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Jovem que vendia picolé no 7° BPM consegue estudar nos EUA e agradece o apoio dos policiais: "A educação transforma"

Wellington nunca esqueceu suas raízes

relogio min de leitura | Escrito por Ana Carolina Moraes | 24 de março de 2022 - 11:41
Empreendedor gonçalense vendia picolé para ter sua renda aos 12 anos
Empreendedor gonçalense vendia picolé para ter sua renda aos 12 anos -

Um ato de policiais que se preocupam com a comunidade e com os jovens inspirou e transformou a vida de um rapaz negro, gonçalense, de apenas 12 anos. Em 2021, o OSG contou a história de Wellington Vitorino, o Pelezinho, o jovem foi o primeiro brasileiro negro aprovado para cursar MBA no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos. No entanto, mesmo com tanto sucesso, o rapaz, que hoje tem 27 anos, nunca esqueceu suas origens e resolveu agradecer aos policiais que fizeram a diferença na vida dele. Na última quarta-feira (23), foi publicado em vídeo por Wellington que mostrava que ele estava no 7° BPM (São Gonçalo) entregando picolés aos policiais. Foi por causa da venda de picolés no batalhão que o rapaz conseguiu se focar em educação e no sucesso.

Os picolés são mais do que apenas um doce ou um agrado nesse caso. Os picolés são o elo que uniu Wellington com os policiais e influenciou o jovem a traçar o caminho do estudo, da persistência e do sucesso. Wellington nasceu como muitos gonçalenses, em uma família de classe média baixa e, por isso, precisou trabalhar desde cedo. Sua mãe era uma auxiliar de dentista na época e seu pai padeiro. Ele começou a vender produtos aos 8 anos, com o pai e o irmão mais velho. Inicialmente, ele vendeu água e refrigerante e depois passou a vender bolinha de gude, sacolé e o picolé. Foi aí que Wellington decidiu que seu ponto de venda seria na frente do 7° BPM. Vendo o esforço do rapaz, no entanto, os policiais de São Gonçalo o convidaram para vender os picolés aos mais de 800 policiais dentro do batalhão, mas ele deveria provar que trabalhava e estudava, com boas notas. Os militares fizeram um acordo com o jovem: ele deveria, todo final de bimestre, mostrar o boletim para os agentes para continuar vendendo seus produtos.

"No batalhão (7° BPM) eu aprendi sobre pensar de maneira mais estratégica, a ter planos para a minha vida. Como eu tinha que mostrar o meu boletim para o coronel, aprendi a assumir compromissos e a responsabilidade com pessoas que não eram da minha família”, disse Wellington ao OSG em uma entrevista anterior.

Logo depois, o rapaz passou por algumas escolas no Rio, conseguiu bolsas de estudo (ele foi estudar no  Externato Alfredo Backer, em Alcântara, com a ajuda dos militares) e foi colhendo os frutos de seu trabalho. Foi por causa da determinação e da ajuda dos policiais, que o jovem se focou mais ainda nos estudos.

"Eu lembro um caso que tirei uma nota muito baixa em redação na época e o coronel, junto com oficiais da época, me mandou escrever uma redação todos os dias e mais a frente eu fui 1.000 na redação do Enem. Sem sombra de dúvidas a educação transforma, o trabalho duro faz a gente crescer e eu realmente acredito muito que a Polícia Militar pode ter um papel ainda mais atuante trazendo a sociedade civil mais para perto e dando oportunidade, que nem eles estão fazendo agora, eu fiquei super feliz em saber, um projeto para crianças na área de jiu-jitsu e também um projeto para crianças aqui da região aonde eu cresci na área de futebol. Então, juntos e dialogando sempre a gente pode mais", contou Wellington no vídeo postado na internet. Wellington conseguiu passar para diversas universidades públicas e privadas por causa disso. Ao final, ele resolveu cursar Administração no Ibmec.

Wellington resolveu presentear os policiais que o ajudaram com picolés
Wellington resolveu presentear os policiais que o ajudaram com picolés |  Foto: Reprodução/Internet

Hoje, Wellington estuda no MIT e tem projetos próprios como empreendedor. O rapaz agradece aos militares por terem dado uma oportunidade e por terem confiado nele. Um dos que confiou nele foi o tenente-coronel Aristheu Lopes, que, na época dos 12 anos de Wellington, já servia a São Gonçalo como policial em um outro posto. A confiança deu frutos.

"Eu estava na época no 7º BPM, era capitão ainda, e nosso grupo daquele tempo foi o primeiro a ter contato com ele (Wellington) e comprar seus picolés. Garoto esperto e super educado. Virou amigo do batalhão rapidamente! Passamos a ter um pouco de responsabilidade sobre ele, pois “exigimos” que ele tivesse boas notas na escola para continuar suas vendas dentro da unidade", contou ele.

O comandante ressaltou que sente orgulho ao ver o rapaz que Wellington é hoje. "Pra mim é um sentimento de orgulho ver que o Wellington trilhou o caminho do bem e se tornou essa pessoa de caráter. E saber que nós contribuímos um pouquinho para que ele pudesse ser ainda mais dedicado aos estudos e a traçar metas em sua vida é muito gratificante", afirmou ele. 

Recordando

Essa não é a primeira vez que OSG noticia casos em que policiais são vistos como heróis e fazem a diferença na sociedade. Ainda neste mês, em uma entrevista exclusiva, conversamos com o Edson Cartonilho, ou Cabo Cartonilho, de 33 anos, que atua em Seropédica e tentou resgatar o eletricista Cleison Alves dos Santos de um rio após um acidente de carro no Arco Metropolitano. Cleison não sobreviveu, mas a família dele viu o esforço do policial e agradeceu por toda a sua coragem.

"Eu quero que eles saibam o tipo de homem que tentaram salvar. Um homem bom, maravilhoso, pai de família, amigo, com um coração gigante, trabalhador. Quero agradecer a esses homens. Vimos um vídeo deles socorrendo o Cleison, eles entraram no rio com a ajuda de um guincho, pegaram o corpo dele do carro, fizeram massagem cardíaca, respiração boca a boca e tudo mais. Ele já estava morto, mas a atitude deles fez com que eu tivesse um pouco de esperança no mundo, foi um ato de coragem. Se eles não tivessem tido essa atitude, o corpo do Cleison poderia ter afundado no rio e não ter sido encontrado depois. Há 5 anos atrás, policiais também salvaram a minha irmã que havia sido atropelada. Então, eu devo muito a essa corporação", contou a esposa do eletricista na época ao OSG.

Confira a reportagem com a família de Cleison no link a seguir: Mulher procura PMs que resgataram corpo do marido após acidente; Veja os vídeos!

Confira a reportagem com o policial Edson, responsável por tentar salvar o eletricista, no link a seguir: PM que tentou salvar eletricista em acidente de carro deixa recado para a família: 'Ele era um herói'

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