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São Gonçalo do Alto: Dim Carvalho exibe documentário com imagens gravadas por drones

Documentário busca ressignificar o olhar dos moradores e mostrar locais e características ainda desconhecidas da cidade

relogio min de leitura | Escrito por Cristine Oliveira | 03 de junho de 2025 - 14:51
O documentário registra a cidade de São Gonçalo com um outro olhar
O documentário registra a cidade de São Gonçalo com um outro olhar -

A beleza de São Gonçalo de uma nova perspectiva! É o que o fotógrafo Dim Carvalho pretende com o documentário 'São Gonçalo do Alto - entre o céu e o asfalto', que reúne imagens de drones de diversas localidades da cidade.

A intenção é mudar o olhar da população - 896.744 habitantes segundo último censo - sobre o local onde vivem, contando suas histórias, além de revelar lugares e características ainda desconhecidas. O documentário será exibido gratuitamente no dia 7 de junho, a partir das 18h, na Arte Galeria Box. Endereço: Avenida 18 do Forte, número 212.

O trabalho de fotografar São Gonçalo começou entre 2021 e 2022, quando Dim Carvalho organizou um fotodocumentário, com imagens de drones. Quando surgiu a oportunidade de investir mais recursos, graças à Lei Paulo Gustavo, a ideia foi trazer ‘vida’ para as imagens para contar a história de São Gonçalo, buscando fugir de imagens estáticas.


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“Com o advento da Lei Paulo Gustavo, eu vi uma oportunidade de transformar essas fotos, trazer um pouco mais de movimento e contar as histórias da cidade. Para a gente não ficar só naquela coisa de um post estático do Instagram, mas também levar para mais distante, para outras pessoas e ressignificar também a maneira que elas veem a cidade. Visa trazer um pouco disso e para não ficar só para mim ou jogando para festivais, a ideia é que outras pessoas vejam, que chegue a mais gente”, explicou o fotógrafo.

Um dos objetivos foi deixar de lado imagens estáticas e mostrar a vida da cidade
Um dos objetivos foi deixar de lado imagens estáticas e mostrar a vida da cidade |  Foto: Layla Mussi

"Se olharmos de perto, é o que tem basicamente em toda cidade. A falta de segurança, o descaso na saúde, a sujeira, mas isso a gente encontra em qualquer lugar. Então, o documentário busca trazer um pouco dessa noção de que podemos olhar diferente para o lugar onde vivemos, que não vou ficar sempre preso àquela mesma ideia de querer descartar tudo e ir para fora. Eu  sempre olho e admiro. Percebi que não tinha ninguém olhando para dentro da cidade, as pessoas se preocupam mais em falar de outros lugares”, completou.

Imagem do centro de São Gonçalo
Imagem do centro de São Gonçalo |  Foto: Dim Carvalho

Dim Carvalho conta, ainda, que se sentiu motivado a iniciar o projeto quando ouviu comentários pejorativos sobre São Gonçalo:

“Quando eu comecei a fazer fotos e vídeos, tinha gente que vinha com ‘hate’ mesmo, ‘ah vai fotografar outro lugar’, ‘vai fazer foto de praia, de montanha’, só que eu percebi que quando a gente olha muito para dentro, gera esse incômodo. Pensei que, se está gerando esse incômodo, a gente precisa conversar sobre isso, como uma terapia, precisa mostrar que tem uma visão diferente, que aquilo precisa ser debatido, para você entender melhor a raiz do problema e querer mudar de dentro para fora mesmo”.

No primeiro momento, o trabalho de Dim Carvalho não foi bem aceito pelos moradores da cidade
No primeiro momento, o trabalho de Dim Carvalho não foi bem aceito pelos moradores da cidade |  Foto: Layla Mussi

As belezas naturais também foram exploradas no documentário.  

“O documentário também visa um olhar mais turístico, que são os pontos da cidade que poderiam estar sendo melhor aproveitados pela população, mas  pouca gente conhece. Teve gente na minha equipe que foi ao local, que não fazia ideia que o lugar existia. Tem gente que se você perguntar sobre o Alto do Gaia, nunca ouviu falar e é o nosso ponto mais alto da cidade. A gente sai da nossa própria cidade para fazer trilha em outros lugares, por exemplo, no caminho do Alto do Gaia, tem um bosque enorme, parecido com aquele bosque de Eucalipto de Niterói. Temos a mesma coisa aqui na nossa cidade, só que fica esquecido. A ideia é trazer um pouco mais para a luz esses pontos, para ver se de alguma forma as pessoas se interessam mais pela cidade”, acrescentou Dim Carvalho.

Imagem a partir da Praia das Pedrinhas, a Ilha de Itaóca, registrando a BR-101
Imagem a partir da Praia das Pedrinhas, a Ilha de Itaóca, registrando a BR-101 |  Foto: Dim Carvalho

Dentre as paisagens mais fascinantes, o que mais impressionou o fotógrafo foi algo que está tão próximo e, ao mesmo tempo, tão distante do conhecimento das pessoas.

