Vídeo: Ostentação de armas em show no Salgueiro com participação de Oruam gera debates
Imagens geraram repercussão nas redes sociais

Imagens que circulam nas redes sociais desde o último fim de semana mostram homens armados ostentando fuzis e pistolas durante o show do rapper Oruam, no evento “Caldeirão da Síria”, realizado entre a noite de sexta-feira (23) e a madrugada de sábado (24), no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo.
A apresentação, que contou com a participação de outros artistas, transcorreu sem registros de tiroteios, brigas ou outros episódios violentos. Ainda assim, a presença ostensiva de armamento pesado entre o público chamou a atenção e gerou apreensão entre moradores e frequentadores da comunidade.
Os vídeos evidenciam a presença de traficantes portando armas de grosso calibre em meio à plateia, sem qualquer tentativa de se esconder. O episódio reacendeu discussões sobre a segurança em eventos realizados dentro de comunidades e trouxe novamente à tona o debate sobre a relação entre manifestações culturais e o crime organizado.
Rapper já foi preso e é alvo de polêmicas
Oruam, nome artístico de Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, de 23 anos, acumula mais de 13 milhões de ouvintes mensais nas plataformas de música, mas também coleciona episódios polêmicos. Ele é filho de Marcinho VP, apontado como um dos principais líderes do Comando Vermelho, preso desde 1996. Em março de 2023, o rapper se apresentou no festival Lollapalooza, em São Paulo, vestindo uma camiseta com a imagem do pai e a palavra “liberdade”, o que gerou grande repercussão.
Mais recentemente, Oruam foi preso no Rio de Janeiro, durante uma operação policial em sua residência no bairro do Joá, Zona Oeste da capital. Ele era investigado por disparos de arma de fogo em um condomínio em São Paulo e acabou sendo autuado por favorecimento pessoal, após a polícia encontrar em sua casa o traficante Yuri Pereira Gonçalves, foragido por envolvimento com organização criminosa.
A repercussão em torno do rapper chegou ao Legislativo paulista. Um projeto de lei, apresentado pela vereadora Amanda Vettorazzo (União Brasil), pretende proibir a contratação de artistas que façam apologia ao crime ou ao uso de drogas em eventos promovidos pelo poder público. A proposta ficou conhecida como “Lei Anti-Oruam”.
Apesar de o nome do artista não constar no texto oficial, a parlamentar divulgou o projeto com imagens e menções diretas ao rapper, e ainda criou um site com o nome “anti-Oruam”, incentivando vereadores de outras cidades a apresentarem propostas semelhantes. Segundo Vettorazzo, o projeto já foi protocolado em mais de 80 municípios, incluindo 18 capitais.
A proposta foi aprovada na Comissão de Constituição, Justiça e Legislação Participativa da Câmara Municipal de São Paulo e agora seguirá para outras quatro comissões: Administração Pública; Educação, Cultura e Esportes; Saúde, Promoção Social, Trabalho e Mulher; e Finanças e Orçamento.
De acordo com a vereadora, o objetivo da lei é impedir o uso de recursos públicos em apresentações que, segundo ela, incentivam comportamentos criminosos. A proposta, no entanto, é alvo de críticas de especialistas e parlamentares que a consideram discriminatória e inconstitucional.
A vereadora Silvia da Bancada Feminista (PSOL), que votou contra a medida, afirmou que o projeto “tem um verniz protetivo às crianças, mas é preconceituoso e discriminatório com a cultura das periferias e favelas”. Já o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), saiu em defesa da proposta e negou que a medida seja um ataque ao rap ou ao funk, alegando que o projeto se refere especificamente a indivíduos que fazem apologia ao crime.
Para especialistas em sociedade e segurança pública, a exibição de armas durante eventos culturais em comunidades é uma realidade preocupante que coloca em xeque tanto a segurança quanto a liberdade artística.
As autoridades locais ainda não se manifestaram sobre os vídeos, e até o momento não há informações sobre investigação em curso relacionada à ostentação de armas no evento.
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