Polícia prende falso empresário de Niterói com mais de 300 empresas fantasmas
Ex-oficial da Marinha Mercante movimentou mais de R$ 2 bilhões com empresas falsa; criminoso já usou mais de 30 identidades diferentes

Um ex-oficial da Marinha Mercante acusado de movimentar mais de R$ 2 bilhões com empresas fantasmas foi preso pela Polícia Federal em Niterói. Identificado como Jobson Antunes Ferreira, o homem, de 63 anos, foi capturado em um condomínio de luxo em Piratininga, na Região Oceânica; ele é apontado como um dos maiores estelionatários em atividade no país, com cerca de 334 empresas falsas.
De acordo com as denúncias investigadas pela Polícia Federal, Jobson é apontado como responsável por centenas de crimes de estelionato ao longo das últimas duas décadas. Seu primeiro caso teria ocorrido em Itaipuaçu, em Maricá, no início dos 2000. De lá para cá, ele já foi associado a mais de 30 identidades falsas e diversos CNPJ diferentes usados na prática dos crimes.
A investigação aponta que Jobson contava com o apoio de gerentes de bancos públicos e privados e de contadores de empresas para realizar o crime. Os contadores diziam para os antigos sócios que tinham dado baixa nas contas de uma empresa e, em seguida, ajudavam Jobson a transferir o CNPJ para o nome de um “laranja” recrutado pelo criminoso.
Leia também:
➢ Prefeitura e Polícia Civil desarticulam maior centro de receptação da Zona Sul de Niterói
➢ Dois jovens são executados a tiros no Porto Velho, em São Gonçalo
Segundo a PF, Jobson chegou a ter moradores de rua listados como sócios de empresas. Alguns dos endereços escolhidos chegaram a contar com o registro de 30 empresas diferentes do mesmo ramo. Para os laranjas e gerentes que o ajudavam, o ex-oficial oferecia benefícios financeiros. A esposa do acusado, identificada como Cláudia Márcia, também é acusada de participar do esquema e de ajudar na confecção dos documentos falsos.
O esquema foi desmantelado em operação da Polícia Federal baseada em uma série de investigações recentes. Jobson já havia sido preso por estelionato no ano passado, mas conseguiu o direito de cumprir a pena de casa, usando tornozeleira eletrônica, desde novembro do ano passado. Ele voltou a ser preso na última quinta (21); segundo policiais, ele não resistiu inicialmente à prisão, mas tentou oferecer suborno a um agente depois.
Em nota ao programa “Fantástico”, da Rede Globo, o advogado de defesa do suspeito e sua esposa afirmou que “os acusados não cometeram os crimes imputados a eles e que a inocência dos dois será comprovada no decorrer da instrução processual”. Já a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) disse que “repudia qualquer envolvimento de funcionários de bancos em ações criminosas” e que realiza “treinamentos periódicos com seus funcionários para que identifiquem e reportem transações suspeitas”.