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Apagão desta terça (15) foi o maior do país em quase 14 anos

Blecaute acontece pouco mais de um ano após privatização da Eletrobras

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 15 de agosto de 2023 - 17:50
Episódio derrubou pelo menos 16 mil megawatts de energia por todo o país
Episódio derrubou pelo menos 16 mil megawatts de energia por todo o país -

O apagão que deixou partes do Norte, do Nordeste, do Sudeste e do Sul do país sem energia durante a manhã desta terça-feira (15/08) foi o maior registrado no Brasil em quase 14 anos. Os 16 mil megawatts (MW) de carga interrompidos hoje, conforme informações confirmadas pelo Ministério de Minas e Energia, superou outros blecautes de grande escala recentes, como os episódios de falhas no fornecimento de energia em 2012 e 2018, por exemplo.

O caso foi o mais abrangente desde o apagão do dia 11 de novembro de 2009, quando uma tempestade no sistema de transmissão elétrica da usina de Itaipu derrubou 28 mil MW em território, deixando 18 estados sem luz. Além disso, o problema afetou também o Paraguai; o país vizinho interrompeu 980 MW no país vizinho. Foi a primeira vez na história da unidade em que a usina foi completamente desligada.


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A queda em 2009 durou entre três e seis horas e meia em diferentes regiões do país. A normalização completa só aconteceu na madrugada do dia seguinte. Foram pelo menos 60 milhões de pessoas afetadas. Na época, o ministro de Minas e Energia era Edison Lobão. De acordo com depoimento dele no dia do ocorrido, o Rio de Janeiro foi o estado mais impactado.

Imagem ilustrativa da imagem Apagão desta terça (15) foi o maior do país em quase 14 anos

Já no caso do blecaute desta terça (15/08), o alcance foi de 25 estados afetados, segundo o Ministério de Minas e Energia (MME). O problema incidiu com maior intensidade as unidades federativas do Norte e do Nordeste. 14 delas tiveram a energia cortada por mais tempo: Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rondônia, Sergipe e Tocantins.

Ainda não há confirmação oficial ou detalhes a respeito do quê ocasionou o incidente. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) disse estar investigando a ocorrência registrada às 8h31 que gerou a "separação elétrica". Apesar da intensidade, a duração foi menor do que no caso de 2009. Por volta das 9h, a situação estava estabilizada na maior parte dos estados.

Privatização da Eletrobras

O apagão acontece pouco mais de um ano após a privatização da Eletrobras, ex-estatal responsável pela coordenação das empresas do setor elétrico. Para algumas das entidades e figuras políticas que se manifestaram publicamente sobre o caso, o problema na energia pode ter sido mais um reflexo da venda da empresa para a iniciativa privada, que aconteceu em junho de 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

A primeira-dama Janja, que está em viagem diplomática junto do presidente Lula (PT), publicou, em sue perfil no Twitter, uma postagem relembrando que a Eletrobras foi privatizada no ano passado. 
Apesar de não mencionar diretamente o episódio do apagão, o tweet foi feito poucas horas após o incidente.

Ela foi a primeira figura ligada ao atual governo a fazer a correlação entre os casos. O presidente em exercício, p vice Geraldo Alckimin (PSB) não falou sobre o assunto diretamente pela manhã e manteve sua agenda prevista. Mais tarde, ele comentou: "A gente deverá, em poucas horas, se tudo correr bem, estar com tudo normalizado. E aí, vai se investigar a causa dessa perda de carga. Mas a ação foi rápida do Ministério de Minas e Energia, dos seus técnicos, das equipes todas, e a recomposição está sendo rápida".

O Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) também creditou, em nota oficial, à privatização da empresa pública o problema. "A identificação das causas do apagão anunciado poderá demorar mais devido à falta de quadro técnico experiente e capacitado alvo dos desligamentos (de pessoal) desenfreados por parte da Eletrobras. Da mesma forma, o tempo de recomposição do sistema será maior, pois a redução drástica do quadro de pessoal em todas as empresas da Eletrobras traz essa consequência", enfatizou, em nota.

Quem também associou os dois episódios foi o ex-candidato a Presidência, Ciro Gomes (PDT). Em seu perfil no Twitter, o ex-presidenciável classificou a privatização como tragédia. "Como entregar o regime de águas – e total sensibilidade estratégica da interligação de TODO O SISTEMA – nas mãos do lucro de curtíssimo prazo? Inclusive sabotagem deve ser investigada", escreveu Ciro.

Na noite da última segunda (14/08), inclusive, menos de 24 horas antes do apagão, a Eletrobras passou por uma mudança de gestão. Wilson Ferreira Junior renunciou ao cargo de CEO e foi substituído por Ivan Monteiro, ex-presidente da Petrobras. Pessoas próximas à gestão da empresa afirmam que a relação entre Wilson e o atual governo não era muito boa e que o novo chefe deve ter "melho trânsito" em Brasília.

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