"Eu te amo, filho", dor e revolta marcam o enterro de jovem morto pela PM em São Gonçalo
Após sepultamento, a família realizou uma manifestação pacífica

Foi enterrado na manhã desta quarta-feira (05) o corpo do jovem Raphael Luiz da Silva, de 22 anos, morto durante uma ação policial, em Santa Izabel, São Gonçalo. O sepultamento aconteceu às 10h, no Cemitério Parque da Paz, no Pacheco, e foi acompanhado por mais de 150 pessoas.
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Extremamente abalada, a mãe do jovem falou com a imprensa durante a despedida do seu filho. "Meu filho é trabalhador, ele nunca foi bandido. Eu quero justiça. Porque esses policiais matam os filhos da gente? Eles não podem matar trabalhador assim. Eles não deveriam me fazer sentir essa dor que estou sentindo. Eu criei meus filhos trabalhando honestamente. Meu filho era trabalhador. Se quiser eu mostro carteira de trabalho, contracheque dele", disse Cristiane Mota, mãe do jovem.
Amigos e familiares usaram uma camisa com a foto do jovem em homenagem a ele. Raphael, que trabalhava como polidor e lavador de carros, desde os 13 anos na mesma empresa.

“O Rafael trabalhava comigo desde os 13 anos de idade. Um menino exemplar, amado por todos. Por toda a nossa equipe, querido pelos clientes. Ele nunca se envolveu com nada errado. Ele faz parte da minha família, convive comigo, com meus sobrinhos, meus filhos. O que aconteceu com ele foi uma fatalidade. Ele estava no lugar errado e na hora errada, e com isso acabou pagando com a própria vida", disse Jorge Elias, de 39 anos, primeiro e único patrão que o jovem teve.

Carregando a carteira de trabalho e o contracheque do filho, Cristiane questionou a situação atual da violência no País. "Que mundo é esse que a gente está vivendo? Meu filho trabalhador. Trabalhava de segunda a segunda. Meu filho sempre foi querido. Olha quanta gente aqui ama ele. Como pode um trabalhador ganhar um tiro pelas costas de fuzil?", finalizou.
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Após o sepultamento, amigos do jovem seguiram em motos até a Praça de Santa Izabel, onde abriram cartazes e pediram justiça. A manifestação pacífica aconteceu quase em frente a 4° Companhia Destacada da PM.
Sobre o caso, a assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que um procedimento apuratório interno foi instaurado, a Corregedoria Geral da Polícia Militar acompanha a apuração do caso e a Corporação colabora integralmente com o procedimento investigativo a cargo da Polícia Civil.