Após episódio de racismo em supermercado, mãe e filho registram boletim de ocorrência; entenda
O caso ocorreu em uma unidade do Engenho do Mato, em Niterói
O produtor de conteúdo e ativista Théo Souza e a empregada doméstica e revendedora de produtos Cilia Silva, conhecida como Cida, realizaram um boletim de ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância(DECRADI) sobre o suposto caso de racismo que sofreram na unidade do Engenho do Mato, em Niterói, da Rede Supermarket, no último domingo (1). Mãe e filho foram acompanhados do subsecretário de igualdade racial da cidade, Paulo Junior, a advogada Mari Okena e da conselheira de igualdade racial de Niterói, Ruth Souza, para registrar a ocorrência.
"A gente tinha feito uma primeira compra, passado naquela primeira caixa que eu filmei e depois fizemos uma segunda compra, porque tínhamos esquecido alguns itens no carrinho. Então eu voltei e passei de novo na mesma caixa", contou o ativista. Enquanto a mãe do jovem organizava as compras na bolsa, um segurança os abordou dizendo que tinha recebido uma denúncia e que duas funcionárias precisariam revistar as sacolas e conferir a nota fiscal das compras por conta de dois itens - um vinagre e uma farinha. "Eles trataram a gente de forma bem hostil, foi tudo na frente de todo mundo, na frente do mercado como está no vídeo", completou.
Em vídeo publicado em suas redes sociais, que já conta com mais de 801 mil visualizações, o influenciador digital registrou o momento em que foi abordado pelas funcionárias. Na gravação, é possível ver Théo pedindo para olharem as gravações das câmeras de segurança para comprovar que todos os produtos tinham sido pagos, mas tendo o seu pedido ignorado pelos servidores.
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O produtor de conteúdo disse que sua mãe ficou bem chateada com a situação, principalmente por ela já ser conhecida na região por ser uma pessoa trabalhadora. "Ela já frequentou o mercado várias vezes, eu também. Ela ia poucas vezes sozinha, quando ela ia, se sentia mal. Se sentia meio que observada pelos seguranças, quando ia com amigas brancas, já não acontecia dessa forma. Quando minha namorada [que é branca] ia comigo e com minha mãe, também não acontecia. Quando eu e minha mãe fomos sozinhos que isso aconteceu", afirmou.
Théo relatou que o gerente do estabelecimento entrou em contato com ele pouco tempo depois da publicação da gravação nas redes sociais. "Ele chamou a gente para ir lá, mas eu não poderia porque estava muito fragilizado e precisava do acompanhamento de um advogado ou alguém que me orientasse legalmente. Eu sofri uma exposição muito grande, a minha mãe uma violência mental, de certa forma, porque o racismo se estende para várias coisas. Então foi muito complicado para eu raciocinar ali naquele processo, e também eles não tiveram nenhuma retratação pública, ao contrário da exposição minha e da minha mãe, que foi pública", disse.
Em resposta à reportagem de O SÃO GONÇALO, "o Supermarket lamentou o ocorrido na loja do Engenho do Mato no domingo. A Rede destaca que é contra toda e qualquer forma de discriminação ou desrespeito e esclarece que entrou em contato com os clientes logo após o ocorrido. Lamentamos o desconforto causado e ficamos à disposição para demais dúvidas ou necessidades adicionais".