Crítica OSG | Com Brad Pitt, “F1 - O Filme” leva automobilismo para a tela do cinema
OSG assistiu na pré-estreia à convite da Warner Bros. Longa chega aos cinemas de todo o país nesta quinta (26)

À convite da Warner Bros. Pictures, O São Gonçalo teve a chance de conferir uma sessão antecipada de um dos lançamentos mais aguardados do ano no cinema: “F1 - O Filme”. Estrelado por Brad Pitt e produzido pelo piloto Lewis Hamilton, o longa é o primeiro filme de ficção feito com a colaboração oficial da Federação Internacional de Automobilismo e chega às salas de cinema de todo o país nesta quinta-feira (26).
A produção é dirigida por Joseph Kosinski (de "Top Gun: Maverick") e - apesar do aval oficial da Fórmula 1 e da breve aparição de pilotos reais como Max Verstappen ou o próprio Hamilton - não é baseada em nenhuma história real do universo automobilístico. A narrativa acompanha a trajetória de um piloto fictício: Sonny Hayes (Brad Pitt), veterano das pistas que teve uma carreira interrompida no esporte e deixa a aposentadoria após receber um convite para competir com uma equipe novata e mentorear um jovem talento da F1 (Dansom Idris).
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São uma estrutura e premissa muito parecidas com a do "Top Gun - Maverick", que foi um sucesso inesperado de bilheteria em 2022. A aposta aqui parece ser a de repetir a dose do longa com Tom Cruise. Trocam-se os aviões de guerra pelos carros, mas o tom de cinema-espetáculo é o mesmo e a empreitada toda, assim como o último filme de Kosinski, parece uma tentativa de resgatar os blockbusters de aventura mais "humanos" que Hollywood fazia nos anos 80 e 90, quando filmes de esporte ainda podiam fazer frente à adaptações e filmes de heróis no cenário do cinema comercial americano.
Nesse sentido, “F1 - O Filme” tem algum frescor em relação a outros campeões de bilheteria dos últimos anos apenas pelo caráter tangível de sua narrativa. Nada contra os super-heróis, mas é legal ver um filme desse tipo - de claros interesses comerciais e que tenta chamar a atenção do espectador na base da grandiose - fazendo “cinema espetáculo” com uma história simples de seres humanos fazendo seu trabalho ao invés de algum personagem conhecido da cultura pop salvando o mundo. Parte do charme do filme está nesse aspecto “pé-no-chão” de seu universo.

Em contrapartida, esse frescor é circunstancial. Se a narrativa “pé-no-chão” faz alguma diferença quando se compara o filme com outros blockbusters em cartaz, ela passa longe de soar original quando pensada por si só fora desse contexto. Na verdade, em linhas gerais, a narrativa do filme segue também uma fórmula: aquela clássica aos filmes de esporte, com um arco de ascensão-queda-redenção bem esquemático. Da estrutura dos acontecimentos narrados à caracterização básica dos personagens, tudo segue esse modelo, o que por si não é problema.
O que incomoda mesmo não é exatamente a fórmula, mas a maneira quase mecânica como o filme se atém a ela. Kosinski não foge da familiaridade, mas parece muito limitado por ela para evitar que o aspecto genérico prejudique o filme. As escolhas do cineasta para filmar e conduzir o ritmo do longa são competentes, mas sempre seguras e terrivelmente claras para o espectador, de forma que sobra pouco espaço para imaginação ou para digressões que ajudem a tirar o senso de ‘déjà-vu’ que essa história formulaica inevitavelmente teria.
Com isso, a experiência do filme é sempre agradável, mas sempre inofensiva demais para gerar qualquer reação emocional mais marcante. Os momentos em que o filme mais chega perto de chegar a algo mais particularmente interessante são as cenas de corrida, que cumprem um papel bem definido dentro da fórmula, mas são filmadas com uma combinação de apuro técnico e senso de ritmo que trazem mais textura e identidade ao filme que qualquer outro elemento.

Mesmo nessas cenas, porém, “F1” se limita a escolhas mais seguras. Toda a emoção das corridas oficiais que os personagens disputam, por exemplo, já está posta em cena apenas com o que se vê na tela, mas o filme faz questão de apelar para encher o campo sonoro com as vozes de um locutor e um comentarista esportivos, que fazem questão de descrever da forma mais literal tudo o que o espectador deve entender e sentir da cena.
Com isso, “F1 - O Filme” acaba limitado às emoções superficiais que sua fórmula e suas cenas de ação podem oferecer. Formado em engenharia mecânica, Kosinski parece interessado em fazer o longa-metragem que dirige funcionar como uma máquina: operante, hábil e restrito a fazer apenas o que lhe é designado. É o bastante para fazer o filme andar, mas não o suficiente para fazê-lo mudar de marcha.
Nota: ★★★☆☆

F1® - O Filme
Estreia: 26 de junho
Duração: 2h36
Direção: Joseph Kosinski
Elenco: Brad Pitt, Damson Idris, Kerry Condon e Javier Bardem
Distribuição: Warner Bros. Pictures/Apple Original Films