Velvet Sundown confirma que é feita por Inteligência Artificial e reacende debate sobre uso da tecnologia na indústria musical
Banda movimentou o mercado musical no mundo e angariou milhões de fãs levantando questionamentos sobre utilização da ferramenta no setor

Na última semana um assunto dominou o noticiário devido à grande repercussão no meio musical: uma banda, sem integrantes, sem instrumentos, e sem shows programados, lançou dois álbuns em menos de dois meses.
Com sonoridade roqueira capaz de deprimir grandes artistas mundo afora tamanha a qualidade do material, a banda Velvet Sundown ganhou o mundo e já ultrapassa mais de 1,1 milhão de ouvintes em uma plataforma digital. Em uma nova atualização no spotify, a banda confirmou que é criação da Inteligência Artificial, confirmado a suposição de milhões de fãs mundo afora.
“The Velvet Sundown é um projeto musical sintético guiado por direção criativa humana e composto, interpretado e visualizado com o apoio de inteligência artificial”, diz o texto.
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Já realidade, a tecnologia não para de evoluir e está cada vez mais presente no dia a dia de diversos segmentos, entre eles o da indústria musical.
Desde os tempos do vinil, a forma como o público consome música mudou drasticamente nos últimos anos. Atualmente, lançamentos são feitos exclusivamente dentro das plataformas, e a tecnologia atua escolhendo desde as preferências dos ouvintes, até artistas similares e novas bandas.
Mas quais os riscos que o avanço dessas novas ferramentas e a criação exclusivamente digital da banda Velvet Sundown podem trazer?
Para o cantor, compositor, multi-instrumentista, produtor musical e professor carioca, Serggio Torres, a criação de uma banda exclusivamente por IA vai além do debate e fala das consequências que lançamentos assim podem trazer dentro do contexto emocional e social aliados com a tecnologia.

“A IA precisa ser alimentada e ter fontes verdadeiras para ter uma referência, e na música é a mesma coisa. O que não quer dizer que ela estará na medida ideal de sentimento. Como compositor e produtor musical, gosto de colocar a mão, sentir mesmo. Se não a música vira um mecanismo em que você não tem nem mais raciocínio. Isso é arte?”, questiona Torres.
O músico diz ainda que a indústria musical já se utiliza da tecnologia em diversas produções, mas que o ideal é sempre prezar pelo compromisso humano e social, sem deixar com que a capacidade emocional se perca no processo.
“Na parte técnica ela atende a demanda, e não vem de agora, vem de muito tempo atrás e estão cada vez mais realistas. Pode ser como uma bengala, pra pensar menos, se cansar menos. Qual a perda que a gente tem enquanto ser social em se apoiar 100% na tecnologia? Ela é necessária, mas ela não pode substituir a capacidade de raciocínio ou pelo menos não deveria", pondera.
O assunto IA e música não é novo, gerando inúmeros debates ao longo do tempo. Desde o auto-tune, quando foi criado em 1996 como recurso de voz e correção da afinação, até as batidas eletrônicas e efeitos sonoros nascidos em estúdios, muitos artistas passaram a utilizar as novas ferramentas, dando nova roupagem e texturas em sonoridades, com o objetivo de criar novos conceitos e experiências para o público.