Lagoa de Itaipu está seca? Entenda baixo nível de água na lagoa em Niterói
Segundo especialista, mudança no nível não tem relação direta com falta de chuvas e pode estar ligada a marés desta época do ano

Uma das principais atrações da Região Oceânica de Niterói, a Lagoa de Itaipu chamou a atenção de banhistas nos últimos dias por conta do baixo nível de água. Visitantes na última semana relataram ter encontrado o local “seco” em alguns momentos do dia, com bem menos água do que o comum em alguns trechos. Apesar de peculiar, o baixo nível pode estar ligado a fatores naturais e talvez não tenha relação com os dias quentes e de poucas chuvas na região.
Imagens registradas por visitantes mostram uma faixa de areia mais extensa que o comum e com poucos pontos de água. A cena não é constante ao longo do dia; o nível da água costuma aumentar um pouco mais na parte da tarde. O biólogo Luiz Allochio explica que a mudança natural da maré pode ser a principal responsável pelo baixo nível de água.
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“Essa ‘seca’ pode ter acontecido em função de uma maré mais baixa. A gente tem alguns tipos de maré; umas tem menor variação, como as marés de quadratura. Em outras, a gente tem um nível de água diferente. Quando Sol e Lua estão alinhados, costumam ocorrer as marés de sizígia, que são maiores, enchem mais e vazam mais. Provavelmente, essas imagens e relatos aconteceram quando a maré estava de sizígia”, destaca o biólogo. As marés de sizígia costumam, ainda, ser um pouco maiores em março, quando coincidem com a passagem do sol pelo equador.
Allochio, que atua na recuperação do manguezal nos arredores da Lagoa de Itaipu junto ao Instituto Floresta Darcy Ribeiro, conta que a falta de chuva é mais sentida na vegetação de manguezal ao redor do que no nível da água.

“Essa situação não tem tanta relação com a seca porque a lagoa é abastecida por marés, principalmente. É abastecida por chuvas também, mas o nível em si da lagoa não muda. O que acontece se passar muito tempo sem chover é o aumento do nível de salinidade da água, o que afeta os seres vivos que vivem neles, como os peixes por exemplo”, destaca.
De acordo com o biólogo, um outro fator que pode estar afetando o nível da água é a obra na recuperação do Canal de Itaipu, iniciadas pela Prefeitura em maio do ano passado. O projeto inclui recuperação estrutural dos guias-correntes, desassoreamento e desobstrução do Canal que liga a Lagoa às praias de Itaipu e Camboinhas. Com investimento estimado em R$ 44 milhões, a previsão é de que as obras sejam concluídas no segundo semestre deste ano.
