Depois da guerra, barricadas 'tiram o sono' de moradores na Alma

Moradores do Complexo da Alma, no bairro Amendoeira, em São Gonçalo, denunciam que a região se tornou um local difícil de se viver desde a guerra entre facções, que aconteceu entre 2020 e 2021, até os dias atuais. Além do medo e insegurança causados pela incerteza de quando haverá uma nova troca de tiros, os moradores contam que perderam o direito de ir e vir com as inúmeras barricadas espalhadas pelo complexo e também relatam transtornos causados pela realização dos bailes funk na comunidade. 

Segundo um morador da região, o bairro está completamente cercado por barricadas, o que prejudica o ir e vir não só dos moradores, mas dos comerciantes, que já não querem mais entregar produtos na localidade. 

"O bairro está repleto de barricadas, no qual todas as vias de acesso, sem exceção, encontram-se bloqueadas. Tanto veículos longos, como caminhões, quanto veículos de menor porte, como carros de passeio, estão impedidos de entrar na comunidade. Desta forma, diversos serviços públicos deixaram de ser prestados, consequentemente, o bairro, que nunca foi bem estruturado, encontra-se cada vez mais aos escombros.", disse o morador que preferiu não se identificar com medo de represálias. 

Ainda segundo o morador, outro problema são os constantes bailes funk que acontecem no bairro e, além de tirarem a noite de sono dos moradores, causam transtornos aos que precisam sair de casa de manhã na segunda-feira para trabalhar. Por conta dos bailes, que acontecem nas noites de domingo e adentram a madrugada das segundas, as conduções são suspensas em algumas ruas, fazendo com que alguns moradores tenham que andar quase 2 quilômetros para pegar o ônibus.

"Devido aos bailes de funk que iniciam, preferencialmente, aos domingos à noite, as linhas de ônibus são suspensas às segundas-feiras de manhã, uma vez que nesse horário ainda está ocorrendo o evento promovido pelos traficantes.", contou. "Desse modo, os moradores que trabalham em Niterói, por exemplo, são impedidos de se dirigirem ao seu trabalho, a não ser que se locomovam por cerca de 2 a 3 km para pegar o ônibus fora da comunidade, ou outra linha.", completou.

A comunidade também está repleta de pontos de venda de drogas. Os moradores se sentem encurralados pelos criminosos, que, segundo eles, mandam e desmandam na localidade. 

"Nós nos sentimos revoltados, porque é uma situação estressante, impotentes, porque nos sentimos acorrentados à quem detém a violência, enquanto as autoridades públicas nada fazem.", concluiu.

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A Polícia Militar, em nota, informou que "as ações para remoção de obstáculos colocados em vias públicas ("barricadas") são planejadas seguindo informações oriundas de denúncias e do Setor de Inteligência, sendo respeitadas as determinações atualmente vigentes e contando com o apoio de órgãos de outras esferas do poder público que contam com maquinário adequado para retirada de tais artefatos. O 7ºBPM (São Gonçalo) emprega ações de ostensividade na região, de forma dinâmica e alinhada com os dados da mancha criminal. O patrulhamento está nas ruas trabalhando para prevenir e coibir tais práticas que impedem a livre circulação das pessoas".

Recentemente, o 7ºBPM (São Gonçalo) e a prefeitura de São Gonçalo têm unidos forças para retirar os bloqueios de vias em importantes bairros na cidade. O trabalho em conjunto já passou pelos bairros Lindo Parque, Rocha, Jardim Catarina, Guaxindiba, Mutuapira, entre outros.