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"Fielzera": rapper niteroiense canta suas rimas pelos ônibus da cidade

Diego Borges da Conceição, de 25 anos, é natural da "cidade sorriso" e usa todo o seu carisma e simpatia para (en)cantar os passageiros durante as viagens diárias por Niterói

relogio min de leitura | Escrito por Lívia Mendonça | 18 de setembro de 2023 - 19:29
O rapper resolveu trabalhar fazendo suas rimas em transportes públicos há mais ou menos dois meses
O rapper resolveu trabalhar fazendo suas rimas em transportes públicos há mais ou menos dois meses -

Conhecido como "Fielzera", o rapper niteroiense de 25 anos, Diego Borges da Conceição, é morador de Santa Rosa e divide sua rotina entre os estudos e trabalho que realiza, rimando pelos ônibus da cidade. O artista, que sempre gostou de música, há um tempo já canta e toca violão, mas antes era só no pop. "Confesso que nunca pensei em ser rapper". 

"Eu tinha uma amiga que ia lá pra casa e a gente rimava, de brincadeira mesmo, mas não muito sério. Foi quando vi o MC Estudante, que é um rapper carioca que ficou conhecido através das rimas, e comecei a assistir vários vídeos dele. Foi a minha inspiração, acabei me apaixonado pelo rap", disse Fielzera. 


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Em entrevista a O SÃO GONÇALO, o artista contou, inclusive, sobre a origem do seu nome artístico, que surgiu através de um antigo relacionamento. "Esse nome surgiu quando eu gostava de uma garota. Mesmo após o término da relação, eu continuei muito fiel a ela e ai meu apelido pegou como Fielzeira", disse em tom descontraído. 

O rapper resolveu trabalhar fazendo suas rimas em transportes públicos há mais ou menos dois meses, devido a falta de espaço na cidade para este tipo de representação artística, e agora divide sua rotina entre o rap e o curso de marketing que faz no Firjan, também em Niterói. 

O rapper divide sua rotina entre o rap e o curso de marketing que faz no Firjan
O rapper divide sua rotina entre o rap e o curso de marketing que faz no Firjan |  Foto: Filipe Aguiar

"Amanheço e já pego o ônibus pra fazer as minhas rimas. Depois vou para o curso e quando saio, volto à fazer as rimas novamente. Quando comecei, já entrava no ônibus pedindo desculpa, contando que ainda era iniciante, mas com o tempo fui me aperfeiçoando mais e mais. Uma vez cheguei a fazer rima no trem em Santa Cruz e um cara chegou pra mim e falou que era de São Paulo, me elogiou, falou que eu rimava muito, pediu uma rima e ainda me gravou", contou Fielzera. 

Desafios diários no transporte público 

O artista enfrenta diversos tipos de dificuldades para continuar divulgando sua arte dentro da música, principalmente diante do preconceito que algumas pessoas expõem em relação a esse tipo de trabalho. 

"Tem que ter pé no chão e mente fria, porque tem muito preconceito, tanto profissional como racial. Você nunca sabe como vai ser a reação da pessoa", contou. 

Fielzera tem o sonho de viver da música e continuar cantando suas rimas
Fielzera tem o sonho de viver da música e continuar cantando suas rimas |  Foto: Filipe Aguiar

O rapper também "passa o chapéu" ao fim das suas apresentações no ônibus, para que aqueles que desejem possam contribuir com seu trabalho. 

"Algumas pessoas me ajudam com um dinheiro e isso incentiva o meu trabalho, mas o meu foco maior é divulgar a minha arte, minha rima, meu rap, essa é minha meta. As vezes não pego nem um real, mas se recebo um sorriso, uma palavra de motivação, já faz toda diferença", disse o músico. 

O artista enfrenta diversos tipos de dificuldades para continuar divulgando sua arte dentro da música
O artista enfrenta diversos tipos de dificuldades para continuar divulgando sua arte dentro da música |  Foto: Filipe Aguiar

Relação com a família

O artista, que é morador do bairro Santa Rosa, na cidade de Niterói, vive junto aos pais e a irmã, e, durante a entrevista, contou um pouco sobre a sua trajetória artística sob a perspectiva da família. 

"Meus pais não gostavam muito no começo, tinham medo, preocupação, principalmente sobre isso de "passar o chapéu", como se eu fosse um pedinte. Eu tenho uma visão diferente, o MC Estudante fazia isso, na barca fazem isso, eu vejo como um trabalho, como uma forma de divulgar minhas rimas", disse Fielzera. 

Acompanhando o filho durante a reportagem, Aledir da Silva Conceição, também natural de Niterói, disse que se sente orgulhoso do filho, mas que o receio realmente existiu.

"A gente tinha receio, principalmente pela violência, tanto sobre estar exposto quanto a isso de pedir dinheiro. Também existe muito preconceito, quantas vezes já explicamos que ele não está pedindo dinheiro, e sim divulgando seu trabalho. Mas a gente vê o foco dele, o talento, que ele não faz música com letras ofensivas, são rimas alegres, que não geram nenhum problema", afirmou o pai do rapper. 


Autor: Filipe Aguiar

Sonho na música

Fielzera tem o sonho de viver da música e continuar cantando suas rimas, através da persistência e coragem de enfrentar as ruas da cidade, dia após dia. O artista também utiliza seu Instagram @fielzera_4 para divulgar um pouco do seu trabalho. 

"É o meu sonho, continuar na música, ser cada dia mais reconhecido. Tenho uma vontade imensa de viver disso e até mesmo de fazer uma faculdade de música, para cuidar da voz e me aperfeiçoar cada dia mais", declarou o artista. 

* Lívia Mendonça é estagiária sob supervisão de Sérgio Soares 

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