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Setembro Amarelo destaca o aumento de suicídios entre profissionais de Segurança Pública

Dados revelam aumento alarmante de suicídios entre agentes de segurança; especialistas pedem mais suporte emocional e revisão da cultura organizacional

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 19 de setembro de 2024 - 11:52
Dados apontam que os números são crescentes entre os agentes da segurança em todo o país
Dados apontam que os números são crescentes entre os agentes da segurança em todo o país -

O Setembro Amarelo, mês dedicado à prevenção do suicídio chama atenção para os números de casos dentro das instituições da área da segurança. De acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública e do Instituto de Pesquisa, Prevenção e Estudos em Suicídio (IPPES), os Policiais Militares estão entre os profissionais mais vulneráveis ao suicídio, seguido do Corpo de Bombeiros e Polícia Civil. Especialistas da área da segurança e saúde comentam e sugerem mais atenção aos primeiros sinais apontados no comportamento.

Entre 2022 e 2024, o número de casos cresceu alarmantes 116,7%, conforme o Anuário, acendendo um sinal de alerta sobre o impacto da cultura organizacional nas corporações de segurança pública. A alta pressão, a exposição constante ao perigo e a falta de apoio emocional são fatores que contribuem diretamente para essa “tragédia silenciosa”.


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O especialista em segurança Rildo Anjos explica que o ambiente de trabalho, com suas exigências rigorosas e constante exposição ao perigo, agrava o estresse. “Fatores como o trabalho em um ambiente com características pesadas, no que tange ao emocional e a dura exigência de um bom desempenho no serviço seriam fatores importantes a serem considerados para a ocorrência desses casos”, afirma.

Rildo Anjos explica que o ambiente de trabalho, com suas exigências rigorosas e constante exposição ao perigo, agrava o estresse
Rildo Anjos explica que o ambiente de trabalho, com suas exigências rigorosas e constante exposição ao perigo, agrava o estresse |  Foto: Divulgação

Para Rildo, a rotina de extremo estresse também é um gatilho para pensamentos suicidas e também coloca em evidência a falta de acompanhamento por parte da organização. “Suas ‘tempestades’ emocionais, internas e pessoais não são tratadas, por vezes motivadas pelo preconceito em relação a problemas de natureza emocional”, declara Anjos.

Em 2023, foram registrados 118 casos de suicídio entre profissionais de segurança no Brasil, um aumento de 26,2% em relação ao ano anterior. O Rio de Janeiro lidera a lista com um aumento de 116,7%, seguido por São Paulo, com 80%. Os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024 mostram que esses casos superam os registros de mortes em confrontos e operações.

De olho na saúde mental

Embora capacitados para enfrentar situações extremas, muitos profissionais de segurança começam a manifestar sinais de adoecimento, com sintomas de depressão, transtorno de ansiedade, burnout, estresse pós-traumático e abuso de substâncias. Segundo o psicanalista Raí Rocha, esses sinais devem ser considerados um alerta vermelho.

Raí aponta que a maior incidência de casos ocorre entre homens, devido à pressão social para uma masculinidade tóxica. “Historicamente, os homens são ensinados a ser fortes, resolver problemas sozinhos e não demonstrar vulnerabilidade. Essa pressão faz com que eles demorem a perceber a necessidade de suporte emocional e psicológico”, explica Rocha, que também atua como analista comportamental.

Raí aponta que a maior incidência de casos ocorre entre homens, devido à pressão social
Raí aponta que a maior incidência de casos ocorre entre homens, devido à pressão social |  Foto: Divulgação

Apesar dessa realidade, as corporações policiais ainda carecem de legislações que exijam suporte em saúde mental para seus membros, mesmo diante dos altos níveis de estresse impostos pela natureza do trabalho.

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