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São Gonçalo terá dois representantes no maior festival de cinema negro da América Latina

O Encontro de Cinema Negro Zozimo Bulbul contará com o curta “Casulo” e o longa “Proteção”, dos gonçalenses Ana Angel e Alberto Sena

relogio min de leitura | Escrito por Enzo Britto com edição de Thiago Soares | 28 de julho de 2025 - 22:17
O festival acontece nos dias 16 a 23 de outubro
O festival acontece nos dias 16 a 23 de outubro -

São Gonçalo terá representantes no Encontro de Cinema Negro Zozimo Bulbul. O festival, que está na 18º edição, tem como objetivo valorizar o cinema e a cultura afro-brasileira, que acontece nos dias 16 a 23 de outubro no Cine Odeon, na Cinelândia, Rio de Janeiro. O curta-metragem “Casulo” e o filme “Proteção” são os filmes da cidade no evento.

Ambos os filmes foram gravados em locações espalhadas pelo Leste Fluminense e, em um bate-papo com O São Gonçalo, os diretores falaram sobre representar a cidade no festival e sobre a produção independente de suas obras.


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Poster do filme "Proteção", dirigido por Alberto Sena.
Poster do filme "Proteção", dirigido por Alberto Sena. |  Foto: Divulgação

O filme “Proteção” aborda uma epidemia que afeta somente pessoas brancas, intitulada "peste branca". O diretor e roteirista, Alberto Sena, 56, fala que apesar da coincidência, o filme foi escrito antes da pandemia da Covid-19 e que busca tirar o negro do papel de vítima, falando sobre reparação social e o racismo.

O filme foi gravado em diversos locais do leste fluminense, como a Fazenda Engenho Novo, o Hospital Darcy Vargas, Rio Bonito e Maricá. Para o diretor, o mais importante é o senso de comunidade criado com quem trabalha no audiovisual na área. “Eu já dei aulas no curso de cinema na cidade, na época em que eu trabalhava na Secretaria, na Fundação de Arte, já dei aula de cinema na UERJ, em Niterói, e assim foi. E aí eu ia pegando aqueles alunos que eu via que tinha jeito para coisa, que gostava, tinha paixão por aquilo. Então, assim, é muito bacana você ver que você acaba pegando o aluno e levando para o set de filmagem.”

Alberto também ressalta a importância de trazer algo da cidade, feita nos olhos de quem é morador: “A gente procurou sair do formato norte-americano, sabe? Porque é importante você ter essa identidade, a sua linguagem de cena, a sua estrutura de filmagem, até para você ter uma imagética. Porque a gente não tem esse sentimento de imagem sobre a nossa visão, sobre os nossos corpos. Então, a gente poder fazer isso em um período de quase duas horas em tela, isso tem um peso muito grande.”

“É um filme que tem mais de 90%, tanto do elenco quanto da equipe técnica, pessoas negras e foi selecionado para estrear no maior festival de filmes negros da América Latina. Então, assim, a gente está bem feliz com essa notícia. A gente sabe que cinema é uma coisa cara, é uma coisa de elite, então assim, um filme feito por um diretor, um roteirista da periferia, gay, negro, isso tem muito peso.” diz o cineasta sobre a importância de participar do festival.

Imagem do curta "Casulo", dirigido por Ana Angel.
Imagem do curta "Casulo", dirigido por Ana Angel. |  Foto: Divulgação

O curta “Casulo” é inspirado na autobiografia de mesmo nome da escritora niteroiense Laila dos Santos. A obra cinematográfica faz um apanhado da história da autora. A cineasta Ana Angel, 29, conta que a história da escritora é a capacidade de se conectar com qualquer espectador: “A vida da Laila é uma super história de superação. Ela fala sobre como vencer uma infância muito pobre através da educação e sobre os valores familiares. Também fala sobre a força da ancestralidade. Então, eu acho que qualquer pessoa consegue se conectar com essa história, principalmente porque eu acho que ela se comunica muito com a negritude periférica de todos os lugares. Eu acho que é uma temática muito universal para a nossa realidade.

“Laila é da região do Cubango e morou no Jardim Catarina, mesmo bairro em que eu nasci, e me criei, e por isso também o convite para a direção do filme. E a gente gravou ele todo nas comunidades de Niterói, ali na Teixeira de Freitas, no Cubango, com pessoas de lá, dessas regiões. Então, para a gente teve essa importância também de conseguir representar os lugares, de fato, trazendo eles para o protagonismo da história.” explica Ana sobre levar a cidade para as telonas.

Participar do festival é, para a diretora, um grande feito e motivo de felicidade por estar se comunicando especificamente com o público-alvo do filme : “Fazer uma estreia no Festival de Cinema Negro para a gente é muito emocionante, porque de todos os festivais que a gente pensa em circular, eu acho que a amostra que mais tem a ver realmente com o projeto é o de Cinema Negro, porque é o nosso público-alvo. Então, é realmente muito emocionante e mais emocionante ainda estar fazendo essa estreia junto com Proteção, com Marcos e com Alberto, que são meus amigos de longa data, que me deram muito espaço também para o início da minha carreira de audiovisual em São Gonçalo.”

Ana completa a entrevista falando sobre a importância de retratar a cidade de uma maneira em que não tenha sido vista ainda: “Eu acho que são novas perspectivas desse lugar que, enfim, tem personagens muito importantes, pessoas muito importantes, e às vezes ainda é vista como uma cidade-dormitório. Então, a gente procurou muito trabalhar isso na nossa fotografia, mostrar a beleza dos lugares, que são simples, mas são lindos, e que, são nossos, a nossa história está atrelada a esse lugar.”  

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