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Instituto Estadual do Cérebro e Maternidade Escola da UFRJ realizam a 80ª cirurgia fetal de mielomeningocele

A técnica consiste na intervenção com o feto ainda no útero materno para corrigir a malformação na medula espinhal

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 12 de agosto de 2025 - 12:21
Das 80 cirurgias realizadas no IECPN até hoje, 25 pacientes vieram de fora do estado do Rio de Janeiro,
Das 80 cirurgias realizadas no IECPN até hoje, 25 pacientes vieram de fora do estado do Rio de Janeiro, -

As cirurgias fetais de mielomeningocele realizadas no Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer (IECPN) chegaram ao 80º procedimento. A técnica consiste na intervenção com o feto ainda no útero materno para corrigir a malformação na medula espinhal. O procedimento de alta complexidade envolve uma equipe multidisciplinar que reúne os obstetras da Maternidade Escola da UFRJ e os neurocirurgiões do IECPN. Tudo para garantir um cuidado completo e especializado para a mãe e o bebê, com o objetivo de diminuir as complicações da doença. A mielomeningocele acontece nas primeiras semanas de gestação, quando o tubo que forma a medula não se fecha adequadamente e produz uma bolsa geralmente no fim das costas.

Das 80 cirurgias realizadas no IECPN até hoje, 25 pacientes vieram de fora do estado do Rio de Janeiro, sendo 6 do Distrito Federal; 5 de Santa Catarina; 4 da Bahia; 3 do Espírito Santo; 2 de Minas Gerais e 5 (um de cada) dos estados de São Paulo, Ceará, Maranhão, Rio Grande do Sul e Pará. O período ideal para a realização da cirurgia é entre as 19 e 26 semanas de gestação. O diagnóstico é realizado através da ultrassonografia, que pode ser complementada pela ressonância magnética fetal caso haja necessidade.


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“Essa cirurgia é um divisor de águas para a medicina fetal. As crianças, que têm a mielomeningocele, nascem paraplégicas. Com a cirurgia, nós conseguimos salvar pelo menos 40% a 50% dessas crianças. Somos uma instituição que recebe os pacientes mais difíceis e mais complexos”, afirma o diretor do IECPN, Paulo Niemeyer.

A gestante Daniele Ramos, de 25 anos, que veio acompanhada da sogra do estado do Pará, foi a paciente de número 80 operada no IECPN. Ela descobriu o problema após uma ultrassonografia realizada em sua cidade natal, Dom Eliseu, que fica a mais de 435 quilômetros de Belém. “Fui muito bem recebida aqui no Instituto Estadual do Cérebro. Realizei os exames pré-operatórios na maternidade da UFRJ em apenas um dia. Estou com 22 semanas e tenho fé de que tudo dará certo”, disse Daniele, que passa bem e já retornou para a sua cidade. Seu bebê é um menino que se chamará Guilherme. Até o final da gestação, ela será monitorada pelas equipes do IECPN e da Maternidade Escola da UFRJ.

A parceria entre o IECPN e a Maternidade Escola da UFRJ é fundamental para oferecer essa opção de tratamento inovadora e de alta complexidade para casos de mielomeningocele. A cirurgia, que leva cerca de quatro horas, é dividida em três etapas. Em um primeiro momento, a equipe da obstetrícia acessa o feto através de uma incisão no abdômen da mãe semelhante a uma cesariana, quando o útero é exposto. O bebê e a mãe estão anestesiados e não sentem qualquer dor. Na sequência, o feto é estabilizado para impedir o seu movimento. Os neurocirurgiões usam uma técnica minimamente invasiva, onde a correção na coluna é realizada com o uso de microscópio para auxiliar na visualização e precisão. O procedimento melhora a função motora do bebê, permitindo mais autonomia e qualidade de vida.

"A parceria da Maternidade Escola da UFRJ com o IECPN completará 8 anos em dezembro e tem viabilizado um projeto de sucesso e importância nacional no SUS, contando com a expertise das equipes e com a estrutura e tecnologia já disponíveis nas instituições”, disse a gerente de Atenção à Saúde da Maternidade Escola CH-UFRJ, Penélope Saldanha.

IECPN completou 12 anos em agosto

Referência internacional em neurocirurgia e procedimentos de alta complexidade, o IECPN completou 12 anos de funcionamento este mês, com mais de 15 mil cirurgias realizadas. Hoje, a unidade registra 200 cirurgias mensais nas cinco salas disponíveis no centro cirúrgico e ainda realiza cerca de dois mil atendimentos ambulatoriais por mês.

Outros números também impressionam. São 110 leitos disponíveis, sendo 44 de UTIs, 15 de UTIs pediátricas e neonatais; 39 na enfermaria para adultos; dez na enfermaria para crianças e recém-nascidos e dois leitos especialmente para tratamento de epilepsia. O instituto conta com 35 neurocirurgiões e 20 médicos residentes.

Além disso, a unidade está em obras para receber o primeiro acelerador linear para radioterapia do sistema público brasileiro. Este é o segundo equipamento de ponta da unidade, que também conta com o Gamma Knife, igualmente utilizado para radiocirurgia e o único do país pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Com o novo acelerador linear, o IECPN vai ampliar a capacidade de tratamento em radioterapia, oferecendo um serviço mais completo e moderno.

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