Operação Blasfêmia: Profeta é acusado de liderar esquema de estelionato religioso em SG e Niterói
Segundo o MP, ele é acusado de aliciar menores e movimentar R$ 3,3 milhões em contas de terceiros

O esquema de estelionato religioso desmantelado nesta quarta-feira (24) utilizava contas bancárias em nome de terceiros para dificultar o rastreamento das movimentações da grande quantidade de dinheiro recebido a partir das doações. Além disso, a denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) confirma que pelo menos sete menores foram aliciados pelo grupo.
O grupo era liderado por Luiz Henrique dos Santos Ferreira, conhecido como "profeta Henrique Santini", que possui mais de 8 milhões de seguidores em suas redes sociais. Segundo a denúncia, ele divulga diariamente promessas de milagres voltados à vida financeira e afetiva dos fiéis e disponibiliza um número de telefone para interessados entrarem em contato direto com ele em busca da resolução de seus conflitos.
Leia também:
São Gonçalo realiza mais um leilão de veículos
Obras no Parque RJ São Gonçalo estão entrando na reta final
De acordo com o MPRJ, no entanto, o chamado “atendimento espiritual” fazia parte de um esquema de exploração financeira da fé. Dezenas de vítimas acreditavam estar falando diretamente com Henrique Santini, mas, na verdade, eram atendidas por operadores que se passavam por ele, utilizando áudios previamente gravados, muitos dos quais incluíam pedidos explícitos de doações em dinheiro. Ainda segundo a denúncia, os atendentes contratados não possuíam qualquer autoridade religiosa.

Esses funcionários do call center eram remunerados por comissão, de acordo com o valor arrecadado. Aqueles que não atingiam as metas estabelecidas eram dispensados. A denúncia também destaca que, além dos adultos, pelo menos sete adolescentes foram aliciados para participar do esquema.
As investigações revelaram que o grupo mantinha uma estrutura sofisticada de telemarketing religioso, instalada em escritórios de call center em São Gonçalo e em Niterói, que contavam com cerca de 70 atendentes contratados por meio de anúncios na plataforma OLX. Ainda segundo a denúncia, o "profeta" e seu grupo movimentaram mais de R$ 3,3 milhões, demonstrando a dimensão financeira da operação criminosa.
Ainda segundo as investigações, os valores pagos pelas vítimas variava de acordo com o tipo de oração. Por causa da grande quantidade de arrecadações, o esquema utilizava uma rede de contas bancárias registradas em nome de terceiros, assim, dificultando o rastreamento das movimentações bancárias.
A ‘Operação Blasfêmia’ apreendeu 52 celulares, 6 notebooks e 149 cartões pré-pagos de telefonia móvel. A perícia do material atestou que a organização do grupo criminoso já fazia vítimas em todo o país.
Com base nos elementos colhidos, o MPRJ obteve a decretação de sequestro de bens e o bloqueio de R$ 3,3 milhões das contas bancárias do denunciado e de seis empresas vinculadas. A promotoria também requereu à Justiça a fixação de valor para reparação das vítimas e a condenação dos denunciados ao pagamento de danos morais coletivos.
A defesa do pastor Henrique Santini não apresentou posicionamento oficial até a publicação desta matéria.
* Em atualização