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Mãe e filho viram réus por manterem mulher em trabalho análogo à escravidão por 72 anos

Maria Moura foi resgatada aos 85 anos; ela chegou à família aos 12, com promessa de receber estudo

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 11 de março de 2024 - 14:15
Maria Moura, 87 anos, está com sinais de demência e quase não enxerga
Maria Moura, 87 anos, está com sinais de demência e quase não enxerga -

Na última semana, mãe e filho viraram réus por manterem uma senhora de 85 anos trabalhando em situação análoga à escravidão no Rio de Janeiro. A empregada doméstica Maria Moura, chegou na fazenda da família Mattos Maia em Vassouras, no interior do Estado, onde o pai trabalhava, aos 12 anos e foi resgatada após 72 anos, em 2022. A vítima trabalhava sem salário e dormia aos pés da patroa, Yonne Mattos Maia. O caso foi revelado pelo programa Fantástico, no último domingo (10).

O filho de Yonne, André Luiz Mattos Maia Neumann, também responde por coação e apropriação do cartão magnético de idosos, já que no dia da inspeção o cartão do INSS da vítima estava com o patrão, que admitiu ter a senha.


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De acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT), trata-se do caso mais longevo de uma pessoa submetida à situação análoga à escravidão, um crime federal. A denúncia feita ao MPT foi anônima. Hoje Maria Moura está com 87 anos.

A família da trabalhadora conta que Maria foi morar com a família de Yonne com promessa de estudos e tratamento igualitário, o que não aconteceu. Yonne não tinha liberdade e só podia visitar a família no máximo duas vezes por ano e por pouco tempo. Idosa, Maria Moura está com a saúde debilitada e quase não enxerga.

Os acusados defendem que a dona Maria de Moura seja ouvida no julgamento. O advogado da família afirmou ao programa "Fantástico" que Maria conviveu na família a vida toda e frequentava sambas, desfiles e viagens. O pedido por ser ouvida não foi atendido porque Maria apresenta sinais de demência e está com um processo de interdição em andamento na Justiça.

Quase da família

Para o MPT, a ideia de "quase da família" é um alerta e pode camuflar uma relação de trabalho degradada. A relação disfarçada de 'familiar' tem potencial de deixar a vítima confusa quanto a seus direitos e a situação na qual está inserida.

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