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Justiça condena rede de farmácias por racismo no ambiente de trabalho; Vídeo!

Justiça reconheceu racismo estrutural e omissão da empresa

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 12 de setembro de 2025 - 13:26
Noemi Ferrari recebeu R$ 56 mil de indenização após sofrer ofensas racistas gravadas por uma colega com cargo superior
Noemi Ferrari recebeu R$ 56 mil de indenização após sofrer ofensas racistas gravadas por uma colega com cargo superior -

A rede Raia Drogasil foi condenada pela Justiça do Trabalho por danos morais sofridos pela ex-funcionária Noemi Ferrari, que alegou ter sido alvo de ofensas racistas na gravação de um vídeo feito por uma colega com cargo superior no seu primeiro dia de trabalho, no ano de 2018, em uma farmácia em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo.

O caso ganhou repercussão nas redes sociais nesta semana, após Noemi divulgar a gravação. Em março deste ano, a vítima recebeu de indenização o valor de R$ 56 mil.


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“Essa daqui é a Noemi, nossa nova colaboradora. Fala um ‘oi’, querida. Tá escurecendo a nossa loja? Tá escurecendo. Acabou a cota, tá? Negrinho não entra mais”, disse a agressora em meio a risadas.

A intenção do vídeo era apresentar Noemi, que estava em seu primeiro dia de trabalho, aos outros funcionários em um grupo de aplicativo de troca de mensagens.

Após as falas racistas, a agressora, em tom de ironia, começa a enumerar as tarefas que Noemi deveria fazer no ambiente de trabalho: “Nossa, vai ficar no caixa? Que incrível. Vai tirar lixo? Que incrível. Paninho também passar no chão? Ah… E você disse sim, né?”.


Autor: Reprodução - Redes Sociais

Em entrevista ao G1, Noemi disse que, enquanto era ofendida, ficou sem reação. Ela ainda ressaltou que, por precisar do emprego após a morte do pai adotivo, fingiu que nada aconteceu, mas que chorou no banheiro do estabelecimento.

Ela disse que, mesmo depois das agressões, permaneceu trabalhando na farmácia por acreditar que poderia fazer a diferença no ambiente de trabalho e que chegou a ser promovida a supervisora em 2020.

Entretanto, as dificuldades não acabaram. Em 2022, foi agredida verbalmente mais uma vez por um supervisor, que quase a feriu fisicamente. Por causa desse episódio, Noemi colocou a gerente contra a parede, dando duas opções: ou a transferia de loja ou a demitia. A segunda opção foi a escolhida, e Noemi foi demitida em fevereiro.

Após a demissão, Noemi queria esquecer os ataques, mas, com indiretas de ex-colegas de trabalho, que afirmavam que ela teria desistido de tudo por nada, sentiu vontade de entrar na Justiça.

Justiça

A juíza Rosa Fatorelli, responsável pelo processo em primeira instância, alegou que o vídeo e a confissão da autoria pela colaboradora comprovam as alegações de falas racistas. A magistrada afastou o argumento de “brincadeira” ou “descontração”, usados pela defesa das acusadas e fundamentou que o ocorrido precisava ser analisado sob a perspectiva dos conceitos de racismo estrutural e recreativo, inconcebíveis com os direitos humanos e fundamentais.

Enquanto a empresa foi responsabilizada por uma conduta omissa em proporcionar um local de trabalho adequado. Fora o dano moral, a Justiça admitiu que Noemi trabalhava em turnos mais extensos do que constavam n ponto.

O Tribunal Regional do Trabalho da 2ª região acrescentou que a gravação e o depoimento da testemunha foram “vívidos e assertivos sobre a situação de constrangimento, humilhação e assédio imposta à autora”.

Mais uma vez, a alegação de “brincadeira” foi negada pela juíza Erotilde Minharro, que acrescentou que o “racismo recreativo é tão ofensivo quanto qualquer outra prática discriminatória” e que os deveres do empregador são claros, principalmente quando os ataques são originados dos superiores.

Através de nota, a rede Raia Drogasil informou que lamenta o caso ocorrido e que busca investir em ações concretas para assegurar locais de trabalho diversos e inclusivos.

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