Caminhada de gerações: avós e netos caminham na orla em busca de qualidade de vida e momentos de lazer
Encontros de gerações acontecem ao longo da orla da Praia de Icaraí

Os avós são figuras que representam amor, carinho e acolhimento na vida da maioria que têm a oportunidade de conviver com eles. Como forma de homenagear essa ternura em forma de gente, o Dia dos Avós é comemorado neste sábado (26). Cada vez mais, é comum ver os avós cuidando do corpo e da mente, fazendo caminhadas na orla das praias, muitas vezes ao lado dos netos, assim fugindo do estereótipo de que os avós são idosos com uma rotina sedentária.
Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que há mais idosos do que pessoas jovens no Brasil. A população mais madura ultrapassou em 2023 o percentual de 15,6% em comparação ao 14,8% do grupo com faixa etária entre 15 a 24 anos. A estimativa é que ocorra um aumento desses dados até 2050, com cerca de 30% da população sendo constituída por idosos.
Leia também:
Sobremesa viral: Alta procura pelo "morango do amor" faz preço da fruta disparar em São Gonçalo
Crítica OSG | Filme 'O Ritual' tem falhas, mas compensa com grandes atuações
Levando em consideração esses dados, pode-se analisar essas mudanças dentro da cidade de Niterói, uma vez que Icaraí ocupa o 9º lugar entre os bairros do Brasil com a maior concentração de idosos acima dos 70 anos, conforme o Censo de 2022.
Um dos fatores que explicam o aumento desses dados, são as melhores condições de saúde dessa população, que escolhem cuidar da saúde por meio de atividades físicas. O envelhecimento saudável é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como um "processo de desenvolver e manter a capacidade funcional que permite o bem-estar na velhice".

Para que a população idosa alcance esse patamar e ter a oportunidade de desfrutar a vida por mais tempo ao lado da família, principalmente dos netos, uma boa escolha é a atividade a caminhada, o que pode ser observado com frequência na orla da Praia de Icaraí, assim deixando de lado o estereótipo de que idosos, na sua maioria dos avós, levam uma vida sedentária.
A prática de caminhar, principalmente nos calçadões e praias, oferece uma série de qualidades físicas e mentais, como o fortalecimento do sistema cardiovascular, dos ossos e músculos; aumento da resistência física; melhora a circulação sanguínea; reduz o estresse; melhora o sono e o humor; corrige a postura e reduz as dores musculares. Esses benefícios proporcionam qualidade de vida, o que possibilita uma existência saudável e ativa para viver as brincadeiras preferidas dos netos.
Avós e netos: caminhada de parceria
Após trabalhar toda uma vida e criar os filhos, os anos dourados da maturidade vem acompanhada com as vantagens de aproveitar momentos especiais ao lado dos netos. Contudo, para que os avós continuem com o privilégio de ver o crescimento de mais uma geração, é importante também cuidar da saúde, sendo o ato de caminhar uma opção viável para todos.
Visando uma vida com qualidade e evitar outros problemas de saúde, muitos avós recorrem a caminhar pela orla da praia de Icaraí, em Niterói, alguns acompanhados dos filhos, mas principalmente dos netos, como é o caso do aposentado Cláudio Guimarães, de 70 anos, que utiliza as caminhadas como terapia.
“Eu caminho na praia todo dia, porque é uma qualidade de vida. Eu caminho aqui há uns 30, quase 40 anos, mas antigamente eu não caminhava, eu corria. Isso ajuda tudo, é um reforço muscular, a terapia com essa orla bonita, eu vou até Gragoatá e volto, é uma baita terapia. Eu fui filho de pai e mãe que morreram muito novos, os dois de coração, então isso acende um alerta, para praticar alguma coisa, além de caminhar eu faço academia”, disse o aposentado referente a sua forma de cuidar da saúde.
Uma das motivações, além de preservar o corpo, para a prática de atividade física para o aposentado, é ter mais tempo ao lados dos três netos. Além disso, o aposentado utiliza as caminhadas para passar mais tempo ao lado do neto caçula.
“Minha relação com meus filhos e netos é excelente, estão sempre lá em casa. Eu tenho três filhos e três netos, os meus netos é como se fosse filho e muito mais, a dedicação, porque quando os meus filhos eram pequenos eu não podia me dedicar a eles, porque eu trabalhava, saía cedo e voltava tarde, mas com os netos eu estou sempre com eles. A mais velha, de 24 anos, quando chegou eu ainda estava na ativa, quase não participei, mas os outros não, eu já estava aposentado e acompanhei o crescimento deles, estou acompanhando até hoje”, contou com muita alegria ao pensar em seus netos.