“Eu lembro até hoje da primeira vez que eu subi o drone no centro da cidade, eu estava em frente a Igreja Matriz e eu fui com ele (o drone) um pouco em direção à Praça Zé Garoto, que tem uma rotatória em frente ao posto de saúde. Só que ali tem uma rosa dos ventos, que eu nem fazia ideia que existia. Para mim, a imagem mais impactante do meu primeiro contato com o drone é essa. É ver uma forma diferente da nossa cidade que estava ali o tempo todo mas ninguém sabia ou quase ninguém sabe", comentou.

Imagem registrada a partir do centro de São Gonçalo. Na parte inferior esquerda tem a Igreja Matriz e a Praça Zé Garoto
Imagem registrada a partir do centro de São Gonçalo. Na parte inferior esquerda tem a Igreja Matriz e a Praça Zé Garoto |  Foto: Dim Carvalho

Drones

A utilização dos drones estão cada vez mais comuns em produções audiovisuais, pois possibilitam mostrar o local de diversos ângulos, incentiva a liberdade criativa, ajuda a alcançar locais de difícil acesso, além de tornar a narrativa mais dinâmica. Todas essas características aliadas à curiosidade do fotógrafo fizeram com que ele se aprofundasse na área das imagens de drones.

“Começou há uns três para quatro anos, de forma bem amadora e depois foram surgindo outros trabalhos de campanhas publicitárias também e o cinema, onde eu praticamente me encontrei, onde eu gosto de fazer, de criar[...] a ideia é sempre assim sair da normalidade, então quando você sobe mais a câmera, muda o ângulo, e você consegue contar melhor essa história e ter outras narrativas também”, destacou.

Entre os desafios do uso de drones, estão ataques de pássaros, rota de helicópteros, além do risco de perder o equipamento.

Premiação do documentário “São Gonçalo do Alto - entre o céu e o asfalto”

O Curta Monle, festival de filmes, curtas e documentários que acontece em João Monlevade, em Minas Gerais, abriu uma votação popular nas redes sociais para diversas obras do audiovisual, e entre os concorrentes estava o documentário ‘São Gonçalo do Alto’, que garantiu o terceiro lugar no ranking.

“Na terça-feira (27) a gente recebeu a notícia que o documentário estava em terceiro lugar no Festival de Curtas e Documentários, em Minas, então assim, já é uma das nossas vitórias, ou seja, a gente está levando a cidade para outros locais. O documentário também foi selecionado para ser exibido em Portugal. É você levar a cidade a um outro nível, a um outro patamar, ou seja, realmente ver uma São Gonçalo do alto, ter essa possibilidade, ter essa visão do projeto mostra que a gente tem potencial e pode seguir realmente além do que a gente está sempre condicionado”, disse Dim Carvalho.

Em razão de seu excelente trabalho no documentário, que também será exibido na Rússia, Dim Carvalho se tornou sócio da Academia Brasileira de Cinema, trazendo ainda mais visibilidade para a cultura e arte da cidade de São Gonçalo, que a partir desse momento tem um representante documentarista na organização.  

Olhar por meio das lentes

A exploração por meio das lentes fotográficas começou ainda durante a pandemia, quando Dim Carvalho sentiu a necessidade de registrar como as ruas de São Gonçalo estavam durante o lockdown, o que deu origem à ‘Cidade em Quarentena’.

“Durante a pandemia eu ainda fazia fotos de forma amadora. Minha grande paixão pela fotografia é ver o cotidiano. Sempre comentava que, quando a gente está dentro do ônibus, está todo mundo olhando para dentro, cabisbaixo. E eu estava sempre tentando olhar para a janela para ver algo diferente. Então, o projeto que surgiu durante a pandemia, o ‘Cidade em Quarentena’ visava muito isso, mostrar o dia a dia da nossa cidade passando por um período ímpar da nossa história. Registrei a cidade praticamente vazia no dia de semana e aquilo era absurdo, perceber que a gente estava passando por isso e era algo a nível global. Precisava ser registrado, precisava ser guardado”, concluiu.

Durante a pandemia Dim Carvalho fez o 'Cidade de Quarentena'
Durante a pandemia Dim Carvalho fez o 'Cidade de Quarentena' |  Foto: Layla Mussi

Ficha técnica do documentário

Agnes Lima - Still

David Torres - Imagens aéreas

Dim Carvalho - Produtor, Direção, Roteiro, Imagens aéreas, Decupagem, Montagem

Joanna Fernanda - Produção, Revisão de texto

Marcos Moura - Direção Executiva  

Marlon Vieira - Direção de Fotografia 

NZILA Traduções - Tradução, legenda

Rafaela Machado - Design, Identidade Visual

Seixas - Operador de câmera, captação de som

Thàys Rangél - Maquiagem 

Yan Alves - Edição e Color Grading 

Lei Paulo Gustavo

A Lei 195/2022, mais conhecida como Lei Paulo Gustavo, busca oferecer oportunidades de democratizar a cultura no Brasil, possibilitando que diversos tipos de artes possam chegar à população, além de criar oportunidades de emprego e renda para artistas, produtores culturais e outros trabalhadores ligados a área artística, de acordo com Roberta Martins, secretária dos Comitês de Cultura do Ministério da Cultura (MinC)

*Sob supervisão de Cyntia Fonseca

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