'Não haverá politicagem', diz Claudio Castro sobre megaoperação no Rio
O governador deu entrevista coletiva no Centro Integrado de Comando e Controle

O governador Cláudio Castro se pronunciou nesta terça-feira (29) sobre a megaoperação policial realizada ontem nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, que resultou em mais de 64 mortes, incluindo quatro policiais. A ação, considerada uma das mais letais dos últimos anos no estado, envolveu as polícias Civil e Militar, com apoio logístico de blindados das Forças Armadas.
Durante entrevista coletiva no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), Castro afirmou que a operação foi um “pontapé inicial na solução de um problema nacional”, ao se referir para o enfrentamento do crime organizado. Segundo o governador, lideranças de facções criminosas estariam concentradas no Rio, o que, na avaliação dele, impacta a segurança de outros estados.
“Os governadores têm muito a ideia de que grande parte das lideranças criminosas estão aqui, no Rio de Janeiro, e que a solução dos seus estados também passa pelo Rio”, disse Castro.
O governador relatou ter recebido ligações e mensagens de solidariedade de chefes de Executivos estaduais, entre eles Tarcísio de Freitas (SP), Ronaldo Caiado (GO), Jorginho Mello (SC), Eduardo Leite (RS), Helder Barbalho (PA) e Ibaneis Rocha (DF). Segundo Castro, as ofertas de ajuda serão avaliadas “de forma técnica” pelo secretário de Segurança Pública.
“Não haverá politicagem em mandar simplesmente policial pra cá. Caso a gente entenda que precisa de ajuda, elas serão definidas de forma técnica, correta e baseada na necessidade”, declarou.
Questionado sobre o apoio do governo federal, Castro destacou a colaboração recente da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Ele elogiou o superintendente da PF no Rio, Fábio Galvão, e citou duas operações conjuntas: uma que desmantelou uma fábrica de fuzis em São Paulo e outra que bloqueou bens de criminosos com participação da Polícia Civil fluminense.
Atualmente, cerca de 200 agentes da Força Nacional atuam no estado, com foco em estradas federais e no combate ao roubo de cargas. De acordo com Castro, para a operação de segunda-feira, não houve participação direta da PF ou da PRF, pois “não era uma investigação na qual eles estavam envolvidos”.

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Sobre o uso de blindados da Marinha, o governador explicou que os veículos foram solicitados por questões estratégicas.
“O blindado da Marinha tem capacidade de passar por cima das barricadas, e aquilo era fundamental para que o policial não fosse alvo de uma situação privilegiada dos traficantes. Não é vontade de usar blindado, é técnica e estratégia”, afirmou.
Castro também esclareceu que os estados não podem adquirir diretamente esse tipo de veículo, por serem de uso exclusivo das Forças Armadas.
A operação teve como objetivo prender lideranças de facções envolvidas em confrontos recentes e ataques contra forças de segurança. Segundo o governo estadual, dezenas de armas foram apreendidas, entre elas fuzis, pistolas e granadas.
Apesar do alto número de mortos, o governador classificou o resultado como positivo do ponto de vista operacional.
“Foi um sucesso ontem. Tirando a vida dos policiais, o resto da operação foi um sucesso. A gente não fica chorando, a gente trabalha”, disse Castro.
A Secretaria de Estado de Polícia Civil (Sepol) informou que as investigações seguem em andamento para identificar os mortos e determinar as circunstâncias das mortes. O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) também acompanha o caso.