A presença da figura dos avós na vida dos netos causa um impacto considerável, pois são eles que fazem as vontades, dão amor, carinho, brincam e mostram o mundo com um olhar maduro mas ao mesmo tempo gentil.
“É muito importante para o desenvolvimento dele (do filho), até porque nós pais somos mais rigorosos e os avós nem tanto, então esse carinho e amor que eles transmitem para o Benício, é muito importante para o crescimento dele”, contou o filho de Cláudio, Rafael Guimarães, de 43 anos que é pai do pequeno Benício Guimarães, de apenas 1 ano.
Apesar de inúmeras qualidades para o corpo, as caminhadas não eram práticas bem aceitas por todos, porém com o impacto de certos acontecimentos, como a COVID-19, se tornou um recurso para manter a boa forma física e mental, sem aglomerações.
“Olha, eu gosto muito de caminhar, não gostava, eu sempre fiz yoga, mas com aquele problema da pandemia a professora, logicamente, não pode mas dar aula, aí fazia online, eu não sou muito informatizada então eu acabei largado. Quando acabou a pandemia, ela voltou, mas uma coisa muito distante porque o espaço não era muito grande. Então meu filho falou que era melhor eu caminhar porque eu posso ir a hora que eu quiser, o dia que quiser e eu me acostumei. Agora levanto e venho caminhar, sinto falta. Na minha idade, a minha flexibilidade em relação a outras pessoas, é bem boa, eu me sinto muito bem e sinto falta de caminhar quando não venho”, contou a aposentada Eliana Alves, de 73 anos.

A vitalidade da aposentada, graças aos exercícios físicos, ajuda com que ela acompanhe, mesmo que de longe, o crescimento e desenvolvimento dos netos, podendo participar de festas infantis e momentos de uma reunião familiar.
“Eu tenho três netos, eu tenho um neto de 15 anos, a irmã dele a Beatriz, de 7 anos e eu tenho um neto de 5 anos, que mora em Las Vegas. Minha relação com eles é muito boa, o de Las Vegas é complicado porque eu só vi uma vez, mas é muito boa, porque a gente telefona, conversa. [...] O de 15 já tem outra vida, eu tomei conta dele quando era pequeno, ia buscar na escola, mas agora com 15 anos é ‘independente’, agora a Beatriz, mora em São Francisco eu moro em Icaraí, então eu não vejo frequentemente, mas de vez em quando, em uma festa junina eu vou no colégio”, contou a aposentada sobre os netos.
As caminhadas na orla da praia também são um momento propício para o bem estar mental, pois aproximam a pessoa da natureza e geram momentos de reflexão. Essa qualidade da atividade física resulta em uma mente mais descansada e disponível para que os avós embarquem nas brincadeiras dos netos e que tenham fôlego para tantas risadas e diversão, além de colaborar para que os avós possam viver mais tempo e de forma saudável ao lado dos netos.
“Tenho mais disposição. Quando venho para a praia caminhar no calçadão, sinto alívio no corpo. Eu tenho quatro netos, são as coisas mais lindas que Deus me deu, um tem 14, outro 11, e os outros dois têm 2 anos. É um amor que só Deus sabe como é gostoso esse presente que Ele me deu. Eu faço tudo, tudo que está ao meu alcance para fazer por eles. Eu cuido da minha saúde para eles, eu quero ver eles se formarem, casarem e me darem bisnetos, eu pratico atividades físicas por eles também”, contou o aposentado Pedro Augusto, de 69 anos.
