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Traficantes vendem terrenos, cobram pedágios e levam temor ao Buraco do Boi, em Niterói

Lotes em terrenos públicos estão sendo vendidos dentro da comunidade

Escrito por Redação | 11 de agosto de 2020 - 09:06
Os valores mais altos estão sendo cobrados por terrenos públicos
Os valores mais altos estão sendo cobrados por terrenos públicos -

Venda de terrenos, fiscalização e cobrança por obras irregulares, além de cobrança de pedágio. Tudo isso seria normal se não não estivesse sendo praticado por traficantes de drogas da comunidade Buraco do Boi, no Barreto, em Niterói. A ação, no entanto, parece ser apenas uma evolução do "trabalho" que já estava sendo feito pelos criminosos, desde 2019, quando a equipe do OSG divulgou com exclusividade que os bandidos do Buraco do Boi estavam vendendo calçadas para barracas de camelôs.

De acordo com denúncias de moradores do local, os criminosos estão cobrando valores iniciais de R$10 mil, podendo chegar a R$60 mil, dependendo do tamanho do terreno a ser utilizado e o lucro que a construção pode gerar. 

Os valores mais altos estão sendo cobrados por terrenos públicos, na parte baixa da comunidade, com visibilidade, inclusive, para a Avenida do Contorno. 

Porém a cobrança não é só para novas construções. Moradores que fizeram obras e expandiram suas casas, inclusive no alto do morro pegando 'pedacinhos' de terrenos da comunidade, também estão sendo obrigados a pagar. Na maioria dos casos, o valor cobrado foi o de R$10 mil. Quem se negou a pagar, perdeu a construção para o tráfico de drogas local. 

"A construção dos moradores não precisa ser nova. Eles estão cobrando mesmo depois de anos. A comunidade não aguenta mais a covardia deles. Até roubos acontecem dentro da favela atualmente", desabafou um morador. 

Além da venda de terrenos públicos, os traficantes implementaram uma espécie de pedágio do crime, dentro do local. Caminhões de entregas só podem realizar o serviço no interior da comunidade se pagarem uma taxa de segurança para atuar na região. Se o valor não for pago, o caminhão fica "preso" no pedágio e a mercadoria é  roubada. 

"Eles estão nos tirando até os serviços básicos ", disse o homem, que não foi identificado para não sofrer retaliação pelos criminosos. 

Conforme as denúncias, um dos filhos de um líder do tráfico que está preso, é quem coordena as ações na comunidade.

A ação, no entanto, assustou os moradores mais antigos. "Sei que não se pode confiar em bandido, mas esse chefão é antigo no crime. Antigamente eles lutavam pelos moradores, agora eles estão tirando dinheiro de quem já não tem nada", disse um outro morador. 

Em 2019, em matéria publicada por O SÃO GONÇALO, a Polícia Civil informou que já investigava denúncias de 'vendas de calçadas' pelo tráfico na comunidade, para que ambulantes instalassem trailers e barracas. 

De acordo com a 78ª DP (Fonseca), as investigações estão em andamento. O líder da organização criminosa foi identificado e será indiciado. Por conta de decisão judicial que determinou suspensão de operações policiais em comunidades do Rio de Janeiro, os agentes não podem ir ao local para realizar perícia.

" A investigação segue em um inquérito instaurado em 2019, onde os chefes do tráfico já estão identificados pela polícia. Se trata de um crime continuado", explicou a Polícia Civil.

A Secretaria de Desenvolvimento do Estado, pasta responsável pelo terrenos estaduais,  não respondeu a solicitação.

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