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Violência cancela tradicional Desfile da Independência em Santa Izabel

Em 2016, traficantes atacaram guardas municipais

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 07 de setembro de 2017 - 07:44
Acostumados a desfilarem, cantando os hinos da Independência e da cidade, alunos lamentaram o cancelamento do evento cívico. Eles esperam ser convidados para o desfile de aniversário
Acostumados a desfilarem, cantando os hinos da Independência e da cidade, alunos lamentaram o cancelamento do evento cívico. Eles esperam ser convidados para o desfile de aniversário -

“Já raiou a liberdade no horizonte do Brasil... Brava gente brasileira! Ou ficar à pátria livre ou morrer pelo Brasil”. Hoje, Dia da Independência, a letra do hino, de Evaristo da Veiga, não vai ser cantada pelos estudantes das escolas de São Gonçalo. Passados 195 anos, do grito de Dom Pedro I, às margens do Rio Ipiranga: Independência ou Morte!, a sociedade se vê mais uma vez, ‘colonizada’. Mas, agora, a falta de liberdade não é fruto do domínio da Coroa Portuguesa e, sim, da violência de traficantes de drogas que impõem seu poder.

O tradicional Desfile da Independência, que ocorria há 16 anos, na Estrada do Cordeiro, em Santa Izabel, foi cancelado pela Prefeitura de São Gonçalo, em função das ameaças de traficantes que controlam a venda de drogas nas comunidades do entorno do local onde é realizado o evento cívico. Em 2016, pela primeira vez, houve registro de ataque dos traficantes contra guardas municipais que faziam segurança do desfile, deixando um deles ferido com tiro nas costas.

Com o cancelamento, cerca de três mil alunos de 27 escolas da região deixarão de se apresentar para um público de 20 mil pessoas.

Para o cabeleireiro Renato Ferreira, 40 anos, que mora no bairro desde que nasceu, a situação é muito triste. “Estávamos aguardando o desfile e fiquei muito surpreso ao saber que foi cancelado. Esse desfile era um belíssimo espetáculo de civismo e fazia sempre questão de levar os meus dois filhos de 5 e 13 anos. Assistimos aqui e no centro da cidade, no aniversário. Fico muito entristecido ao saber que não teremos essa festa no bairro. Gostaria que essa decisão fosse revista”, afirmou.

Quem também não gostou de saber do cancelamento foram os alunos da Escola Estadual Amanda Velasco. Ex-alunos do Escola Municipal Célia Pereira Rosa, eles desfilaram por vários anos.

“Todo ano nos preparamos para essa data. Não entendemos porque cancelaram se é uma data tão aguardada. Esse ano mudamos de escola, mas com certeza participaríamos até porque temos muitos amigos lá”, disse o estudante do 9º ano Gabriel Rodrigues, 15.

Opinião compartilhada pelo estudante Deivison Rodrigues, 16. “Queremos ter a liberdade de poder desfilar. Esse evento é aguardado por todos, mesmos por aqueles que não desfilam”, contou.

Desfile termina em confusão - No desfile cívico do ano passado, que marcava os 15 anos do evento, um guarda municipal foi atropelado e outro baleado, na Estrada do Cordeiro. O caso ocorreu quando um dos agentes do Grupamento Ambiental de São Gonçalo (GPAM) aguardava a desmontagem do palanque e abordou um motoqueiro que estaria fazendo arruaça próximo ao local.

O motoqueiro não teria obedecido a ordem para parar e atropelou o agente. O outro guarda chegou para tentar socorrê-lo, mas acabou sendo baleado no braço direito. Após a ação, os criminosos fugiram do local.

Escola na Trindade também teve evento cancelado - O tradicional desfile do Centro Educacional Crescendo e Aprendendo (Cecap), na Trindade, que acontecia tradicionalmente há oito anos, também precisou ser cancelado por conta da violência.

Os pais de alunos foram surpreendidos, com uma circular divulgada pela unidade de ensino, informando que a Guarda Municipal classificou a escola como ‘situada em área de risco’ e para manter a segurança dos estudantes o evento seria cancelado.

Através de nota oficial, a Guarda Municipal de São Gonçalo informou que a decisão foi tomada com intuito de garantir a segurança dos alunos e da população em geral.

Escolas esperam desfilar no aniversário

Quem também não concordou com a decisão, foram os profissionais do Escola Municipal Professora Aurelina Dias Cavalcante, na Amendoeira, que sempre se destacaram pelas apresentações de sua banda.

“Lamentamos bastante o cancelamento deste evento, mas infelizmente, apesar da tradição de nossa escola não teríamos condições de participar. Não temos maestro na banda e nem uniformes para os alunos. Acho a violência uma agravante, mas sofremos também com a falta de investimentos”, disse uma professora.

Na Escola Municipal Professora Margarida Rosa Marques Galvão, também na Amendoeira, os funcionários e pais de alunos esperam ser convidados para o desfile de 22 de setembro.

“A direção está em reunião hoje para decidir se vamos ou não desfilar em 22 de setembro. Espero que nossos alunos possam desfrutar desse evento”, disse uma professora.

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