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Dia Nacional da Umbanda: Conheça a religião que foi fundada em São Gonçalo

O dia 15 de novembro é marcado pela comemoração do Dia Nacional da Umbanda, decretado pela então presidente Dilma Rousseff, em 2012

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 15 de novembro de 2024 - 12:44
A religião foi fundada em São Gonçalo, no ano de 1908
A religião foi fundada em São Gonçalo, no ano de 1908 -

Além da Proclamação da República, o dia 15 de novembro é marcado pela comemoração do Dia Nacional da Umbanda, decretado pela então presidente Dilma Rousseff, através da Lei nº 12.644, de 2012. A religião teve origem datada em 1908 em São Gonçalo. Desde então, a umbanda, que visa o amor e ajuda ao próximo por intermédio de entidades que incorporam em médiuns, vem conquistando inúmeros adeptos, apesar de ainda ser alvo de preconceito e intolerância religiosa.

Como surgiu a Umbanda?

O ano de criação considerado por estudiosos e seguidores da religião, é de 1908, apesar de existirem indícios da prática de atividades, fora o Candomblé, antes disso. O dia 15 de novembro foi escolhido pois, naquele ano, um jovem identificado como Zélio Fernandino de Moraes, de 17 anos, incorporou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, (espírito de um índio), em um centro espírita em São Gonçalo. Nesse momento, a entidade se apresentou como o mensageiro de uma nova religião.


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O jovem fundador da Umbanda foi até um centro kardecista à procura de ajuda para cuidar de uma doença grave que os médicos não encontravam um tratamento. Foi quando o Caboclo Sete Encruzilhadas deu a missão para Zélio de criar sete terreiros para a nova religião.

Ao longo dos anos de 1930 e 1937, o jovem Zélio fundou os terreiros pedidos, sendo o primeiro deles conhecido como Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, no bairro de Neves, em São Gonçalo.

Entretanto, para dar espaço a um galpão, a estrutura que sediou o primeiro terreiro em São Gonçalo foi demolida em 2011. Apesar das inúmeras tentativas dos seguidores da religião e de outras, a ação não foi impedida. Na época, a Prefeitura de São Gonçalo, que era comandada pela então prefeita Aparecida Panisset, informou por meio de nota à imprensa que “a prefeitura constatou que a casa foi destruída e não existe mais estrutura para tombamento. Portanto, nada mais pode ser feito”.

Em entrevista ao site Notícia Preta, a socióloga, escritora e mãe de Santo, Flávia Pinto, comentou que a Umbanda pode ter nascido muito antes da manifestação do caboclo.

“Esse registro é muito importante pois ele faz uma historiografia dessa religiosidade. Porém, nós sabemos que não é exatamente aí que a Umbanda nasce. Ela nasce muito antes. Nas senzalas, dentro da fusão dos quilombolas e da interação dos povos indígenas onde havia manifestação de ancestrais, chamados mais popularmente de entidade”, falou.

Ainda explicando como a religião surgiu, a mãe de santo alega que a Umbanda é totalmente brasileira.

“Ela nasce da fusão cultural que o processo de dominação, invasão do território brasileiro, chamado equivocadamente e romanticamente de colonização, faz com a mistura dos povos indígenas e o tráfico negreiro que trouxe a população negra para esse país. A junção dessas culturas mais a religiosidade do dominador, ou seja a religião cristã, fez com que nascesse a umbanda“.

Ainda de acordo com a escritora, as entidades que atuam na Umbanda, são em sua grande maioria, pessoas que enquanto estavam vivas estavam inseridas em grupos marginalizados e perseguidos pela sociedade, “Os negros, os indígenas, os ciganos, os cangaceiros, os marinheiros, as prostitutas… A umbanda é uma religiosidade inclusiva”, fala.

O que é a Umbanda?

Antes de mais nada, vale ressaltar que “A Umbanda é paz e amor, um mundo cheio de luz, é a força que nos dá vida, e a grandeza que conduz”, como relata um trecho do hino da Umbanda, deixando claro que a religião tem o objetivo de ajudar o próximo e praticar a caridade. A palavra “Umbanda” tem origem no dialeto quimbundo e tem como significado “curandeirismo ou arte da cura”. A formação da religião utiliza o sincretismo de elementos dos cultos africanos, santos católicos, costumes indígenas e até mesmo o kardecismo.

Os praticantes dessa religião acreditam em um deus soberano, conhecido como Zambi ou Olorum. Além disso, também há a crença da imortalidade da alma, na reencarnação e principalmente no carma. Durante suas práticas religiosas, os espíritos mais evoluídos, conhecidos popularmente como entidades, ajudam as pessoas que os procuram, em diferentes causas, como problemas de ajuda espiritual, abertura de caminhos, saúde física ou mental. É importante ressaltar que as entidades sempre deixam claro para os assistidos que é necessário procurar médica.

Para que ocorra a sessão, gira ou banda, como é chamado o momento em que a entidade começa a atender as pessoas, é preciso que tenha os atabaques, usados pelos ogãs e que os presentes, cantem os pontos, que são as canções em português da religião. Com isso, os médiuns manifestam incorporações e é realizado os trabalhos em ajuda aos necessitados. Além disso, é comum ver as entidades fumando cachimbo, cigarro, charuto e consumindo álcool, mas que não prejudica a saúde do médium.

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