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Outubro Rosa de clínicas oncológicas segue até o fim do mês, com ações gratuitas sobre o câncer de mama

Interessados devem fazer inscrição para a roda de conversa no dia 23

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 16 de outubro de 2025 - 12:32
Nosso Dia Pink reuniu 500 pessoas, lembrou Preta Gil e fez o ritual do sino
Nosso Dia Pink reuniu 500 pessoas, lembrou Preta Gil e fez o ritual do sino -

Um dia inteiro de atividades motivacionais e de conhecimento sobre o câncer de mama, com palestras, depoimentos de influenciadores de diversos estados do Brasil, trocas de experiências, interação e muita emoção. Essas e outras ações - todas gratuitas - marcaram a 9ª edição do Nosso Dia Pink (NDP), um dos eventos do Outubro Rosa da Oncomed e da Pró-Onco Mulher que reuniu 500 pessoas no Reserva Cultural, em Niterói, para tratar de questões como cuidados médicos, a necessidade de exercícios físicos e a sexualidade pós-câncer de mama.

Com o tema “Fé no caminho, pink na vida!”, o encontro começou com um minuto de silêncio para a cantora Preta Gil, que em 2023 participou do Nosso Dia Pink no mesmo palco. O evento seguiu ao longo do dia com falas e ações que provocaram momentos de reflexão, surpresa, risos e choros. Uma delas foi a roda de conversa sobre o ritual do sino, que simboliza o fim do tratamento oncológico. O objeto tocado por mais de 30 pessoas no NDP do último sábado, 11/10, foi o mesmo usado pela atriz Marília Pêra em uma peça encenada em 1973 no Princesa Isabel, e este ano doado à Oncomed pelo paciente Orlando Miranda, ator que fundou o teatro e faleceu em 2024, aos 91 anos.


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A agenda do Outubro Rosa 2025 da Oncomed e da Pró-Onco foi aberta no dia 5/10 pelo projeto Yoga na Praia do Estúdio Dharma Bhūmi, que reuniu 300 pessoas na areia de Icaraí, em frente à Igreja São Judas Tadeu. A programação prossegue na próxima quinta-feira, 23/10, das 14h às 17h, no espaço cultural Walma Erthal na unidade São Francisco da Oncomed, onde haverá exibição do vídeo “A jornada do paciente”, seguida da roda de conversa para a discussão do tema. As vagas são limitadas, e os interessados devem se inscrever por mensagem no WhatsApp (21) 97189-1142.

Outras ações - A mesa-redonda da próxima quinta-feira será conduzida pela psicanalista e psicóloga Christiane Couri, coordenadora de psicologia da Oncomed, e pelo mastologista Rodrigo Souto, diretor da Pró-Onco Mulher e do Instituto Oncomed, contando também com o oncologista Victor Marcondes e a farmacêutica Flávia Barros, ambos da Oncomed. Após este evento, a programação continua no sábado, dia 25/10, com a 9ª Jornada Médica que acontece das 9h às 12h no Hospital Icaraí, para a apresentação e discussão de casos clínicos com a equipe multidisciplinar e coordenadores. Além de Rodrigo Souto e Victor Marcondes, integrará a mesa de coordenação dos trabalhos a oncologista Vivian Pontes, também da Oncomed. Fechando a agenda do Outubro Rosa 2025, a Oncomed inaugura no dia 29 um espaço junto à clínica Pró-Onco Mulher, no Niterói Shopping, Centro da cidade.

Idealizado pelo mastologista Rodrigo Souto, o Nosso Dia Pink tomou forma há quase dez anos, com a dedicação dos oncologistas Victor Marcondes e Vivian Pontes, da farmacêutica Flavia Barros e da nutricionista oncológica Patrícia Arraes. E o evento que começou pequeno foi realizado nos últimos três anos no Reserva Cultural, atraindo em cada uma das edições cerca de 500 pessoas, em sua maioria, pacientes do câncer de mama e familiares, com participação de médicos, enfermeiros e outros profissionais de áreas voltadas à doença.

Preta, que tudo esteja rosa - O 9º NDP foi aberto às 10h pela palestrante, atriz e mestre de cerimônias Henriette Porciuncula, ao som da música “Andar com fé eu vou” e com um minuto de silêncio em homenagem à Preta Gil, paciente de câncer que participou da 7ª edição do evento, em 2023, e faleceu recentemente. “Preta, onde você estiver que tudo esteja rosa. Gratidão!”. Em seguida, Rodrigo Souto agradeceu a presença de todos reforçando a importância de práticas como a atividade física durante o tratamento, e Patrícia Arraes fez a fala de boas-vindas.

