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Estoquista morto em operação da PM é sepultado em São Gonçalo

Cosme levou um tiro nas costas a menos de 100 metros de casa

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 01 de novembro de 2018 - 06:30
Amigos e familiares protestaram após o sepultamento do rapaz
Amigos e familiares protestaram após o sepultamento do rapaz -

Morto durante uma ação da Polícia Militar, na tarde da última terça-feira, em Guaxindiba, São Gonçalo, o estoquista Cosme de Araújo Aguiar, de 35 anos, foi sepultado no final da tarde de ontem, no Cemitério Parque Nichteroy, em Vista Alegre, São Gonçalo. A polícia aponta a vítima como integrante do tráfico de drogas da favela do Morrão, mas cerca de 250 pessoas clamavam por justiça durante a cerimônia fúnebre. 

Segundo os familiares, Cosme foi atingido por um tiro pelas costas a menos de 100 metros de casa, quando chegava com o filho, de 12 anos, da escolinha de futebol que a criança pratica todas as terças-feiras a tarde. Evitando passar por dentro de uma comunidade para cortar caminho, por achar que seria perigoso, o estoquista fez um caminho um pouco mais longo, que acreditava ser mais seguro, mas foi em vão. 

"Quem costumava levar meu enteado para o futebol, era o meu sogro. Mas como temos uma filha de dois anos e o Cosme estava ficando muito com ela, ele quis levar o menino na escolinha para passar mais um tempo com ele e evitar que o filho ficasse enciumado. Na volta, meu sogro falou para ele passar por dentro do Brejal, que é mais rápido, mas ele achou que seria perigoso e preferiu passar pela rodovia e fazer o trajeto normal, achando que seria mais seguro", explicou a vendedora Sabrina Barros Mendonça, esposa da vítima há seis anos. 

A viúva fala que em todo o sentimento de luto e sofrimento, o que mais dói é ver o marido morrendo como bandido. 

"O que mais nos magoa é estarem acusando ele de bandido, coisa que ele nunca foi. Se ele tivesse como uma vítima de bala perdida, nós de qualquer forma estaríamos sofrendo pela perda, mas ver que ele está sendo tirado de bandido, dói ainda mais. No registro de ocorrência ele não está como vítima, está como autor de um crime. Nós vamos processar o Estado e limpar o nome dele", desabafou Sabrina. 

Familiares esclareceram ainda que Cosme trabalhou durante oito anos como estoquista de uma grande perfumaria nacional e só saiu do emprego recentemente porque a loja onde trabalhava fechou as portas. No entanto, ele estava com uma entrevista marcada para hoje, numa outra loja da mesma franquia. 

"Meu marido era uma pessoa maravilhosa, um pai exemplar, vivia para os pais e os filhos. Ele não bebia, não fumava, não tinha vícios, a única coisa que gostava de fazer, além de estar com a família, era jogar futebol com os amigos. Sempre foi muito trabalhador, nunca correu de trabalho e era um excelente amigo, prova disso, são essas pessoas que estão aqui para se despedir dele", finalizou a vendedora. 

Registro - O caso foi registrado na central de flagrante da 74ª DP (Alcântara), onde Cosme foi autuado com outros cinco suspeitos. Um dos presos foi apontado pela polícia como chefe do tráfico do local, e o outro baleado na ação, um adolescente de 16 anos, foi identificado como o gerente geral do tráfico da região e braço direito do chefão.

Questionado sobre as duas versões para o mesmo caso, o comandante do 7º BPM (São Gonçalo), o tenente-coronel André Henrique informou que “o resultado da operação foi apresentada à autoridade policial. Não temos nenhuma informação que venha da família. Se eles quiserem fazer alguma denúncia sobre o caso, podem procurar o batalhão, a delegacia e até a nossa Corregedoria. A informação que tenho é que um dos homens seria um dos líderes do tráfico no local".

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