Dia Mundial do Orgasmo: o prazer está em todo lugar!
Comemorada em 31 de julho, a data destaca a importância da sexualidade e quebra tabus sobre o uso de brinquedos eróticos, cada vez mais populares e acessíveis

Comemorado nesta quinta-feira (31), o Dia Mundial do Orgasmo é uma oportunidade para refletir sobre a importância do prazer, tanto o próprio quanto o do parceiro ou parceira. Cada vez mais, as pessoas têm buscado explorar sua sexualidade de forma saudável e consciente, e os brinquedos sexuais, também conhecidos como sextoys, têm ganhado espaço nesse processo. Deixando de lado o tabu que os cercava, esses acessórios se tornam cada vez mais acessíveis e variados, ajudando a intensificar a experiência sexual e a alcançar o clímax com mais liberdade e criatividade.
Criada há 26 anos por lojas britânicas de produtos eróticos, a data surgiu com o objetivo inicial de impulsionar as vendas e estimular debates sobre sexualidade. Na época, muitos clientes relatavam dificuldades para alcançar o orgasmo, o que motivou a criação do Dia Mundial do Orgasmo. A iniciativa deu certo: mais de duas décadas depois, os brinquedos sexuais, ou sextoys, se tornaram itens comuns entre diversos casais. Com a crescente demanda, as lojas passaram a oferecer uma ampla variedade de produtos, que vão desde estimulantes até fantasias e acessórios pensados para “apimentar” a relação e quebrar a rotina. Apesar das diferenças de preço, a diversidade atrai consumidores, que muitas vezes se empolgam e acabam investindo em mais de um item.
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“Não tem um produto específico que saia mais, porque todos têm uma diferença, e cada função vende bastante, como o gel que esquenta e gela, mas com sabor de canela. Então, a procura é bem grande tanto para os produtos como para os brinquedos também”, disse a gerente de uma loja de lingerie, Francine Morais, de 30 anos.

Entre os principais fatores que impulsionam o aumento nas vendas de brinquedos sexuais estão a maior facilidade de acesso e a popularização desses produtos. Hoje, é possível encontrá-los não apenas nos tradicionais sex shops, especializados nesse tipo de mercado , mas também em lojas de lingerie e até em estabelecimentos mais comuns, que passaram a reservar um espaço exclusivo para itens eróticos. Essa presença mais ampla no varejo contribui para a naturalização do tema e estimula a curiosidade dos consumidores.
“A gente já é uma rede de lingerie, então, acho que uma coisa puxa a outra, porque a pessoa já vem comprar uma coisa mais sexy e já passa na parte de sex shop, leva um produtinho e faz algo diferente para sair um pouco da rotina. Eu nunca parei para analisar quantos produtos a gente vende, mas estamos sempre pedindo mais para repor, para não faltar, porque sai muito, principalmente na época do Dia dos Namorados”, contou a gerente da loja.

Muitas pessoas utilizam os produtos para estimular o próprio prazer e entender como satisfazer o parceiro ou parceira, colaborando assim para uma relação sexual saudável.
“Os sextoys, ou os brinquedos sexuais, podem auxiliar as pessoas de forma individual, assim como em casal. Na forma individual, podem ajudar na descoberta de percepção do próprio prazer, e essas informações podem ser levadas para a parceria, proporcionando a melhora da comunicação, através de um diálogo sobre curiosidades, intimidade e limites; colaborando com o prazer mútuo, porque se você sabe os estímulos que funcionam para a parceria e a pessoa sabe sobre os seus, já aumentam as chances de uma relação sexual mais satisfatória. Eles também colaboram na quebra da rotina, trazendo novas experiências e dinâmicas, além de serem bons recursos para auxiliar no tratamento de disfunções sexuais”, disse a Dr. Rhanna Franco, sexóloga há 2 anos, e também psicóloga há uma década, entrevistada pelo O SÃO GONÇALO.