“É muito bom reunir aqui gente de diversos estados do país nessa verdadeira cápsula rosa! Eu passo o ano inteiro pensando nesse dia, e o que desejo é vida, porque a certeza da morte todos nós temos desde o dia em que nascemos. Então, viva! Mesmo com câncer, porque há vida para viver”, disse Patrícia Arraes.

A primeira roda de conversa foi justamente sobre a importância da atividade física para os pacientes de câncer, conduzida pela engenheira Mariana Damásio, em tratamento da doença, e pelo educador físico e palestrante Marcelo Jordão, que animou a plateia com atividades de dança e muita interação. Depois foi a vez da mesa sobre sexualidade, integrada por três pacientes do câncer de mama: a terapeuta Marcele Jordão, a jornalista Lilian Ribeiro da TV Globo e a influencer Jussara Supervivente, metastática há 18 anos e presente em diversas edições do Nosso Dia Pink. Elas contaram as suas histórias repletas de desafios, superação e emoção e, bem dentro do tema, Marcele apresentou um produto para uso íntimo que, com a colaboração de duas voluntárias da plateia, fez, literalmente, a festa do encontro. No painel seguinte, a ex-modelo e também influencer Gi Charaba falou sobre o tratamento de câncer no SUS.

“Em São Paulo não crescemos com a cultura de plano de saúde, nos tratamos no SUS, que tem quase tudo. Mas o problema é a dificuldade em conseguir o tratamento e os remédios. Temos leis que nos protegem e precisamos lutar, brigar mesmo por nossos direitos”, alertou a ex-modelo, que teve a carreira interrompida pela doença e no encontro deu uma série de dicas para quem precisa se tratar na rede pública.

Em sua atividade, Lilian Ribeiro pediu que as pessoas na plateia falassem ao microfone algo forte sobre a doença. Uma delas foi Fernanda Cavalcante, 44 anos, que trabalha em casa com contabilidade. Ela descobriu o câncer de mama em 2016, aos 35 anos, quando tinha um filho adolescente e outros dois ainda bem pequenos: Miguel, na época com 2 anos, e Melissa, com 1 ano. Por insistência da amiga Rosane, que se trata na Oncomed, Fernanda aceitou ir ao NDP e saiu agradecida. “O Nosso Dia Pink mudou toda a minha concepção da doença. Tenho muito apoio do meu marido, que é o meu braço direito, e também dos meus filhos menores, mas até hoje eu sentia que as pessoas não compreendiam o meu choro, a minha tristeza, a minha revolta. Só que aqui todos se entendem, pois todos são iguais, passam pelas mesmas coisas”, desabafou Fernanda.

Outra roda de conversa foi sobre como pagar boleto e prosperar tendo câncer, com a jornalista Kika Gama Lobo, colunista da revista Veja Rio, e a influencer Monize Carla, que fez uma das falas mais emocionantes do dia. Monize descobriu o câncer de mama com a irmã, e juntas iniciaram o tratamento. Mas a irmã não resistiu e faleceu 16 dias antes do NDP. “Pensei em não vir, mas por ela estou aqui lembrando as nossas experiências e de como é seguir a vida sem ela e com metástase”. No painel, Kika falou de forma leve da doença descoberta há 13 anos, na mesma época do término do casamento de 26 anos e outros desafios, ensinando estratégias de sobrevivência financeira e distribuindo o seu livro “Crônicas de uma carioca grisalha”.

No Caminho da Fé - Uma das palestras mais esperadas foi a do mastologista paulista Daniel Buttros, professor doutor no Programa de Pós-Graduação em Tocoginecologia na UNESP-Botucatu, vice-presidente da Comissão de Políticas Públicas da Sociedade Brasileira de Mastologia e pesquisador em estilo de vida e câncer de mama. Com mais de um milhão de seguidores, ele faz desde 2019 a peregrinação nos mais de 300 quilômetros do Caminho da Fé, até o Santuário de Aparecida do Norte. Associando a fé e a esperança ao tratamento oncológico, o especialista leva cartas de pacientes do câncer e falou sobre a experiência no NDP.

“O convívio com pessoas que enfrentam esta doença nos mostra muita leveza! Meu coração aprendeu que tenho que viver mais, e de repente em 2019 decidi peregrinar para comemorar os meus 40 anos e agradecer a vida. Levei seis cartas de pacientes, mas na última peregrinação já foram 1.600, e muitas pessoas ficam curadas por sua fé. Entendo hoje que não preciso ser médico pra fazer o bem, que ninguém é mais que ninguém. Somos iguais, e também aprendi que ser feliz não é caro. É tudo muito emocionante, e hoje estou muito feliz de estar aqui com vocês. Nós, médicos, nos apaixonamos por vocês, que são as nossas protagonistas”, disse Daniel Buttros, que na última caminhada foi acompanhado por Jussara Supervivente.

