Multiartista Ian Medeiros celebra trajetória na cena cultural em SG e fala sobre seu primeiro livro
Músico, compositor, escritor e cineasta é o segundo convidado da série 'OSG Encontros', dedicada a entrevistas com artistas da. No próximo dia 16, ele lança o livro 'Ana, Muito Mais Que Uma História de Amor'

Na segunda reportagem da série OSG Encontros - dedicada a conversas com artistas de São Gonçalo, Niterói e região - a redação de O São Gonçalo recebe uma figura de destaque na cena cultural gonçalense: o multiartista Ian Medeiros.
Nascido e criado em SG, Ian é músico, produtor cultural, cineasta, roteirista, poeta e escritor. Com uma vasta trajetória cultural na Região Metropolitana, o artista falou com OSG sobre seus projetos, o início de sua carreira na música e seu mais novo trabalho, o livro "Ana - Muito Mais que Uma História de Amor", uma biografia romanceada com lançamento marcado para o próximo dia 16.
Confira nossa conversa na íntegra:
OSG: Para começar, a gente quer saber um pouco das suas origens: você é de São Gonçalo mesmo?
Ian: Eu nasci e cresci em São Gonçalo. Venho de uma família de músicos: meu avô era músico, meu pai era músico e eu acabei entrando para essa carreira de músico. Eu costumo dizer para as pessoas que eu sou um músico que faz outras coisas pela arte, mas a música é meu elemento fundamental, é minha raiz. Tudo o que eu sou hoje, abaixo de Deus, foi a música que me deu.
A arte floresceu dentro de mim de uma maneira tão forte que acabou me levando para outras vertentes da arte como um todo, como é o caso do cinema. Acabei ganhando um festival de cinema em São Gonçalo com o filme “Papo de Malandro”, que está no YouTube para a galera ver. Estou agora envolvido também na questão da literatura, toco vários instrumentos e por aí vai.
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OSG: E como é que toda essa trajetória começou para você? O que despertou esse interesse na arte?
Ian: O João Nogueira tem uma canção em que ele diz que “ninguém faz samba só porque prefere. Falando de um modo geral, a arte acaba nos levando por caminhos que a gente nem imagina. E assim aconteceu comigo. Eu vim da música, como disse a você. O meu pai é músico; o Jorge Ben Jor é da família do meu pai… Então, a gente já tem na vertente da família essa coisa da música e tal.

A música acabou me levando para essa coisa da literatura. Eu comecei a compor muito cedo, escrevia umas coisas que não tinham muito sentido, mas que acabaram me forçando a escrever de verdade. Fui buscando escrever melhor, conhecendo pessoas que me levaram a escrever coisas mais fortes, coisas mais robustas, porque, quando a gente começa, a gente escreve o que está na cabeça.
OSG: Isso foi em que época?
Ian: Desde pequeno, eu já tinha isso, mas só fui, de verdade, perceber que era isso que a arte quer de mim lá para os lados de 1990. Desde 1990 até aqui, eu tenho feito algumas coisas pela arte de São Gonçalo, fundamentalmente.
OSG: 35 anos se passaram e quais são os seus projetos agora para 2025? Soube que está pintando um livro aí.

Ian: Para 2025, o projeto mais latente, que já vai sair agora no dia 16, é o lançamento do meu primeiro livro. Tenho outros livros escritos, com linguagens e estilos diferentes; porém, essa é uma biografia romanceada.
Não é somente uma biografia porque uma biografia pode ser muito engessada. Eu sou romancista também, sou contista, poeta. Acabei escrevendo [esse livro] para a mulher da minha vida. O nome dela é Ana e escrevi em homenagem a esse grande amor da minha vida. A biografia se chama “Ana - Muito Mais Que Uma História de Amor”. [O livro] fala muito da década 1970 em São Gonçalo, em particular. Fala de tudo que a gente viveu aqui.