Segundo funcionários de lojas especializadas em produtos eróticos, os itens mais procurados são os vibradores, especialmente por mulheres. Embora a maior parte da demanda venha do público feminino, os brinquedos sexuais beneficiam pessoas de todos os gêneros, contribuindo para que ambos alcancem o orgasmo, o ponto máximo do prazer na relação sexual. Vale lembrar que o clímax pode se manifestar de formas distintas para cada indivíduo, respeitando as particularidades do corpo e das preferências de cada um.
“Os ciclos de resposta sexual feminino e masculino são diferentes (frequentemente, pessoas com pênis alcançam o orgasmo mais rapidamente). Isso significa que, para alcançar o orgasmo ao mesmo tempo, as pessoas com vagina precisariam de mais estímulos. Os sextoys frequentemente oferecem estímulos mais intensos, localizados e variados do que os que conseguimos apenas com o corpo, facilitando chegar a esse orgasmo. Alguns brinquedos, como vibradores e sugadores, conseguem estimular regiões específicas com ritmo e intensidade constantes, facilitando atingir o clímax. Também existem produtos cosméticos e anéis penianos com o objetivo de retardar essa velocidade, assim como itens que oferecem a possibilidade de experimentar ritmos, pressão e experiências diferentes”, explicou a sexóloga.

Apesar de serem mais comuns a cada dia, tanto nas lojas quanto entre quatro paredes, alguns especialistas apontam que os brinquedos sexuais ainda são considerados como tabu pela sociedade por inúmeros motivos. Contudo, essa dificuldade em falar abertamente sobre sexo, prazer e orgasmo vem sendo discutida em diversos ambientes, sendo até mesmo pauta para filmes eróticos ou que tratam diretamente sobre os brinquedos do prazer. Outro ponto é que a pandemia de COVID-19 também influenciou no aumento da procura dos sextoys.
“Na realidade, o sexo e os brinquedos sexuais ainda são tabus. Houve muitos avanços em relação à promoção de sextoys e divulgação de temáticas sexuais, mas ainda existem muitos preconceitos de cunho cultural, religiosos e familiares. As mudanças de perspectiva sobre sexo, de ato para procriação ou pecado, para direito prazeroso e consensual, vêm ocorrendo desde os questionamentos dos movimentos feministas; sendo difundidos através das mídias e influenciadores. Em relação à venda de sextoys, no Brasil em específico, esse movimento aumentou bastante após o lançamento do filme De Pernas para o Ar (2010); mundialmente falando, a pandemia também influenciou bastante o aquecimento da indústria, devido à dificuldade de encontros presenciais”, explicou a especialista em sexo.

Orgasmo além do prazer
De fato, os brinquedos sexuais podem ajudar a atingir o orgasmo, o clímax do ato sexual. Entretanto, é extremamente importante que cada indivíduo entenda como esse momento do sexo pode afetar o seu corpo e o do companheiro, mas também as qualidades que podem ser conquistadas a partir disso.
“O orgasmo é uma das partes do ciclo da resposta sexual humana, correspondendo ao clímax. Nesse momento, as pessoas recebem uma descarga intensa de prazer físico e emocional, que são reações fisiológicas e neurológicas que ocorrem durante a atividade sexual. Existem diversas reações comuns, que podem variar de pessoa para pessoa, podendo incluir:
• Contrações musculares involuntárias, na região genital e em outros músculos (espasmos);
• Liberação de hormônios do prazer (ocitocina, endorfinas e dopamina), relacionadas ao vínculo emocional, aumentando a sensação de bem-estar, prazer e saciedade sexual;
• Aumento de sinais vitais, como a frequência cardiorrespiratória e pressão arterial;
• Sensação emocional intensa, podendo gerar reações emocionais (choro ou risos), sensações (leveza ou euforia), vontade de aconchego ou sono;
• Alterações na consciência, perda temporária de sentidos (visão e audição mais comuns), dificuldade de pensar racionalmente e hipersensibilidade em zonas erógenas”, explicou a sexóloga.

Dessa forma, o Dia Mundial do Orgasmo, celebrado em 31 de julho, vai além da simples comercialização de produtos eróticos, ainda que eles desempenhem um papel importante na busca pelo prazer. A data também tem como objetivo ampliar o debate sobre saúde sexual, quebrar tabus e reforçar que falar sobre orgasmo não deve ser visto como algo constrangedor ou inadequado. É uma oportunidade para destacar os benefícios físicos e emocionais que o orgasmo proporciona ao organismo, promovendo bem-estar, relaxamento, alívio do estresse e até fortalecimento do sistema imunológico.



Sob supervisão de Marcela Freitas