Crítica OSG | Filme 'O Ritual' tem falhas, mas compensa com grandes atuações
Longa de terror tem elenco de peso com Al Pacino, Dan Stevens e Abigail Cowen

Em mais uma presença na Cabine de imprensa, O SÃO GONÇALO traz nesta sexta-feira (25), a crítica de O Ritual, filme que estreia no dia 31 de julho, nos cinemas de todo o país.
Para começar, O Ritual não está muito distante de outros filmes de terror, mas de certa forma, busca conquistar a própria notoriedade. E talvez consiga fazer isso de maneira mais cuidadosa se comparado a outros filmes do gênero, pois não foca em elementos que já foram amplamente debatidos. O foco de O Ritual está muito mais na questão da fé do que em qualquer outra coisa.
A trama do filme ocorre com dois sacerdotes que devem lutar contra questões pessoais enquanto praticam o exorcismo. O núcleo do filme é bem simples. Gira em torno de um sacerdote principal, o padre Theophilus (Al Pacino), chamado para conduzir um exorcismo. Há o segundo sacerdote, (Dan Stevens), que lida com dilemas internos relacionados à sua história e, encerrando o trio, temos a talentosa atriz (Abigail Cowen) como a jovem possuída.
No começo do filme, vemos o padre Joseph (Dan Stevens), realizando uma missa e, em determinado instante, ele compartilha com os fiéis que seu irmão faleceu; um momento significativo, pois a partir desse ponto, nota-se que sua crença começa a desaparecer, afastando-o espiritualmente da sua vocação. Um pouco adiante, a trama explica que a lentidão no exorcismo da Emma se deve justamente à sua falta de firmeza na fé do padre.
Apesar de um contexto rico em mensagens, ficou um questionamento: será que o filme consegue transmitir esses temas de forma clara e sem achismos? Na minha opinião, sim. Tecnicamente, ele se apoia em diversos artifícios para conduzir a trama como jumpscares, sustos repentinos, ruídos altos e, acima de tudo, o fato de ser inspirado em uma história real que aconteceu com Emma Schmidt.

Sobre as atuações, tudo certo também. O padre Joseph, que, embora possa parecer um personagem chato à primeira vista, expressa perfeitamente a ideia de um sacerdote cético e apesar de não fazer muito sentido, torcemos para que ele volte às suas origens.
A atriz Abigail Cowen, que dá vida a Emma Schmidt, a jovem possuída, apresenta uma atuação rica em detalhes, é extremamente convincente. Conseguimos observar claramente a transformação da personagem, ou melhor, sua decadência, enquanto ela se entrega gradualmente à possessão. Para mim, Abigail foi um dos destaques do filme, sua atuação foi simplesmente excepcional.
Também gostaria de tirar um instante para ressaltar o trabalho de Al Pacino. Apesar de o filme apresentar algumas falhas notáveis, eu penso que, quando o diretor é capaz de conduzir a história de maneira eficaz, esses deslizes acabam se tornando irrelevantes. Há muita brincadeira na internet sobre o fato de uma figura tão emblemática de Hollywood ter aceitado esse papel devido a problemas financeiros. Para mim, essa decisão proporcionou a ele uma experiência artística valiosa. É evidente o quanto Al Pacino se entregou aos seus personagens e aqui não é diferente.
Não pretendo entrar em detalhes sobre quão fiel o filme é à história original, mas, a partir do que consegui ler, existem várias semelhanças. Tanto nos materiais promocionais quanto no próprio filme, afirma-se que este foi o caso de possessão mais documentado da história. Contudo, senti que essa abordagem faltou no filme. Por exemplo, não havia alguém registrando os acontecimentos além das anotações do padre, ou qualquer menção à cobertura da mídia em torno do caso. Para mim, essa é a principal crítica: a falta de elementos que pudessem reforçar o caráter documental da narrativa. Mesmo assim, é um filme interessante especialmente para quem gosta de terror.
⭐⭐⭐
Diretor: David Midell
Duração: 1h 38m
Gênero: Terror
Dirigido por: David Midell
Distribuidora: Paris Filmes
Estreia: 31/07/2025