OSG: Poxa, bem interessante; é o amor e a arte caminhando juntos, né? E como vai ser o lançamento?
Ian: O lançamento vai acontecer no formato físico, no dia 16. Quis essa data porque culmina no aniversário dela [Ana]. O grande lance do livro é que ele não trata só de uma história de amor; ele fala muito mais do que uma história de amor. Ele é ambientado na década de 70, com as tendências, pessoas e costumes daquela época. E o livro traz também um alerta muito forte, inclusive, para essa geração de agora. São conselhos do que não fazer para que a vida transcorra de uma forma melhor.
OSG: Onde vai ser o lançamento?
Ian: Vai ser lá no Colégio Paraíso, próximo àquela entrada do Gradim, no dia 16/06, às 19 horas. Porém, a galera tem que chegar e mandar o nome para a lista, porque o local é restrito. São 150 pessoas; eu gostaria de colocar o mundo todo, mas não cabe.
OSG: A gente fica no aguardo desse lançamento. Eu queria que você falasse agora um pouco sobre cinema; o que você tem feito nessa outra área?
Ian: Cinema é uma outra paixão, né, bicho? Cinema e fotografia são paixões que surgiram e eu, de verdade, não esperava. Falei aqui sobre a questão do filme que fiz, o “Papo de Malandro”. Foi um filme completamente feito com o celular. Ele conta a história de um garoto que entrou para o crime. O filme traz a grande mensagem de que o crime não compensa, desmistificando essa coisa toda de que a criminalidade compensa.
Fora o “Papo de Malandro”, eu fiz diversos outros trabalhos. Fiz clipes - inclusive um clipe para a música “Acordes em Flor”, que é uma música minha e do Décio Machado. Fiz um documentário sobre o Iris Nascimento, que é um ‘monstro’, um grande músico de São Gonçalo, também não reconhecido. Fiz um outro documentário do Décio Machado, que também é um outro ícone de São Gonçalo.
São Gonçalo tem grandes personagens dentro da arte que não são reconhecidos pelo município. Isso me deixa extremamente chateado, mas a gente tenta fazer a nossa parte de alguma forma. E o cinema, para mim, é isso. Eu vou tentando fazer uma coisa aqui, uma coisa ali, e tamo indo.

OSG: Tem um projeto bem legal seu recente em que você colocou, simultaneamente, artistas se apresentando em diferentes pontos da cidade. Fala um pouco sobre essa iniciativa tão bacana que você realizou.
Ian: A gente, que é artista, acaba fazendo várias coisas e acabei migrando para a produção cultural. Um dia, eu estava ali em frente a Delegacia, a 72ª DP (Mutuá), e parou um músico amigo meu, flautista também, e me perguntou “Já sabe tocar [a música] “Doce de Coco”. E, pô, o “Doce de Coco” não é doce, né? É um chorinho da pesada. Eu falei que não tava tocando ainda e ele sacou, de uma bolsa de pano, uma flauta doce; começou a tocar ali loucamente na frente da Delegacia, no ponto de ônibus.
Eu percebi que as pessoas ficaram entusiasmadas com aquela performance. Aquilo me deu um insight. Assim surgiu “Um Músico em Cada Esquina”. A princípio, a ideia era trazer músicos solistas: flautistas, saxofonistas, guitarristas. Eu tive alguma dificuldade com a aquisição dessa galera; muita gente não quis tocar na rua, achou que a estrutura não era legal. Mas nós tivemos a grande sorte de escrever esse projeto e ganhar um edital.
Através desse edital, eu consegui colocar oito músicos, cada um em um lugar diferente de São Gonçalo. Eu, por exemplo, toquei ali no Pátio Alcântara.

OSG: Quem mais participou?
Ian: Foi Ronnybaby, Ligia Helena Carvalho, Ed Manhães, Ricardinho Sax, Ícaro Castro, Íris Nascimento e Dílson Villar.
OSG: Para fechar, qual é o seu planejamento agora? Além do livro, o que mais você tem planejado para esse ano?
Ian: O livro é, agora nesse primeiro momento, o que está no meu norte. Futuramente, já está na minha bancada de projetos também um filme chamado “O Quarto”. O roteiro já está pronto, está tudo pronto. Precisa só daquele apoio da cultura de alguma forma, dos editais para que a gente possa gravar. “O Quarto” é um curta-metragem que tem por volta de 30 minutos.
De alguma forma, a minha caneta foi muito na direção das questões da sociedade, tanto na minha escrita como músico como na minha escrita também. Eu tenho uma caneta pesada nesse sentido e “O Quarto” vem para provar às pessoas que o grande vilão dentro da sociedade é o preconceito. filme] fala de vários temas e vou trabalhar em cima de uma temática meio Chaplin. Só vai ter um personagem e esse personagem não tem voz.
OSG: Bacana! Como que a gente faz para continuar acompanhando esses projetos? Fala aí quais são as suas redes sociais.
Ian: Meu Facebook é Ian Medeiros e o Instagram é @ianmedeirosartista. E tenho também, na Nova Líder FM 101,7, de terça a quinta-feira, o programa Dia de Alegria, de 10h às 12h.