Tocar o sino da vida, a lição do 9º NDP

Cristina Vilas Boas, 49 anos
Cristina Vilas Boas, 49 anos |  Foto: Divulgação

Além de participar da mesa-redonda, Gi conduziu algumas atividades ao longo do evento que começou às 10h e terminou às 17h. Em uma delas, a ex-modelo falou emocionada sobre o significado de tocar o sino na conclusão das sessões de radioterapia. “O tocar o sino tem um simbolismo de cura, de vitória. E entendi que devemos tocar o sino da nossa vida, até porque milhares de pessoas não conseguem viver até esse momento. Então, muita atenção a isso e toquem muito o sino da vida de vocês diariamente. Quanta gente sem apoio, sem tratamento e sem tocar o sino”, disse Gi, que há anos carrega consigo um pequeno sino que toca sempre.

Após a sua conversa, a influencer foi surpreendida pela nutricionista Patrícia Arraes, que à frente da organização do evento, levou o sino doado à Oncomed pelo ator Orlando Miranda, e instalado na unidade de Botafogo em um canto humanizado para quem termina o tratamento. “Esse sino é pra você tocar aqui conosco, Gi”. Emocionada e já chorando, a ex-modelo se dirigiu à plateia convidando quem quisesse subir ao palco e tocar o sino com toda a força, resumindo o motivo e para quem seria o badalar. Mais de 30 pessoas atenderam ao chamado, com histórias muito fortes acompanhadas por todos os presentes. Uma delas foi Cristina Vilas Boas, 49 anos, e desde 2017 em tratamento na Oncomed de um câncer de mama e metástase.

“Só pode tocar o sino quem está curada? Eu estou curada todos os dias quando eu amanheço, quando cuido dos meus filhos… Eu me sinto tão feliz por tudo que Deus tem me dado que me acho no direito de também tocar o sino. O sino não é só para quem está curado. É para quem se cura diariamente! E todas aqui em cuidados paliativos também têm o direito de tocar este sino, o que representa muito para todas nós”, disse Cristina muito emocionada e feliz pela oportunidade de tocar o sino.

O ritual do sino celebra a conclusão do tratamento oncológico e se tornou um fenômeno global adotado em centros de oncologia de diversos países, incluindo o Brasil. O ato é um símbolo de esperança para os que continuam se tratando, pois mostra que é possível superar a doença e alcançar a cura. O tocar do sino da vitória ou da superação é feito na presença de familiares, amigos e da equipe médica, marcando a conquista pessoal e anunciando um novo começo. Fundador da Oncomed, o oncologista Alexandre Coury falou do significado do bater o sino.

“O conceito do sino é uma coisa fantástica, a questão do rito que expressa a migração de um status para o outro, o ritual de um tratamento de incertezas para a certeza... O sino tem muito significado, e ver o que um pequeno objeto de bronze pode proporcionar foi realmente fantástico! Fico muito feliz por conseguirmos, através de uma iniciativa singela, despertar toda essa emoção, essa paixão não só nos pacientes, mas nos nossos colaboradores. O que aconteceu nesse Dia Pink foi mesmo muito especial”, disse Alexandre Coury, que iniciou há 30 anos em Niterói a instituição oncológica que esse mês inaugura sua quinta unidade.

Bloco Toma na Cura - Para fechar o evento com leveza, o grupo Amigas do Peito Por Aí apresentou a peça teatral “Eu quero é ser feliz” e deixou o palco com o “Toma na Cura”, primeiro bloco carnavalesco do Brasil para pacientes de câncer. Lançado em março deste ano, durante as comemorações do Mês Internacional da Mulher, o bloco levou alegria ao Teatro Nelson Pereira dos Santos, lembrando que há vida pós-câncer, mesmo para pessoas com metástase.

No próximo domingo, 19/10, o bloco fundado pela nutricionista Patrícia Arraes e formado por integrantes do grupo Viva Batuque, projeto social do mestre Lucas Ratto, participa da ação do Outubro Rosa que a OAB/RJ fará na orla de Copacabana. O mastologista Rodrigo Souto agradeceu a presença das cerca de 500 pessoas no NDP 2025, e encerrou o dia convidando todos para o 10º Nosso Dia Pink, em outubro do ano que vem.

Bloco Toma na Cura
Bloco Toma na Cura |  Foto: Divulgação

SERVIÇO:

Dia 23/10 - Exibição do vídeo “A jornada do paciente” e roda de conversa das 14h às 17h no espaço cultural Walma Erthal - Rua Arariboia, 6, São Francisco

Dia 25/10 - 9ª Jornada Médica das 9h às 12h, no Hospital Icaraí - Avenida Marquês do Paraná, 233, Centro de Niterói

Dia 29/10 - Inauguração da unidade Centro da Oncomed às 18h, no Niterói Shopping - Rua da Conceição, 188, sala 704, Centro

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