Conferência Livre de Mulheres Cidade D’Elas promove debate sobre democracia e direitos em São Gonçalo
Organizado pelo Coletivo ELA em parceria com outros movimentos da sociedade civil, evento reuniu cerca de 180 mulheres na FFP-Uerj

Cerca de 180 mulheres se reuniram nessa quarta (04) para discutir propostas de políticas públicas na Conferência Livre de Mulheres “Cidade D’Elas – A Cidade que Queremos”, que aconteceu na Faculdade de Formação de Professores (FFP) da Uerj, em São Gonçalo. Com o objetivo de fortalecer a presença feminina no debate democrático sobre diferentes temas, o evento elegeu três mulheres da cidade para representar a sociedade civil local na 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, que acontece no mês de setembro, em Brasília.
A Conferência foi organizada pelo Coletivo ELA, em parceria com outros movimentos sociais e grupos de pesquisa e ativismo social da região. Além de oficinas, rodas de conversa e atividades culturais, o espaço promoveu, principalmente, grupos de trabalho - divididos por cinco temas - para que as participantes discutissem propostas de políticas públicas voltadas ao bem-estar e aos direitos da mulher. As melhores propostas serão levadas para a Conferência Nacional.


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“Nós estamos com 180 credenciadas e vamos eleger aqui, três delegadas titulares e três delegadas suplentes, que vão ser encaminhadas para a Conferência Nacional, onde elas vão defender as três propostas que a gente eleger aqui”, explica Graciane Volotão, fundadora do Coletivo ELA. Segundo ela, a maior parte das credenciadas nunca havia participado de uma conferência política do tipo.

Uma das propostas do evento é apresentar novas possibilidades de participação social a essas mulheres. “A ideia inicial era fazer uma conferência simples para promover participação política e exercício da cidadania. Quando veio a possibilidade de a gente participar da conferência nacional, a gente se empolgou ainda mais”, destaca Graciane.
A jornalista e autora Renata Toledo foi uma dessas credenciadas que nunca tinha participado de uma conferência do tipo. Participante do GT que debateu Cultura e Lazer, ela gostou da experiência de participar do evento e acredita que realizar esse tipo de ação, sobretudo em um território periférico como o de São Gonçalo, é um passo importante na luta pela representatividade feminina no debate político.

“A nossa cidade, por exemplo, tem vinte e poucos vereadores e apenas duas são mulheres. E não é uma realidade só de São Gonçalo; é uma realidade do país, né? São duas governadoras, se não me engano, no país inteiro. Nós, mulheres, somos a maior parcela da sociedade, mas não estamos sendo representadas. Não é uma questão só mais de a gente ser representada; é sobre a gente ter voz para falar também. Não é mais só sobre representar, é sobre pertencer”, disse a autora.
Alunos do campus São Gonçalo da UERJ e participantes dos coletivos envolvidos no evento ajudaram na organização do evento, que contou ainda com um espaço reservado para os pequenos. Mães inscritas em grupos de trabalho puderam deixar seus filhos em oficinas preparadas pelo evento enquanto participavam das discussões da Conferência.

Entre as participantes estavam mulheres de diferentes áreas e setores diferentes da sociedade. A ideia é que o maior número possível de mulheres pudesse ver sua voz representada.
“O mais importante de tudo que eu vou levar do evento é que me deram voz. Deram voz a essas mulheres que, muitas das vezes, são de periferia e não tem voz. A gente que vive ali dentro [da periferia] também pode bater panela, pode ter nossos direitos. Não estão fazendo nenhum favor para a gente; são nossos direitos”, destaca a maquiadora Milleny Gagarin, que participou da equipe de Comunicação do evento.
Colaboraram com o evento os coletivos Escritoras Vivas, Colei, Lugar de Menina, Casa Comum, Cidade no Feminino, DAGEOP, DMAT, ONG Mulheres da Parada, Movimento de Mulheres, Rede Mulher, entre outros.