Movimento de Parkour em São Gonçalo ganha registro audiovisual
A cidade ostenta um marco importante: foi a primeira do estado do Rio de Janeiro a ganhar um Parkour Parque

O som de passos rápidos, saltos precisos e movimentos fluidos ecoa entre as estruturas de concreto da Praça Chico Mendes, em Alcântara. É ali que um grupo de jovens e adultos transforma a paisagem urbana em um verdadeiro palco de criatividade e resistência cultural. Mais do que um esporte, o parkour em São Gonçalo é um símbolo de superação, comunidade e pertencimento. A cidade ostenta um marco importante: foi a primeira do estado do Rio de Janeiro a ganhar um Parkour Parque, fruto de um projeto que deu voz e espaço aos praticantes. Entre eles, está Beatriz Barreto, cientista ambiental e apaixonada pela modalidade. Com um sorriso, ela resume a essência do esporte: “A gente aproveita esse espaço aqui, os obstáculos que normalmente as pessoas veem como se fosse um concreto, nada. A gente explora isso e se movimenta.” Para Beatriz, cada muro, escada ou banco deixa de ser apenas parte da paisagem e passa a ser um convite ao movimento.

O professor João Marcos explica que o parkour nasceu nos subúrbios franceses, inspirado no Parcours du combattant, um treinamento militar voltado à superação de obstáculos. “Ele nasceu dentro dos subúrbios franceses, descendente de uma prática militar que era o Parcours du combattant”, afirma. Segundo ele, a modalidade combina movimentos da ginástica e de outras práticas corporais para transpor obstáculos com eficiência, fluidez e criatividade. Há pouco mais de 20 anos, o cenário urbano de São Gonçalo começou a testemunhar um movimento que transformaria a cidade: o parkour. O esporte, que consiste em superar obstáculos do ambiente com agilidade, se enraizou na região de forma peculiar, como conta um dos praticantes com 11 anos de experiência: “Diferente da França, que foi o lugar de origem, a galera começou a conhecer pela internet, né? YouTube, redes sociais, Orkut.” Ele lembra que, no início, era comum amigos se reunirem para assistir a vídeos e tentar reproduzir os movimentos. Esse aprendizado coletivo e autodidata foi o motor que impulsionou a prática local. O movimento passou por fases diferentes ao longo do tempo, com períodos de maior organização e outros mais dispersos. Hoje, vive o que os praticantes chamam de “outro tempo histórico”, mas sem perder a essência. “Continuamos seguindo essa trajetória”, afirma o atleta, destacando a resiliência e a paixão que mantém a comunidade unida.
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A história do parkour em São Gonçalo é também narrada por Jonas Fernandes, professor de Educação Física e um dos pioneiros na cidade. Ele recorda que tudo começou com obstáculos improvisados e um pequeno grupo de amigos conectados pelo desejo de evoluir. Com o tempo, o que era apenas encontro entre amigos se transformou em uma rede de apoio e crescimento, que ganhou forma e reconhecimento. Essa evolução foi registrada no minidocumentário “Parkour: a arte na Rua”, produzido com um simples celular, mas carregado de autenticidade. A obra foi contemplada pelo edital cultural da Lei Paulo Gustavo, sob a gestão da Secretaria de Turismo e Cultura da Prefeitura de São Gonçalo. O vídeo traz depoimentos de Jonas, Beatriz e outros praticantes, revelando como a disciplina mudou suas vidas e a forma como enxergam a cidade. A icônica Praça Chico Mendes foi o cenário principal das filmagens, onde saltos, escaladas e manobras demonstram a habilidade e a paixão dos atletas. Publicado nas redes sociais, o minidocumentário aproximou ainda mais o público do universo do parkour e despertou o interesse de novos adeptos.

O projeto não apenas deu visibilidade ao parkour, mas também reforçou seu papel como ferramenta de inclusão e valorização cultural. Para os praticantes, cada obstáculo é mais do que um desafio físico: é uma oportunidade de crescimento pessoal e coletivo. O parkour que nasceu nas ruas hoje se consolida como um movimento que une, inspira e transforma São Gonçalo — provando que a cidade, assim como seus atletas, sabe encontrar novos caminhos, mesmo diante das maiores barreiras.