lembrado pelos presentes além do seu trabalho como jornalista, mas também pelo ativismo político e social desde a década de 1950. O jornalista deixa dois filhos, Luis Jourdan e Gustavo Amóra.
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O filho de Jourdan, Luis Jourdan Amóra, falou com orgulho sobre o pai e do legado deixado por ele: “Resumir o meu pai em uma palavra é difícil, mas o que eu posso dizer é que ele foi, repórter, defensor do espírito público, farejador de notícias e defensor dos mais fracos, sempre. O padre encerrou a missa com a oração de São Francisco de Assis (fala sobre o desejo de ser um instrumento da paz) que resume bem a vida do meu pai. Ele perdoou a quem o perseguiu, ele lutou por todos nós, um defensor, um bastião da democracia e do jornalismo competente. Para o pessoal, que quiser estudar, e pesquisar um pouco sobre a vida dele, 'A Tribuna' está de portas abertas lá, pra quem quiser folhear os livros e ver a história de como foi. Por lá, passou tanta gente e o bom é a gente ver reconhecimento e a presença aqui de vários funcionários, seja da oficina como da redação e até da administração. Então, o placar da vida dele foi goleada e agora a gente tem que preservar, e contar essas histórias.”

Marcelo Macedo Soares, ex editor-chefe do Jornal A Tribuna, comentou sobre uma bandeira levantada por Jourdan sobre a história e a preservação da memória de diversas figuras históricas da cidade. : “É um privilégio ter convivido com o Seu Jourdan. Acho que a maior homenagem que se pode fazer ao Seu Jourdan, é criando um espaço para preservação da memória da cidade, que era uma luta dele. Ele tinha o Museu da Imprensa, que ficou sem lugar uma época, ele falava muito disso, que não tem um museu sobre a história da cidade. Então eu acho que é uma homenagem que pode se fazer, não só para ele, mas para outras figuras importantes, que é preservar a memória dele e todas essas pessoas para que todos possam conhecer melhor a história da cidade. Tem muita gente que é muito importante para a história da cidade que acho que poderiam ser mais valorizadas“, enfatizou.

Jourdan, no sepultamento, foi lembrado como símbolo de resistência jornalística, inclusive sendo preso durante a ditadura militar, em 1972, por fazer críticas ao governo estadual da época. O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, Mário Sousa, compareceu ao velório e compartilhou suas memórias com o jornalista. “O Jourdan deixa o legado de ensinamento, do verdadeiro jornalismo, um jornalismo independente, às vezes crítico, mas totalmente focado na verdade. Ele buscava sempre isso, na isenção, na verdade, na checagem da notícia e com total independência. Eu acho que as universidades perderam uma grande oportunidade de não terem chamado o Jourdan para ser professor de jornalismo. Ele foi um homem não só como profissional, mas também um homem extremamente generoso, polêmico às vezes, mas que, nas principais divergências, ele te respeitava, ele era generoso e se submetia a nenhum tipo de pressão.”

* Estagiário sob supervisão de Sérgio Soares